segunda-feira, 26 de janeiro de 2009

Aumenta o som, então.


não deixa o silêncio chegar, não.
Que o silêncio faz pensar e eu não quero ouvir o que ele tem pra me dizer.
Aumenta o som então, que à noite é bem mais fácil ele se instalar e doer e eu não quero dar espaço pra angústia que ele dá.
Por isso, deixa que eu me perca entre as pessoas, entre as músicas da festa deixa eu me embriagar da confusão de movimentos, pra impedir de me bater a solidão.
Entre as luzes coloridas,piscantes, nada fica nítido. As palavras, as lembrabças e o coração no ritmo da música.
Eu sem sentir o corpo, como se fosse só um coração( e talvez seja) que bate alto e forte dentro do peito.
A batida, a levada, o barulho. Colada no Dj peço "Mais alto, mais alto".
Os sorrisos, as palavras, a música. Velocidade. Eu quero sempre mais.
Não quero dormir, não quero parar. e a madrugada corre ligeira no meu relógio de pulso, mas na pista não. Na pista não tem hora, se pensa, não tem tempo. enquanto não raiar o dia e o som continuar no máximo volume.
É como uma fuga. E de que? De toda a angústia que traz a calmaria e eu quero mais que tudo, me perder na confusão.
Manter o corpo no ritmo e colada à caixa som, grito sem ouvir a própria voz "Mais alto, mais alto".
O dia apresenta os primeiros rastros de vontade de querer nascer, contrariando minha vontades, e mesmo sem poder impedir, eu corro, grito, fujo. Não quero silêncio, não quero pensar. Mas pra quem quer fugir do mundo, a música NUNCA é alta o suficiente.

quarta-feira, 14 de janeiro de 2009

Melhor do que somos


Se eu te der bola, vai me achar mais uma. Se a gente continuar se vendo até se tornar rotina o que eu te digo, vai me conhecer, e ver o que realmente existe, quando quebrar o seu encanto.Se eu disser que eu realmente quero. Sem rodeios, sem meias palavras, eu vou perder a graça aos poucos, até virar mais um número que um dia você discou no celular.E se eu dançar na sua frente, sem ter mais que fingir que não é pra você olhar, que eu não me esforço pra você me notar, e que não me exalto quando você diz que não há como olhar pra mais ninguém.E se eu desfizer o charme que eu forço, aquele personagem, o qual você notou e for eu, pura e simplismente, vai perder a adrenalina de quando a gente se encontra, por acaso, em uma esquina e se beija como se nunca mais fosse acontecer.Sabemos ambos que aquilo nos faz bem, sabemos ambos que queremos mais, e que se formos nós mesmos, sem as máscaras que vestimos um pro outro, não vamos nos querer nem um minuto mais.Ou vamos nos amar por um ano inteiro,ou dois, manter um namoro convencial, até murchar aquilo que sentíamos e com os anos nos tornarmos meros conhecidos que se perderam entre cartas e encontros casuais.Então melhor fingir o que não somos, pra manter o habital mistério e nos desejarmos do mesmo modo fulgaz e ignorante, de quem se conhece anos e não sabe o sobrenome.Vamos falar poesia, música, e nos sentirmos, cada parte, cada segundo, e se perguntar da vida, "vai bem" e nada mais.trocamos os novos telefones, e eu olho e até penso em ligar. Mas melhor nos deixar com o destino, quando for o caso da gente se encontrar. E vamos continuar fingindo, que nos gostamos desse jeito que brincamos de ser.
"Amanhã não vou te procurar, e você vai me achar, melhor do que sou"

Pra a gente não ouvir.


- Se existe carnaval fora de época, pode existir amor de carnaval fora de época?
Ele riu da minha ingenuidade e da minha cara de boba ao olhar pros seus olhos.
- Já te falei do meu problema com abraços?
- Já.
Me abraçou.
- Já te falei do meu problema com sorrisos?
- Já.
E me sorriu.
- Já te falei do meu problema com sotaques?
- Oxe,já.
Era de propósito, era demais pra mim. eu e meu problemas, eu e meu maior problema. Essa facilidade pra me apaixonar. Basta um abraço aconchegante, um sorriso bonito, e aquela química que já tinha acontecido, desde o primeiro olhar.Eu ia embora, eu sabia. E meu coração já saturado de confusões, não precisava de mais uma emoção que eu tinha certeza, ia doer. Mas agora eu estava com ele alí,"bem abraçadinho", como ele costumava dizer, sentindo o cheiro gostoso que vinha do seu pescoço
Ah, eu também tenho problemas com perfumes e com histórias improváveis e com tendência forte pra serem impossíveis. E ele reunia todos os meus problemas.
-Já te falei do seu problema com o mar?
quase nunca entendia de cara o que ele me perguntava, tinha sempre um jeito mais arrastado e com mais poesia de dizer as coisas.
- Deixa você mais bonita.
Ele sabia me dizer o mais clichê, da maneira mais linda, com as palavras certas, na hora certa. E não era só o que dizia, mas o jeito de verdade que as palavras dele tinham. Que verdade boa, o que ele me dizia. Que verdade boa ele existir e me falar daquele jeito.
De novo mais problemas.
- Podemos ir à Porto, podemos ir à praia de boa viagem, ao paço, ao Marco Zero...
- Só temos mais algumas horas.
- temos a eternidade.
E aquela maneira de falar da vida como se fosse uma brincadeira, e as coisas, e o tempo e o espaço, que pra ele pareciam ser de uma outra dimensão.Ou simplesmente ele era um bobo, e eu ainda mais.
- Eu vou embora.
Me abraçou mais forte.
- Olha o sol se despedindo, olha como é lindo visto daqui.
Eu vou embora, eu vou embora, eu vou embora. Só pensava nisso. E o sol parecia me dizer, e as primeiras estrelas que apareciam me apressavam.
- Eu vou embora.
- Xiiiu!
Me calou.
- Não deixa que a gente ouça.