quarta-feira, 30 de dezembro de 2009

Somente só

Existem coisas que eu só posso ser quando estou sozinha, coisas que eu não sei fazer ou ver sob os olhos dos outros.
Características, reflexões, expressões, olhares! Manias, vícios, personalidades... Como se existisse outra Clara que só se revela pra mim mesma, no auge da minha solidão.
Talvez por isso eu goste tanto de estar só.

No máximo, na companhia do meu espelho. Para quem eu conto histórias, sorrio, jogo charme, choro... Tenho as mais distintas reações! Existe uma porção de mim, talvez a melhor, que em um ato egoísta, eu deixo escondida.
Eu canto muito quando estou sozinha. E protegida sob as minhas paredes, acho que sou muito boa. Mas a possibilidade de mostrar aos outros, me envergonha, logo passo a me criticar.

Aquela que eu mostro só pra mim, é corajosa e determinada. Destemida, enfrenta, encanta, exalta.
Olho no espelho e me lanço olhares que me emocionam, me seduzem, me traduzem, me impressionam. Como eu gosto disso que sou solitária!

Escrevo coisas que leio só pra mim, só pra essa pessoa que ninguém conhece. Acho que são as mais bonitas, as mais profundas. Então por que não consigo e nem quero mostrar a ninguém?
E como danço! Desenvolta, sem temer a nada! Sou capaz de dizer (sozinha, e apenas sozinha) que enfrento tudo, sem espadas ou escudos.
Sorrisos dos mais sinceros, e lágrimas, das mais sagradas. Tudo o que vem de mim, nessas atividades solitárias, vem da alma, é ilustre!

Mas se escuto passos, ou a porta se abrindo. (Meu Deus do céu, por que é que nunca batem na porta?), logo essa mulher tão articulada e livre murcha, se quebra em mil pedaços...
Passo a ser a menina amarrada, frustrada, observada, em cacos...

terça-feira, 29 de dezembro de 2009

Bonita

Cabelo curto, pra mim, sempre foi coisa pra mulher bonita. Pra mulher muito bonita!
Na minha cabeça, o cabelo seria capaz de moldar e ajustar melhor um rosto feio ou 'mais ou menos', como o meu. Na minha concepção, a solução pra quem não era extremamente bonita, seria cultivar longas madeichas.
E assim fiz, desde sempre.
Mas o cabelo foi se tornando parte da minha personalidade, do meu jeito de falar, de ser. Minha irmã me falou que eu sou a única pessoa que ela conhece que fala com o cabelo.
Sempre foi doloroso me tirar dedos, fios, cortar qualquer pedacinho que fosse da minha adorada cabeleira. Passei a achar que sem meu cabelo, eu estaria sem um pedaço de mim, seria uma completa estranha. Essa proposta me assustava, e sem pensar muito, eu negava essa possibilidade.
De uns tempos pra cá a ideia de mudança foi rondando a minha cabeça, até se tornar concreta. Um desejo. Ou mais que isso, uma meta. A ideia de tirar parte de mim, deixou de ser assustadora, mas agradável e desejada. A possibilidade de mudança antes tão sofrida, agora tão querida e esperada. Era a hora!
A vontade que foi crescendo dentro de mim, me fez esquecer o medo de parecer ridícula, o medo de não possuir a beleza necessária para ter cabelos curtos. Ainda um pouco temerosa, mas cheia de entusiasmo para a nova Clara que eu queria ver em mim, indiquei a altura desejada à cabelereira, que sem pena, retirou de mim (de uma vez só), quase a metade. Um grito (de animação e ansiedade) foi contido.
Fechei os olhos e apertei forte a minha própria mão, até estar tudo pronto.
Olhei o espelho, passei as mãos sobre os meus fios, um sorriso se fez sem esforço.
"Como é bom não ter cabelo"
Satisfeita com o que vi e com o que daqui pra frente, eu imaginei que seria.
Estranhamente, me senti corajosa e bonita. Bonita como aquelas mulheres de cabelo curto.
Mal posso esperar para ouvir os comentários: "O que você fez com seu cabelo, sua louca?!"

quinta-feira, 10 de dezembro de 2009

De bico calado

Tão difícil que eu me cale. Eu que falo demais, que exponho demais, que tagarelo, que me expresso pelos cotovelos...
Tão difícil que eu consiga frear minha ansiedade, meu ritmo acelerado de sensações e pensamentos.
Calei, silenciei...
Talvez por não saber dizer, talvez por não ter o que falar.
Definitivo? Nem pensar.
Tempo de uma semana, eu diria. Quem sabe uns três dias. Inconstante como sou... Pode ser amanhã.
Vamos viver assim dia após dia.
E começando por hoje eu vou ficar quietinha. Calada, caladinha...

sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Cor de sonho


O azul mais uma vez coloriu um dia cinza.
Nunca tinha reparado quantas variações essa cor pode ter
"Um sentimento monocromático? uma limitação" , Que nada!
Minha aquarela azulada contém um degradê infinito.
Nesses nuances de claro, escuro, marinho, anil e petróleo
e outros tantos que eu nem sei (e nem preciso) nomear,
Me sinto colorida como nunca.
Azul de céu, de mar, de sorriso, de coração.
Desde criança, azul pra mim é cor de sonho
Toda a aquarela pra viver e essa cor em especial, pros devaneios.
Ele surgiu, cobriu ligeiro e delicado todo o cinza, com seus muitos tons.
Mas e agora que é tudo azul?
Ah, amor, agora é sempre tudo sonho...

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Correspondência

Lembra quando eu deitava no seu colo e ficava reproduzindo os seus batimentos cardíacos? Eu sorria e dizia que não sabia decifrar o que ele falava, mas parecia que à todo instante, queria conversar.
Sempre te olhei diferente do resto das pessoas, você sabe. Nunca deixei falarem mal, nunca permiti uma observação descuidada, nunca acreditei nas tantas balelas que ouvi.
Havia alguma coisa de confusa naquele coração, confusão que eu nunca consegui entender, mas abracei de qualquer forma.
Às vezes eu me perguntava se não era uma aventura grande demais pra mim, se eu realmente queria aquele turbilhão. Porque no fundo, eu sempre soube que era um daqueles alpinistas suicidas, dispostos a escalar o monte everest. Eu quis!
Eu queimo, sabe ?  Sou auto inflamável. Você foi o combustível certo para a minha total combustão.
Minha amnésia sentimental me apagava as saudades, as frustrações, as inúmeras horas desbeijadas, o frio sentido longe do seu abraço.
Boba, burra, inconsequente, seja lá o que fosse a minha vontade
ela nunca precisou dessas classificações.
Você sorria e eu tinha certeza de que eu queria mesmo era aquela sensação de deslumbramento diante do que a gente não entende.
Sabe aquela coisa de criança quando olha para o céu e tenta procurar o fim, ou o porque de tão bonito? A ignorância, o fascínio diante do mistério. Uma coisa única para se sentir.
Pretensiosamente, sempre me achei diferente dos demais pra você, e sempre achei que você fosse diferente dos demais comigo, como se tivesse coisas que a gente só pudesse ser olhando nos olhos um do outro.
Quanta arrogância a minha, achar que tenho assim tanta importância.
Nunca soube compreender o que você dizia com os olhos. Mas como acompanhei os seus silêncios!
Seu coração, sua saudade, suas vontades...Tudo que me chamasse, eu ia! Não me arrependo dos incendios provocados.
Eu nunca soube como proceder.
Se era enfrentar o minotauro com as minhas espadas e escudos, se era derrubar o gigante com a sutileza de golias, aquele tal pulo do gato eu nunca soube dar. Aceitei... Até a lua, com a sua beleza toda, guarda um dragão. Não é o que dizem?
No ranking das conquistas, nunca fui primeiro lugar. O pódio, o prêmio, a competição nunca me fez bem.
Larguei de mão esse negócio de querer vitória. Que vitória, afinal?
Deixei correr frouxo, é o que alguns dizem. Fui nobre e correta, já disseram também. O que eu penso? Não sei. O que importa? Já fiz...
E você o que pensa? Ah, tão difícil saber!
Quis e quero estar do seu lado nas conquistas, nas dores, nas perdas, nas alegrias, nos sonhos, nos desejos, até nos desvios, até nos furacões. E fiz o que pude, ocupando o espaço que me cabia, que eu achei que me cabia. Talvez eu pudesse mais, talvez se eu tivesse invadido menos.
Detesto talvez, detesto as mil possibilidades que tudo tem. Não escolher nenhuma delas é o que escreve essas palavras.
E se eu tivesse largado tudo que estava fazendo e ido atrás de você, faria alguma diferença?
Te ver, te ter, te amar... Por quanto tempo?
Eu falar o que eu penso, deixar pra lá o que eu sinto, tem alguma relevância?
Perdoar os seus erros, aceitar suas desculpas, vai mudar alguma coisa?
Eu estava aqui o tempo todo, só você não viu.
Você me esfria, você me esquenta. Sua dose de oxigênio é às vezes vital, levanta fogo, outras vezes, provoca combustões violentas, e tantas outras, sua indiferença me manda jatos estúpidos de água, capaz de apagar tudo que estava inflamando.
Você declara tanto lamento, tanto arrependimento. Como se alguma coisa nessa vida fosse definitiva!
E o que te falta pra ficar feliz? (Eu?)
Que pilhéria! Eu estou aqui.
Falta o que sempre faltou, suas respostas.
Eu te amo no escuro.  Não me choque com lâmpadas de muitos voltz, minha fotofobia não seria capaz de absorver. Me guie à meia luz, de lamparina, à luz de vela ou de abajour.
Que muito claro e muito escuro, eu não consigo entender.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Mergulho

Tinha olhos claros. "Que belos olhos!"
Verdes ou azuis? A dúvida me perturbou.
Lembrava claramente do seu cheiro, do seu sorriso. Do formato dos seus olhos e do seu olhar. Mas e a cor?
Verdes! ... ou azuis?
Um pescador desses que contam histórias, me disse que entrar no mar é ver as cores desaparecerem.
A primeira cor a sumir é o amarelo, mais fundo, o vermelho. Até o verde se juntar com o azul e desbaratinar até mesmo as sereias mais formosas.
Não sei que cor tinham seus olhos naquela noite, mas agora têm essa cor de mar quando se mergulha fundo. Bem fundo...

domingo, 15 de novembro de 2009

Monocromático



Inspiração de "500 dias com ela"

Acredito na palavra escoteira
 que, com cuidado
 me impediu de sambar na cadeira
Que me guiou gentilmente para casa
e me disse que meus olhos são bonitos, também,
 mesmo sem o colorido dos seus.
Acordei frustrada sem a lembrança do sonho
Sonho acordada, então.
Toda prosa, não.
Poesia, arte maior, veio me visitar.
Uma firmeza estranha, à despeito do álcool
Uma tontura boa, à efeito do beijo
Quanta besteira exposta em linha ritmada,
que olhos bonitos refletidos nos meus!
Me despeço da obrigatoriedade das rimas
não lembro mais como se conta métrica
Aliás, tanto faz, coração.
No turbilhão colorido das minhas sensações
esse sonho acordado e monocromático...Azul.
Fotografia de cinema, estilo, estética.
O pra sempre contém os 500 dias otimizados naquela sessão?
Palavra escoteira, eu acredito.
Não solta ainda da minha mão.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Cadernos, chicletes e cordões.




Peça: Cadernos, Chicletes e cordões.
Dia 18/11, quarta feira que vem, no teatro Solar de botafogo (General Polidoro, 180) às 20 h.
VENDA ANTECIPADA.
R$ 10, 00.

Você nãaaaao pode perder.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Avante como gente grande!

Letras
A jovem Clara Moreno, filha do humorista João Claudio Moreno com a cantora piauiense Patrícia Mellodi, vem se revelando um talento na arte de literatura. Com apenas 15 anos, ela que já lançou um livro sobre seu pai, mantém atualizado o blog Avante com as Letrinhas, que traz textos maravilhosos.

Coluna Do Péricles Mendel (jornalista piauiense)

Vejam o site!
http://www.cidadeverde.com/periclesmendel.php

Ter pais conhecidos faz a gente inevitavelmente aparecer, mas aparecer como filha. Aparecer como pessoa é sempre muito bom. Não nego o pedigree, mas eu e o avante não estamos nos aguentando. haha
(Assim ficaremos metidos! Rs! )

domingo, 8 de novembro de 2009

Sem querer, querendo.

O meu querer mora no caos de onde emergem essas palavras, impulsionando este vulcão a erupir. Meu líquido sintático é quente, minha lava sentida. Esmagando meu ego leonino, minha organização interna de virginiana, que eu nem tenho tanto.
É livre e completo, me desobriga a entender. Te quero porque te quero, porque não me empenho a não querer.
Não tem amarras, não tem rodeios, não tem limite nem pretensão. Não quer ser maior, não quer ser melhor, nem se esforça pra ser. Apenas é e aceita sua existência desarmônica.
Rejeita as possibilidades de algemas ou de fugir da sua naturalidade. Não se impõe um não, não se julga(não por muito tempo) Te quero porque te quero, em desrespeito ao direito que me é negado ter. Mas é sem vergonha esse querer libidinoso. Mora na alma mas é muito menos abstrato. É real, carnal, quase palpável.
Nessas erupções vulcânicas, meu caldo caloroso se espalha entre os meus poros, entre a razão e a emoção. Sem falar no corpo, enxarcado por esse magma sentimental.
A razão ejeta, se nega. A emoção pondera, faz concessão. Mas o corpo é primitivo, se entrega. Até meio burro talvez, te quer de qualquer jeito.
A espontaneidade abre chance pro erro, me permito. O coração é a sede da coragem, e às vezes tenho a impressão de ter dois ou três corações espalhados pelo corpo. Em silêncio, posso ouví-los palpitar.
A liberdade é uma ferramenta destemida e abrangente. Fico submetida aos vícios e virtudes do dualismo da minha alma (que vista de determinados ângulos, tem muito mais do que três dimensões), como quem recebe uma brisa fria com o peito descoberto, e gosta.
O choque térmico dessa sensação me desbaratina. Há a bandeira branca, hasteada em função de paz; Há o carnaval, cheio de cores e canções, mas há também o meu deserto ensolarado, a água congelada dos meus pólos e transito entre eles em questão de segundos. A velocidade do querer supera em muito a da luz.
Hedonista, o meu prazer só tem umbigo(embora fale por todo o resto). Desconhece moral, acha ética bobagem, o certo e o errado nunca soube distinguir, duvida até da existência. Querer ateu. Agnóstico, alivio.
Tenho todas as razões menos uma para não querer. Cálculo das probabilidades, uma pilhéria confirmada!
Contrario o que se espera, desrespeito os limites, ultrapasso ilegalmente as barreiras do desejo. Não sei dizer e digo, não sei amar e amo.
Não sei querer, não sei sentir, não cumpri o protocolo da entrega, mas me sinto sua, me entrego nua e te quero mesmo.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Menina Nina e o espelho


Menina Nina é uma personagem presente no meu dia-a-dia. Que me acorda de manhã gritando, cantando ou chorando, que bagunça minhas coisas, que recusa meus beijos, mas que me derrete só falando meu nome.
Bate um pouco em cima do meu joelho, tem cabelinhos cacheados que balançam em rabos e maria-chiquinhas. O sorriso que ela mesma intitulou como "perfeito" e os olhos, que quando riem, me fazem rir de imediato.
Entre uma brincadeira e outra, notou o espelho do meu quarto. Já tinha visto, mas nunca encarado daquela maneira.
"É a Nina!" Dizia, encantada.
Bagunçou o cabelo e olhou pro espelho, pegou na barriga e de novo conferiu. A Imagem acompanhava os movimentos dela.
"É a Nina! É a Nina!" Repetia com mais força e com longas gargalhadas.
A brincadeira então começou.
Se escondia, andava para o lado e depois voltava, em saltos. O espelho retratava seus passos em tempo real. Os olhos brilhando, quanto fascínio.
Testou o sorriso, careta, língua para fora, mandou beijo. Ajeitou a roupa, levantou a blusa, dançou, sentou, ficou em pé de novo. Cada ação acompanhada de inúmeras gargalhadas e mais olhares surpresos.
Depois de algum tempo em observação, o sorriso foi dando lugar a uma expressão de descontentamento e contrariedade. Aquela mesma que faz quando é obrigada a se comportar no banco do carro, ou não mexer nas gavetas da sala.
Com pouco,  foram as lágrimas, que escorreram grossas dos olhos da minha meNINA. Sem gritos, sem estardalhaço, apenas um choro sentido. Com soluços e pausas pontuais.
Em seguida, se levantou com a testa franzida. A sobrancelha grossa pressionada, com ares de chateação das brabas. Com o dedinho balançando, pronunciou algumas reclamações ininteligíveis ao espelho, ainda com voz de choro e ares de magoada.
Empurrou, tentou derrubar e por fim, se assustou com a proposta de se olhar mais alguns instantes, saiu correndo e se escondeu em baixo da cama. Ainda soluçando alto.
Nessa tarde quente, minha doce menina, tão frágil e pequenina, de dentes ainda nascendo e de pisadas ainda não tão firmes, descobriu o tamanho do abismo de olhar pra si mesmo e se perder da reflexão do seu próprio reflexo.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

De silêncios e desvios

Nem sempre quem cala concorda.
Calo por medo, por perplexidade, por chateação, por arrependimento, por culpa, por refletir, por não saber, por não querer falar...
O meu silêncio quer dizer segredo, quer dizer conquista, quer dizer cilada.
Quando eu me aquieto quer dizer beleza, quer dizer contraste, quer dizer mudança, mas quase nunca um sim.

Pra concordar, eu sorrio, me pronuncio, satisfeita. E quando eu calo... Há quase sempre uma adversidade.

quarta-feira, 28 de outubro de 2009

1, 99

"Esse meu amor não vale nada
Uma imitação barata
Enferruja numa madrugada
O meu coração de lata

Tudo vai parar no camelô
Que depois corre do rapa
Por onde você procura amor
Só tem xerox da capa."

Mu Chebabi
No fundo, não há nada.
Na verdade, não sobra nada.
Eu tento, insisto. Momento intenso e depois... nada.
Vazio, frio, as possibilidades de amarras me incomodam.
Não vale nada, não dura nada, não demora.
Barato e superficial, meu amor não tá custando nem durando quase nada.

segunda-feira, 26 de outubro de 2009

Sampa

Tão perto, tão distante. Entre os folclores, comentários, fotos e pessoas, misturando as distâncias físicas e da imaginação, eu vou pensando "como será, como será?"
Às vezes quase seguro com as mãos, e logo me escapa, desliza. Rondo, planejo, mas não finco meus pés por lá. O porque de tanta curiosidade nem eu sei dizer, se a vontade me engana, não sei. "Que chama!", me chama...
A cidade que no meu imaginário era cinza, quase breu de indiferença, vai ganhando cor, forma, brilho, charme, som.
Não sei onde fica a Ipiranga, nunca vi a "avenida São João", mas alguma coisa acontece no meu coração, que percorre todo o corpo, as pernas, os olhos, as unhas, os cabelos e a imaginação angustiada pede o concreto. Quero cheirar, sentir, tocar, ver, vivenciar... Eu preciso viver São Paulo.
Se a poesia é dura e eu nem tão deselegante quanto as tuas meninas, pouco me importa. Me adequando ou não, eu só queria um salto de pirueta, cambalhota no avesso(do avesso do avesso). Uma dose curta e forte de garoa pra matar tanta sede.
Tudo ao redor me indica, me convida, me aponta. Ando, passeio, volto e quando olho, algum sinal de você, terrinha exibida e desconhecida.
Túmulo do samba, mais possível novo quilombo de zumbi?
Alguma coisa acontece no meu coração... Que palpita animado pensando em cruzar a Ipiranga, passear na avenida São João.
 O que me chama, o que me espera, o que me seduz?
O que me levará a você? Que razão, que meio, com que fim?
 ô São Paulo, o que você guarda pra mim?

quinta-feira, 22 de outubro de 2009

Canto de encanto

Desde que notei os teus encantos
tudo que eu procuro, só um canto
Pra contar em conto esse encontro.
Um canto com você,à sós
Um canto pra esconder meus nós
de ciúme, de saudade, de receio.
E quando entregue, deito no teu seio
Vejo surgir no teu rosto aquele sorriso de canto.
E depois de tanto encanto, nada me resta
Afino uma canção, eu canto
O que no conto eu já tentei dizer.

terça-feira, 20 de outubro de 2009

No divã- Parte II


Eu sou uma pessoa complicada. Mais um defeito pra complementar o texto abaixo, é que eu sou extremamente confusa.
Sabe, esses dias eu me peguei em uma extrema necessidade de terapia. Eu me dei alta da minha psicóloga há mais ou menos dois anos, depois de quatro anos de seções semanais. Mas esses dias entrei em crise. Questionamento que não se acaba mais!
Por isso precisei adaptar meus textos e meu blog, camuflá-los em um divã. Após tanta terapia , se eu não virar uma pessoa melhor, talvez eu tome chumbinho.
Tirem "mil gatos" da minha frente e assistam, de camarote, a minha grande confusão de sensações.

Eu sou uma pessoa romântica, extremamente passional, e não tem jeito. Quanto a isso não há terapia que resolva. Por conta disso, eu estou quase sempre à beira de um ataque de nervos, à flor da pele.
Não sou o tipo da pessoa prática, racional. Eu nunca escolho o que é melhor pra mim, ao contrário, eu opto pelo inseguro.
Acho que sou um pouco como aqueles atletas super radicais, viciados em adrenalina. Não tenho apego ao coração. "Ele que se recomponha, eu vou viver". E ando constantemente em uma corda bamba emocional.
É claro que todo mundo tem seus fetiches! Não que eu ache que a conquista tem muito a ver com isso, mas eu também tenho minhas preferências. Me encanto por sorrisos e cheiros, a voz é importante. Acho que o abraço é fundamental. Gosto de óculos, piercings, artistas, all star e me derreto por asmáticos, alérgicos, diabéticos, dautônicos, claustrofóbicos e vítimas de outras fobias. Já dá pra prever que eu não arranjo ninguém normal.
Seria bom se a gente pudesse, de cara, entregar nosso manual de instruções.É claro que a espontaneidade é uma delícia, mas pouparia a gente de muitos incômodos.
Um "por causa que" bota a perder meu interesse. Basta uma mensagem : "Estou anCioso pra te ver" pra eu querer adiar a programação pro século seguinte.
Eu fico com vontade de falar : "ô meu bem, português errado, não"
Eu sou carente e insegura, faz parte de mim a necessidade de constantes elogios e confetes.
Romantismo é sempre bem vindo, sem excluir a virilidade, mas "mozão" e "amorzinho" me fazem vomitar! Existe uma linha tênue entre delicadeza e breguice extrema. No meu caso, convém uma atenção especial a ela.
Quando a gente quer ficar sozinho, seeempre aparece alguém. Agora, esteja carente pra você ver. Nem um olhar, nem um telefonema. Maldita lei de Murphy! E ainda tem mais... Não dá pra aparecer um de cada vez, você tem sempre que escolher. Vou confessar, nunca estou completamente decidida. Cada pessoa oferece uma perspectiva, provoca uma sensação...

Eu sou impulsiva! Me rendo às minhas vontades.  Não sei fazer jogos de conquista, fingir, manipular. Sendo assim, sigo minhas intuições, eu me jogo!
Já está me achando louca? Espere um pouco mais.
Eu já falei que eu sou insegura, né? Talvez ficar repetindo isso também faça parte da auto afirmação. Afinal, aceitação é sempre o primeiro passo.
Então, como insegura, no fundo eu acredito que não há nada em mim para ser notado. Logo, se aquela pessoa que me desperta interesse, se interessa por mim, eu penso logo que: Ou eu estou entendendo errado, ou tem alguma coisa errada com ela. "Deve beijar mal", "Teve ter algum furúnculo feio e mal cheiroso", "teve ser um mala". Se nenhuma das alternativas anteriores for verdadeira, com certeza tá me zuando.
Houve uma vez, no carnaval, que eu estava olhando um cara no bloco. Achando uma gracinha.Quando o cara se aproximou, me bateu a tal insegurança e enquanto o cara ficava tentando puxar assunto, eu agarrei minha irmã (Mariana) pelo braço e fiquei perguntando em sussurros "Ele é bonito?" "Hein, Mariana ele é bonito?"
Enfim, nem Freud explica!
Eu disse que era complicada. E ainda nem falei da minha múltipla personalidade. Eu sou uma contradição só.
Tantas fragâncias, que juntas formam uma só essência, que apesar de complexa, cabe nesse pequeno frasco. Boa ou ruim, há quem se banhe nessa água de cheiro.
Ainda existe a crise do ego ferido, o famoso "como-você-não-me-quer?", onde a gente se exalta e se resume à zero em menos de 30 segundos.
Eu sou ciumenta, extremamente ciumenta. Não sou do tipo que faz escândalo, trata mal, proíbe, nada disso. Mas eu me mordo, soco a parede, chingo e amaldiçoo até a sétima geração da inescrupulosa e desavergonhada que se aproximou do que é meu. Lembrando que o que é meu, pode ser meu somente na minha imaginação e desejo.
Igualzinha a você, tenho uma queda natural por quem não presta e sensualidade pra mim é algo tão subliminar quanto fundamental. Acho que eu não gosto da obviedade. Uma luz de muitos woltz já é o suficiente prame desanimar. Tudo me prende e me solta com a mesma facilidade.

Eu fui criada e conduzida para esperar o príncipe encantado, aquele que será em todos os sentidos apropriados. E a cada vez que a vida me contraria essa perspectiva de amor, gosto mais da ideia de me apaixonar.
As imperfeições, as linhas sinuosas, é tudo isso que me fascina.
Eu quero um amor que me livre dessas regras bobas, que me faça aturar até os erros de português, apelidos bregas e que não precise de um ataque de asma pra me parecer totalmente sensual.
O ideal do risco como felicidade se torna cada vez mais forte, e se você quer saber, concretizado.
No fim das contas, toda essa loucura em terapia é só uma vontade incontrolável de viver e de rasgar o coração. No fundo, no fundo é muito simples. Eu só quero sentir e ser: Muito amante e muito amada.

domingo, 18 de outubro de 2009

No divã.

Se quem escreve exorcisa eu não sei, mas sei que escrever é sentir duas vezes. Ler é reler é sentir 3, 4, 8, 10.
E às vezes, a dor é um bom caminho para a libertação. Vamos começar:
Sou desmemoriada, desatenta, irresponsável, inconsequente, extremamente egoísta e leviana com o coração e o sentimento dos outros, esse é meu defeito número 1, o pior, disparado. Não é por maldade, pra ser cruel, nem nada disso. Mas sou. E muitas vezes sem perceber. Acho que leviana é a palavra certa.
Me atraso, falto compromissos, não dou grande assistência nem satisfação às pessoas. Quase sempre machuco quem mais gosta de mim. Inclusive, muitas vezes, confio no amor das pessoas para apoiar meus erros e falhas.
Sou covarde. Penso duas vezes em contar uma mentira, antes de falar uma verdade que me envergonhe. Sou vaidosa, convencida, arrogante. Gosto de aparecer, também!
Sou egocentrica! Adoro quem em massageie o ego.
Sou insegura, por isso eu preciso sempre me auto afirmar.
Sou ciumenta de ranger os dentes, completamente possessiva. Não sei lidar com a falta de atenção e muito menos perder as pessoas. Ver alguém se desapaixonar por mim é beirar o desespero, na maioria dos casos.
Sou impulsiva! Penso muito no prazer momentaneo, sem ver nada além da minha vontade naquele instante, essa é uma das principais fontes dos meus erros.
Ah, quase me esqueço... Minha admiração exagerada pode virar inveja. Sou pavio curto, detesto receber críticas e reclamações, até quando eu estou errada.
Por hora, não me lembro mais de nada, mas sei que ainda há muito mais.
Em contra partida a tudo que confessei, pode-se dize que sou sincera e tenho, quando me convém, senso de humor.
Brincadeiras à parte, terapia seja feita. Ainda que em forma envergonhada de confissão no baú de letrinhas. Contrario o que disse no começo. Escrever é sentir 10 vezes. Ler e reler é questão de fatorial e notação científica.
Que seja exorciso, pelo menos.
Sai de mim, miséria humana!

quarta-feira, 14 de outubro de 2009

Bem perto, bem quieto.

Chega de me remoer pelo que poderia ter sido melhor, ou pelo que ainda podemos fazer.
O tempo nos dirá o que e se ainda temos para viver. Por hora, deixa como está.
Chega de me chatear com essas coisas do passado, com as vozes que eu calei e que agora cismam em sair.
Não quero mais pensar no que faria ser melhor, perfeito. Que graça teria se nossa história fosse feita de linhas retas? Acho que nós gostamos das curvas sinuosas, da incerteza, de encontros absurdos e fantasias.
Minha personalidade tão diversa está sempre acentuando nossas confusões. Hora sou princesa carente, depois Colombina independente, e ainda há tempo para as palhaçadas! Pois sou palhaça e moleca, quando dá na telha e canso pouco dessas brincadeiras de te provocar.
Sou impulsiva, chata, exigente, perfeccionista. E o que não saiu do jeito que eu queria, é difícil que eu esqueça. "Tão teimosa", como você diz.
Chega das minhas previsões, dos meus planos, das memórias, das longas conversas, das falas que eu planejo pra dizer, to passado que eu insisto em remoer.
Esqueça o que eu cheguei a falar, esqueça o que eu titubiei pra dizer, lembre apenas dos meus olhares ( e desse guarde firme, sempre na cabeça).
Esqueça as conversas que ainda teríamos pra ter, o que nós poderíamos ter feito,esqueça até o que você pretende me dizer. Independente dos "se", "talvez" e "por acaso", a gente não deixou de acontecer.
E agora, eu só preciso te olhar nos olhos, bem perto e saber que antes de tudo, nosso amor deu certo.

quinta-feira, 8 de outubro de 2009

Só uma obs

http://www.acasadeisabel.blogspot.com/

Não mudei de blog, não. Minha voz ativa continua sendo aqui no avante, é só uma atividade paralela.
Uma historia que eu fiquei com muita vontade de contar...
Espero que visitem e que gostem.

sábado, 3 de outubro de 2009

Desarranjado

Há alguma coisa em mim que é fora do lugar , que não vai nem pretende econtrar os eixos.
Desiquilíbrio, desarranjo, confusão, assim que é bom!

terça-feira, 29 de setembro de 2009

Pingando.


Há dias de pura distração e melancolia.
A chuva, o frio, a prova de matemática...
Contemplei a paissagem urbana e as pessoas ao redor.
Expectadora, ausente, apenas observando...
Eu estava fugindo do confronto, de abrir a torneirinha das minhas emoções.
Sufocado,ganhando força e pressão, o choro saiu...
E depois do berreiro começado, me restam para o fim do dia( e por tempo indeterminado) os pinguinhos dolorosos da sensação que eu ainda não parei de sentir.
Reclusa, irritada, envergonhada... Todos os olhares me refletiam aquela mesma noite.
Não adiantou fugir de todo mundo, eu olhei pra mim.
E agora fecho os olhos para o que há por dentro e os pinguinhos ainda cismando em cair.

Não que eu precisa explicar, mas dessa vez... A personagem se chama Clara e usa laço de fita no cabelo.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Sob (e sobre) um leve desespero



O clima úmido faz bem ao meu cabelo. ele fica mais sedoso.
Balançando as minhas pernas e sorrindo sob um leve desespero, tentava me concentrar nessa banalidade.
Não consegui deitar. Dormir? Que piada dormir!
De um lado para o outro do quarto, parada é impossível ficar.
Mais que as dores no corpo, o formigamento, a irritação da alma. Que inferno! Joguei tudo no chão.
Quantos anos me restariam de vida? 30? 50? 2? meio minuto?
Qualquer instante a mais seria insuportável.
Inalando o ar da atmosfera de pânico e desespero, senti a agonia pesar nos meus pulmões.
Ah, meu cabelo! O sol o deixa ressecado, mas agora que esfriou... Tão brilhoso!
Desvio de pensamento, a nova técnica da da psicologia. Um grito contido fez eco dentro de mim e eu quis gargalhar. Tudo é tão ridículo!
"Só por hoje, só por hoje". Não é esse o lema? O 'hoje' acabou de começar, é madrugada. Imediatista penso "Só por agora".
Tudo é tão babaca! Nada dizima essa sensação.
O que mais eu preciso me perder? Até onde eu ainda preciso ir?
Se eu deveria chorar não sei, eu só consigo rir.
Há uma saída de emergência? Um remédio, um objeto perfurante? Quantos andares tem isso aqui?
4:45 da manhã.
A umidade ajuda mesmo o meu cabelo!

Não que eu precisa explicar, mas a personagem dessa história não se chama Clara.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

simultaneidade.

Que seria do sim, sem talvez o não?
Que beleza na luz, sem a escuridão?
Que magia um amor sem contradição?

Coragem, Clara.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Quero chorar uma semana inteira, gargalhar até perder a voz
Quero gritar pra dar dor de garganta, me debulhar, me desfazer em nós
Quero girar até ficar bem tonta, fugir do mundo de olhos fechados
Escancarar, expor, contar,me desfazer de vez de amarras e cadeados
Quero morrer de ódio, pincelar com cuidado a raiva nas minhas expressões
Preciso expor, esparramar, eu não comporto mais tantas paixões!!

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

sexo frágil? Nem pensar!


Eu evito de bancar a feminista. Acho que homens e mulheres, com as suas diferenças, acabam se equilibrando e nenhum é melhor que o outro, apenas distintos. Acho até que se completam, enfim, ambos são necessários e tem seus defeitos e qualidades.
Vejam bem, eu não estou tentando privilegiar um gênero ou outro, mas convenhamos: de rótulos para mulheres, nós estamos cheias( e nessa hora tomo a liberdade de falar por todas).
Se há problemas no trânsito "Só pode ser mulher", em cargos políticos a participação é quase nula, menores salários, menores oportunidades de emprego. Culpem a história, se quiserem. Ok,ok, as mulheres estão transformando esse cenário com o tempo e claro, mostrando a que vieram, mas eu já estou cansada de ouvir essas mesmas balelas à nosso respeito.
Mulheres do mundo, uni vos contra tanta babaquice!
As mulheres ganham mais poder, mais atitude, muita coisa mudou, mas não muda esse título irritante ( e mentiroso) de "sexo frágil".
Tudo bem, somos mais sensíveis, mais delicadas e até mais choronas, mas desde quando ser passional é sinal de fragilidade?
Tanta pose é muito fácil quando não se engravida, não se tem cólica, nem menstruação todo mês. Sem sutian, sem tpm, sem as cobranças que só se fazem às mulheres. Porque afinal, é a mulher que toma conta da família, que assume as responsabilidades da casa e dos filhos, que tem que segurar a onda emocional do cara e claro, estar sempre linda, pra fazer bonito diante esse padrão de perfeição que se criou.
Enquanto no oriente as mulheres são obrigadas a se vestir dos pés a cabeça, a regra no ocidente é se despir. E não há quem(com cérebro) possa com uma mulher melancia e as frutas e cia. E além disso tudo, tem que provar que é capaz sempre duas vezes mais, aturar cantada de pedreiro e ser muito mais censurada.
um homem de 40 "está pronto, charmoso" e a mulher..."acabada".
Fui uma menina sempre bem enturmada, nunca deixei de ter amigos homens. Aliás, os tenho em grande conta. Até mais que as minhas amigas mulheres e conversando com um grupo de amigos, percebi uma onda de indignação. Uma série de críticas aos nossos "maus tratos". E que de tanto levar foras, estavam ficando traumatizados. Justificaram, inclusive, todos os seus erros como traição e as atitudes machistas, nos tais traumas que supostamente, nós causamos.
É como se a história estivesse se repintindo... Aquela coisa da mulher que é bruxa só porque seduz. Só que sem a fogueira, pelo menos literalmente. Temos que fazer o que não queremos, ficar com quem não sentimos vontade, só pras eles não ficarem cheios de traumas.
Haja paciência!
Imagina se a gente fosse ficar traumatizada por cada não que recebemos? Por cada comentário preconceituoso e machista? Por cada rótulo como "piranha" pra uma mulher que só ter os mesmos direitos que os homens?
Não é nenhum ode, nem pra deixar as mulheres em um pedestal, porque sabemos ser muito ferinas e maliciosas, finalizando nos pequenos detalhes, matando no canto da unha(vermelha) e chutando com a ponta do scarpin.
Tem um texto da Marta Mederos que eu adoro, em que ela diz que toda mulher é meio doida e meio santa. E como não ser?
Sabemos ser más, sabemos ser boas, sabemos ser doidas e sabemos, inclusive, ser santas. No fim das contas, sabemos ser um pouco de tudo e só assim pra equilibrar tudo que nos é exigido.
Enfatizo, nós precisamos de vocês, meninos. Eu não sou do tipo que perde tempo queimando sutian e negando a necessidade dos homens.
É apenas uma forma de mostrar o lado de cá, uma pequena observação e reivindicação diante de muita coisa que eu ando aturando calada.

Se vocês querem fazer pose de machões, tudo bem. Mas sexo frágil... É mais do que eu posso aguentar.

segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Admiraflor secreto


Acordei com a campanhia "quem será?", pensei mal humorada.

Abri a porta com sono e sem paciência, o entregador tão mal humorado quanto eu, ou mais, por trabalhar em um domingo me erguei um buquê de girassois e com voz rouca falou "É pra Clara"

Abri um sorriso "Pra mim!", suspirei encantada.

Agradeci, fechei a porta e fiquei contemplando meus girassois por um tempo, ainda embasbacada, fascinada, sem conseguir expressar nenhuma palavra, nenhum pensamento ou sequer, estender meu olhar ao cartão.

Mas a curiosidade foi se espalhando por mim. Primeiro, como uma ruguinha de inquietação, depois como uma cosquinha que subiu até as minhas mãos, me fazendo abrir o papel.

Rapidamente, procurei uma assinatura, nada.

Resolvi ler o que estava escrito.

Digitado em computador, não me deu a honra de ver sua letra, de observar seus traços.

Uma poesia, uma canção sobre a história de amor quase impossível entre um girassol e um dente de leão. Não sei quanto ao resto, mas meus olhos sorriram.

Quanta delicadeza! As minhas flores favoritas, o endereço da minha casa, um poema! Meu admirador sabe mesmo me provocar a melhor das sensações.

Ainda deitada no sofá, com o rosto perdido entre as minhas flores, fiquei sonhando com o meu admirador tão secreto e tão revelado...

Ah, admiração com flor é um prato cheio para o meu encanto.

Com carinho e delicadeza, botei meus raios de felicidade petalados na água e diante do sol, bem em frente a minha cama, para iluminarem meus dias.

O resto do dia e até agora, estou flutuando em uma nuvem de dúvidas sustentada por uma certeza, em um paradoxo amarelo e perfumado.

De uma coisa, meu admiraflor secreto e declarado pode ter certeza, me conquistou por completo, pelo menos ao tempo, de meu girassol ainda brilhar.

sábado, 22 de agosto de 2009

"sweet sixteen"


Já senti saudade precoce de pessoas, de momentos, de lugares, mas de idade... É novidade pra mim. Normalmente quero que o tempo corra muito rápido, quero apressar os anos pra ficar mais velha. Mas o alvo era sempre um, um limite, uma expectativa. A vontade era sempre o 15.

A idade mais desejada, mais festejada e mais querida. Mais gostosa de ter e de falar. A mais legal de viver.

Uma síndrome de peter pan me tomou. Nostalgia, fotos da festa, da valsa. Fiquei repetindo horas "dezesseis" e achando de uma sonoridade esquisita, ruim. Achei brega, achei sem graça...Queria ser uma eterna debutante.

Coloquei a valsa pra tocar e olhei pro anel na minha mão direita. O sonho realizado, o objetivo concretizado, era hora de ir além.

O título de eleitora, a censura cada vez menor, mais próximo da maioridade. Hora de definir um novo limite. Debutante eu poderei ser quando olhar para o anel na minha mão, rever o dvd da festa e ouvir a valsa. Aceitei a data, aceitei o fato. Crescer...

Não se tem 15 anos duas vezes, mas também não é sempre que se faz 16.

Que me venham os famosos 'muitos anos de vida'. Saudade dos 13,dos 14 e dos 15(e assim, consequentemente), mas seja vem vindo "'16" e todos os outros anos que a vida me reservar!


Parabéns, Clara!

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Bandeira branca, amor.


Remexendo minhas sensações e os meus pensamentos, noto então o caos que se instaura. O fascínio da contradição. Ninguém mais tem tanta paz, ninguém mais tem tanta confusão. Não há quem me cause, atualmente, mais batalhas internas. Já pensei que era isso que me encantava, já tive certeza que eu me atraia pelas curvas sinuosas das minhas e das suas confusões. Erro meu. Pensando em você hoje, cheguei a conclusão de que o que tanto me encanta e paralisa é a paz que cabe dentro de um abraço, de um sorriso, de um "alô" no telefone, calmaria capaz de freiar a inquietação.
Quase convencida de que era a guerra desse sentimento, que tanto me mantinha presa, me dei conta de que minha imobilidade e minha fascinação era mantida por uma sensação de tranquilidade e leveza que só aquele colo sabe transmitir.
As ideias que se atravessam, se chocam, embate, dúvidas na revolução carnavalesca que se cria dentro de mim(intensa, mas cheia de lirismo) se freiam. A confusão de buzinas, frevos, cores, palavras, multidão arrastada, fantasias, novidade, poeira, fumaça e tiros em disparada se cala quando eu te vejo. Ofuscando o que eu pensava, o que eu queria, o que eu pensava que queria e o que, em definitivo, em queria pensar, se hasteia em mastro lustroso pacífica emoção.
É pluma, pacato, cristalino.
Bandeira branca, amor.

obs: Esse texto era um desenho, que se montou inteirinho na minha cabeça, mas que minhas mãos não souberam desenhar. Eis aqui em forma de palavra o que eu senti e visualizei.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Os muitos tons de uma aquarela


Passeando entre as pedras da calçada e devaneios distantes, fiquei vendo o céu passear por todas as tonalidades em um degradê cheio de nuances, em ordem respectiva das cores mais vivas aos tons pastéis.
Logo em seguida, descordenar de vez e bagunçar as cores, como se fosse tinta. Até tudo se juntar em uma mistura homogênea e concreta. De um azul quase preto.
Depois ,aos poucos, como se tivessem sido planejadas, arquitetadas por um pintor perfeccionista e astuto, as estrelas foram aparecendo. Uma a uma até o que antes eram leves pinceladas, se tornarem um grande mosaico cheio de imagens no qual eu me perdi e me encontrei.
Disposta e em pé, depois sentada. No final, entregue ao espetáculo que me encantava, deitada, me despedi da tarde, do dia e das minhas inquietações habituais. Vendo os barquinhos, as pessoas, o céu... e de certa forma eu, refletida em toda aquela paisagem.
Sai ainda em transe, sendo parte da moldura e ajudando a compor a pintura, também. Todas as cores da aquarela daquele tarde cobrindo meu corpo, a tinta fresca pintando através dos meus olhos, meu sorriso e colorindo também o dia de quem passou por mim e pôde ver a tonalidade da minha alegria.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Cresça, Clara!


Enxugue as lágrimas do rosto e vá adiante.
Tire o pijama e pare de se lamentar na cama entre os cobertores.
Sua parede, se pudesse lhe diria "Saia daí, levante essa estima"
Pare de se encantar por qualquer meia duzia de palavras e se forçar pra diminuir as suas mágoas e dores. Decepção, raiva, rancor. Que seja, que sinta! Respeite suas vontades e tenha força. No fundo, você não precisa de ninguém.
Postura. Erga os ombros e ande pra frente. Devagar se chega, com paciência. Mas parada, não há perseverança que te leve a lugar nenhum.
Pare de se justificar atrás da sensibilidade, do coração frágil e do jeito 'menina demais', de se esconder e tapear o que na verdade é "covardia".
Não se subestime, que papo mais antigo. Você que se gaba de querer novidade, não vira uma página de sua vida.
Que medo é esse? O que acha que perde se valorizando?
Se for pra ser, será. E se não for... Que se vá e que se vá depressa.
Tudo se perde, só não se perca. Tudo passa, só não se passe pra trás. Seja fiel a você mesma, se ame.
Ora, nessa confusão toda só vai lhe sobrar você! Se goste! Vai ter que se aturar pelo resto da vida. E se ficar difícil a convivência... Transforme, modifique.
Os anos passam. Vão se as paixões, as vivências e essa Clara continua a mesma?
Sem medo e sem receio, siga em frente. Por que tanto se subestimar?
Depois vai reclamar da falta de valor que os outros te dão, das interpretações erradas que as pessoas fazem, da imagem que você não gostaria de ter pro mundo.
Parece clichê e conversa fiada, mas Clara... Se você não se olhar diferente, de onde partirá essa visão?
Agora faça o favor de amadurecer. Duvido que esteja gostando de sentir esse nó no meio do peito. Tão conhecido, né?
As coisas vão adiante, mas o seu sentimento é sempre o mesmo diante das situações... De aperto, medo, e como se estivesse de mãos atadas.
Solte essas mãos, solte esse coração, essa cabeça...
Seja livre! Livre de você mesma.
Das suas pressões, das suas opniões, das algemas que só existem na sua cabecinha limitada. Se liberte de você, garota!
Levante, ande, mude, transforme, encare, carregue... Cresça Clara, cresça.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Não perturbe, paz!


Vida, não deixe que a minha rotina se torne essa monotonia.
Não permita que meu caminho seja de linhas retas e cheio de razão.
Não tire as pedras da minha passagem, não torne fácil a minha caminhada, porque eu reclamo, mas gosto mesmo é dessa confusão.
Entre tropeços e arremessos, gosto mais da dúvida, das novidades e me arrisco a dizer, da dificuldade.
Detesto essa coisinha ensaiada que os dias se tornaram. Até mesmo as invenções me causa essa sensação chata de 'deja vu'.
Eu vivo sempre querendo o novo, recomeços e novas trajetórias. Mas que seja presente, ou até passado, eu só quero agitações. Boas, ruins... Eu só não gosto do indiferente, do irrelevante. Sou feita de extremos e é esse "mais ou menos" que eu não quero.
"Tudo bem? " "tudo indo..." Que seja indo bem, ou indo mal, mas o silêncio reticente me incomoda.
Esse negócio de equilíbrio nunca foi muito comigo. Embora eu devesse me manter estável. Mas sou inconstante por natureza e me manter em uma situação linear não faz muito o meu tipo.
A paz ao meu redor, mas dentro de mim eu sou só caos... Vida pacata, mansa, pacífica não me satisfaz.
Eu sou uma pessoa urgente, eu preciso de novidade. Por isso não me venha contar as mesmas histórias e manter essa mesmice, por isso me tire da reta e não venha mais me atrapalhar. Não perturbe, paz!

segunda-feira, 27 de julho de 2009

Menina terra


Criança que surge em botão de flor, comporta a mulher que é fonte de ambiguidade, formosa deusa da fertilidade, que encaminha pro frio ou calor.
Une em si os elementos, colheita de safra rica, diversidade. Com os ventos ou marés, a que fica. Sólida, certa, se edifica.
Berço de onde provém os mortais, término que torna enfim, todos iguais.
Comporta o paradoxo de ser concreta, incerta, formosa, e viscosa. Lama aguada e flor perfumada.
De onde saem e para onde voltam as embarcações, objetivo desde a partida. Mesmo os mais aventureiros gritam "Terra à vista", todo navegante quer pisar em terra firme.
E mesmo os que transpassam para outros elementos precisam da força dessa moça, ora em botão, ora mulher que hipnotiza.Os demais elementos para visitar os extremos, mas o impulso vem sempre do chão. Mãe que desprende seus filhos para o mundo, mas que os torna dependentes e provenientes das forças e energias que só dela emanam.
Concreto porto, sólida base para qualquer devaneio, princípio e fim de qualquer aventura e onde fundam e findam todos os outros elementos. Simbolo sagrado que é o início e fim da beleza. Determinante, implacável e fixa.
Imóvel, estática e inflexível,fonte possível de observação. Se deixar molhar e observar a imensidão do céu, com os pés firmes naquela certeza. Até mesmo o imponente fogo só é possível nela, presença feminina que não se anula no contato com nenhuma força. Arrogante, talvez,mas equilibrio certo e encontro concreto de tudo que há.
Na paz e na guerra, de quem acerta e quem erra, onde inicia ou encerra

Eu sou uma menina terra.



Antes (e depois) do nome

Meu nome deu origem a mim, conosco a ordem foi inversa, só nasci por ele, presumo eu. Meus pais gostavam desse nome, cada um por suas razões, e quando isso foi revelado, minha mãe teve a certeza de que era aquele o pai da sua filha. Nas brigas, mamãe deixava bilhetes "A Clara precisa nascer" e suprimia o seu orgulho e a possível raiva por essa causa, por esse nome.
"Uma rosa com outro nome ainda teria o mesmo perfume". Sim, Julieta, teria. Mas eu defendo a filosofia de Graciliano Ramos de que "se eu não me chamasse Raimundo, eu não seria quem eu sou". E Carlos Drummond já disse, "Seria uma rima, não seria uma solução".
Então assim, eu prefiro ficar sem rima a ficar sem nome. Não que o nome seja uma solução, mas veja bem, faz parte da minha composição e é grande parte de mim.
Me olho no espelho e definitamente me acho com cara de Clara. Não me penso de outro jeito, não me imagino com outro nome.
Com os sobrenomes fico cheia de dúvidas. Não sei se uso 'melo', se adoto 'moreno', acabo assim, simples e puramente Clara. Minhas personalidade, meus trejeitos, minhas manias, tudo acaba revelando esse meu nome.
Carolina, Marina, Alice, Cecília, Luiza, Julia, Juliana, Mariana, Maria, Ana, Isabel, Isabela, Gabriela, Joaquina, Antônia, Joana... Não, não, é transparente, sou Clara.
De tudo em mim me queixo, acho do que reclamar, o que reivindicar, mas meu nome.... Gosto tanto! Falo cheia de orgulho a palavra bonita que me nomeia.
-Lara? Sarah?
- É Clara!
Sem pré-nomes, sem composições, sem "Maria", "Ana" ou "de Assis"com os quais todos insistem em querer completar meu nome. Ora, parem, ele é o total, inteiro, ele já é completo.
Com todas as brincadeirinhas de ovo, de escuro, de caramelo, com todos os paradoxos e referências, gosto mesmo de me chamar assim. Límpida, cristalina, simples e definitiva... Clara!
Minhas personagens escondem muitas façanhas e claro, revelam vários nomes assim como várias personalidades, mas eu não vario, nem mesmo quando sou colombina entre os carnavais. Ivento idade, histórias, vontades, jeitos... Mas nome, não consigo. Meu nome é um só, meu nome é meu, meu nome? sou eu.

domingo, 26 de julho de 2009

.

escorre o tempo pelas mãos da menina
Pelos carnavais, por entre as esquinas
pela carta de amor que fez o namorado
apressado entre os cortejos do rapaz apaixonado
Pela rugas de quem sabe que ele está passando
pelos olhos e na vida dos que estão começando
Nos sorrisos, brincadeiras e cirandas
Nas lembranças, cartas e fotografias
Criança travessa e avô centenário
Implacável, atento, apressado
Escorregando entre os dias da gente
Brinco de tentar segura-lo
Mas acabo me perdendo em dias
confusa entre anos e vivências
aprendi que com ele não se brinca
E então quando o procuro, entre as minhas mãos
onde ele estava
Entre as minhas fotos, onde o retratava
Entre os meus cabelos, onde residia
"Não acho", "perdi"
sumiu, rumou, feriu, traçou
passou....

quarta-feira, 22 de julho de 2009

Pequena descoberta

Tive um sonho e acordei saudosa. Da voz, do sorriso, do abraço. Ah, o abraço...
Sem muitas soluções, corri até a sala e agarrei o telefone, só a voz me era permitida.
Risadas, vontades, palavras que ficaram dançando nna cabeça sem coragem pra sair, e a saudade percorrendo meu corpo que já estava a ponto de pedir arrego.
A vontade de não desligar, de não parar de falar, o desejo irresistível de ficar bem perto.
Aquela sensação esquisita, quase boa e quase incômoda. Algo de diferente em mim... De alguma forma me senti "pesada", preenchida de alguma nova emoção.
Desliguei ainda sobressaltada, com isso que eu notava em mim.
Há algum tempo desconfiava que uma nova sensação estava participando de minha vida, mas apenas especulações e desculpas esfarrapadas pra custar acreditar.
A música que tocava aleatoriamente no computador começou a falar comigo, pra mim. As palavras pesavam e caíam sobre a minha cabeça como uma verdade.
Li certa vez que as emoções fortes sentíamos no estômago e por muito tempo cheguei a concordar, mas agora eu tinha certeza, era no coração.
Joguei meu corpo quase culpado na cama. Aquela pequenina agonia se instalando.
Há quanto tempo estava sentindo isso? E há quanto tempo me enganando de que era apenas uma confusão?
Céu e chão, fervura e gelo, de extremos é feita a emoção que só agora me dei conta da dimensão.
O que eu farei agora? Eu que me julgo dona das minhas situações, eu que acredito que controlo o que faço?
"ah, não" Resmunguei baixinho, mas falou alto dentro de mim.
Só agora eu tive certeza, agora me dei conta. Todo o meu trabalho foi em vão, todo o meu esforço... Eu estou apaixonada por você!

terça-feira, 21 de julho de 2009

Grande descoberta

Meu blog é (quase) obrigatoriamente para as coisas de minha autoria. Mas não é todo dia que se descobre que você mora com alguém genial.
Por isso, resolvi reunir um pouquinho(quase nada) do que eu acho de mais genial da minha mãe.

"Olho Mágico
Pelo olho mágico eu te vejo com bons olhos
te recebo, te comporto
Sem recusa nem por quê
Pelo olho mágico eu te como com os olhos
te degusto, te aprovo
Sem um toque, sem te ter
Tô de olho em você
Já não prego os olhos na madrugada
olhos que esperam pra te ver
Sonho que me custa os olhos da cara
Fecho os olhos pra tentar te esquecer
Mas tenho o olho maior que a barriga quando penso em você"

"Dois em um
Sou certeza que se tem pra duvidar
(...)
Sou pra sempre e sou também pra um dia só"

Fim de mundo
"A moeda que eles usam eu não sei negociar
Esses jogos de interesses
que eu não sei como lidar
(...)
Dialetos que se falam
Não consigo compreender
Nesse escambro de favores
Meus valores que é preciso refazer
(...)
Pra medir o meu caráter
minhas roupas vão contar
unidade de medida esquisita, tão difícil de aceitar"

É só isso
"(...) Não tem caneta, nem papel
nem voz, nem violão
Nem dicionários, nem ninguém, isso não tem tradução
Eu te amo, e é só isso
Não há poeta nesse mundo que defina esse feitiço"

Filhos e canções
"No Riso e na dor, sublimar e compor"

Pérola
"Nesses mares da solidão
Nessa praia do coração
Você bem que podia ser minha pérola, meu prazer
Nos mergulhos da ilusão
Nos naufrágios profundos da paixão
Você bem que podia ser minha ancora, meu bem querer
Minha atlântida perdida, minha estrela do mar, meu salva vidas
Minha ilha, meu tesouro
Minha bussola, meu ancoradouro
Você bem que podia ser
Minha pérola, meu bem querer".

Patrícia Mellodi.


obs: Ainda estou pra postar um texto dela(prosa) que me arrepia da cabeça aos pés.

domingo, 19 de julho de 2009

A noite perfeita

Aluguei um filme comédia romântica previsível, daqueles que dá para saber o que acontece só de ler o título. Chamei uma amiga de infância para dormir na minha casa. Pipoca, brigadeiro e lembranças. Enquanto o resto do mundo gastava sua madrugada na rua, meu sábado à noite foi à base de açucar e passado. Foi a noite perfeita!
Torcemos pelo final feliz mais que óbvio, nos fartamos de besteiras e risadas.
Lembramos de nossas vivência infantis, de quando éramos vizinhas e atravessávamos a rua com colchões pra durmirmos uma na casa da outra.
As festas, os programas de tv, os menininhos e os primeiros olhares que trocávamos... Ficar imaginando como seria o tal "primeiro beijo".
Ñaquele tempo a gente se contentava em voltar às 10 para casa, ia à praia no cantinho do recreio para ver os surfistas bonitos e levar caxote. Ficávamos cheias de areia dentro biquini, mas gostávamos porque acreditávamos que aquilo daria uma impressão de peito.
Houve uma tarde em que a gente vestiu um sutiã e encheu de algodão para os meninos da rua acharem que estávamos crescidas. A gente era feliz e não sabia!
Verdade ou consequência, gato mia, fazer pose de mocinha a tarde inteira mas antes de dormir brincar de Polly em segredo. Assistir Sakura, Sailor Moon, os filmes das gêmeas Olsen, Lindsay Lohan e Hilary Duff. Subir no pé de goiaba, contar segredos e dançar "acererê" na varanda de casa.
Saia jeans até o pé como última moda. Meia três quartos colorida e melissa de salto.
Se achando o máximo por usar plataforma!
secar pneu de carro, tocar campanhinha e sair correndo, vender bijuteria na calçada, abrir cancela pros carros pra ganhar centavos e comprar biscoito.
Em uma noite tive o prazer de reviver essas delicadas lembranças.
O cheiro, as formas, os dias.
Ver como as pessoas ficaram com o passar dos anos através dos orkuts, imaginar por que itinerários a vida carregou aqueles que foram nossos grandes companheiros, ver que fim nós levamos e o que aprendemos de tudo que vivemos.
Na minha pobre experiência, digo à todos que vivam, mesmo as maiores bobagens.
Não me preocupo em aculumar riquezas, quero histórias para contar, quero coisas para me lembrar, quero mais noites como essa.
Só é feliz quem tem passado, quem tem recordações. Se apeguem sim, às suas pequeninas memórias.
Quem não tem lembranças, definitivamente não tem nada.

quinta-feira, 16 de julho de 2009

Flor.


pra que fazer metáfora com um nome tão bonito asim?
Não preciso fazer comparação, não preciso imaginar
Não preciso te aproximar de objetos, formas, da natureza
Seu nome já é toda a delicadeza, a doçura, a beleza.
Não faz necessidade de muita explicação, não torna necessário muitas palavras.
" Flor"! Não parece objetivar tudo? Era exatamente o que eu queria dizer, e que mesmo que eu gastasse horas e diversas palavras não sintetizaria tão bem quanto o seu próprio nome.
Não me resta nada pra dizer, seu nome já diz tudo.
Flor". Já é elogio, só mesmo te citar.
Na impotência de não poder lhe dizer nada (pois por si própria, já é tudo), apenas te chamo:
"Flor, minha flor, vem cá"
Apenas te peço:
"Flor, minha flor, não se vá!"

quarta-feira, 15 de julho de 2009

Colombina, sempre colombina.


Colombina acordou cansada. O cochilo durante a tarde não lhe resultou nenhum descanço. Ainda sonolenta procurou o celular com a mão. Quatro chamadas não atendidas. O sono deu brecha para uma leve animação e expectativa, mas ao constatar os quatro que lhe procuraram, o sono pareceu maior.
Às vezes sentia-se mal por essa sensação de quase enjoo que lhe davam os pretendentes(quase não, enjoo mesmo. E uma ânsia de vomito que a todo instante parecia se manifestar).
Quase nenhum encanto a envolve por muito tempo. Sonha, pensa, imagina, mas depois que realiza... quer esquecer.
Não atende no dia seguinte, e se encontra na rua anda depressa e faz que não vê. Que feio Colombina! mas no fundo não importa- se tanto assim.
Arruma-se, arrisca-se, mas não envolve-se. Não por muito tempo.
Faz pose, faz charme, consegue. E já não quer mais...
De longe, tudo lhe atrai. Um jogo de sorrisos, uma troca de olhares, mas ao chegar mais perto o asco lhe toma de novo. O enjoo, a vontade de ir embora, de trocar de par.
Acumula os pierrots em seus diários e em ligações não atendidas no celular.
Mas entre quereres passageiros e pequenas rejeições, Colombina notou também um olhar, que não desviou sua rota para olha-la(não por muito tempo) e então seu coração carnavalesco e frágil se vendeu para essa emoção. Aparenta exigência, mas no fundo, precisa de pouco. Só precisa sentir.
E agora é bailarina na caixinha de música dessa emoção, que lhe maltrata mas lhe mantêm viva.
Queria ela não ter visto Arlequim. Ai dela se não tivesse o visto!
Exibe-se ao máximo na marchinha que virou valsa e às vezes atrai toda a atenção do Arlequim, outras tantas dança sozinha numa espera cansativa e constante pelos olhares do rapaz.
"Tome jeito, Colombina". Lembra-se das vozes e repete-se com sono e o celular ainda em mãos.
Na verdade pouco ouve a si e (muito menos) aos outros.

Ainda dança, ainda sonha, ainda sente...
Não livra-se nunca desse carnaval.

sexta-feira, 10 de julho de 2009

Carta para Lygia Bojunga


Amada escritora,

Obrigada!

Não poderia começar de outro modo. Nenhuma outra palavra seria tão exata. Para falar a verdade, poderia terminar a carta por aqui, antes mesmo de começa-la realmente, pois tudo que venho a falar depois será só a continuação dessa primeira palavrinha: obrigada!
Sempre evitei citar uma poesia, um autor, um livro favorito, porque sempre foram tantos que diviram esse espaço de predileção dentro de mim que seria quase impossível classificar um preferido, no entanto, desde que li "Corda bamba" tive a certeza de que ali estava não só o meu livro preferido, dentre todos os meus preferidos, como também o meu melhor amigo, que me acompanharia durante toda a minha trajetória daquele instante para frente.
Devorei "Corda bamba" em uma tarde, fascinada, encantada, com os olhos brilhando de gula por mais palavras suas. Terminei o livro e ainda embasbacada fiquei um tempo sem conseguir fecha-lo, em transe. E permaneci quase estática durante alguns dias.
Não saberia dizer o que fez de "Corda bamba" um livro tão especial para mim. Se a história, se as personagens, se a maneira como a trama foi contada e escrita... Não sei mesmo. Mas o conjunto dessas coisas todas me tocou, me marcou e se perpetuou dentro de mim e faz fortes ecos até hoje.
Quando eu estou triste ou alegre demais, preciso do livro, preciso tê-lo perto de mim. Nem que seja só para senti-lo, segura-lo. Marquei todas as frases preferidas com marca texto, mas espero que não considere isso falta de respeito, pois é um hábito do qual não consigo me livrar.
Às vezes sinto como se fossemos amigas, porque temos conversas intensas e demoradas(através dos livros, é claro). Quando eu preciso de alguma resposta, conselho ou até uma motivação, recorro de novo à você e suas palavras.
Assim foi com "aula de inglês", "sapato de salto"...
"A casa da madrinha", "sofá estampado"! Quanta inspiração...
Quantas tardes remoendo minhas lembranças, revivendo minhas fantasias infantis, deixando que vivesse e ocupasse grande espaço de mim meu eu criança.
Aplaquei minhas saudades com a cama, emprestei minhas emoções para nós três(e vivi com a intensidade necessária aquelas aventuras todas dentro de mim).
Ah, Lygia... Sorte as suas palavras terem cruzado o meu caminho. Me pergunto como eu seria sem você, sem sua obra.
Sim, pois parte de mim, do que se construiu e do que ainda se forma à cada dia é sustentado, em parte,pelo cimento de seu trabalho, da sua sensibilidade.
Minha vontade de ser escritora só cresceu ao te ler, que exemplo, que vontade de ser assim tão grande! Quanto incentivo, quanta motivação você me traz.
Dentre os meus sonhos e aspirações ingenuas está o desejo de mudar a vida de alguém, assim você fez e faz com a minha.
Minha amada escritora, minhas palavras não chegarão até você, vão ficar pairando por aqui nessa carta e no meu coração, mas pouco me importa.
Se você acreditar em energia, em força de sensação e pensamento, aí tenha a certeza de que meu carinho e agradecimento de alcançará, onde quer que você esteja.
Não tenho a intenção de me alongar ainda mais, como disse desde o começo era apenas um agradecimento que se tivesse começado e terminado no inicial "obrigado" já teria cumprido a sua missão.
Espero que um dia a gente possa se encontrar, vou me controlar para não te sufocar com toda a minha exaltação pelo acontecido. Só queria mesmo te dar um abraço para catalogar dentro de mim e junto com os outros que classifiquei depois de ler "o abraço", o inesquecível e infindável(porque é assim que vai ser) abraço de Lygia.

Com toda a minha admiração
Da sua leitora fiel e apaixonada

Clara.

quarta-feira, 8 de julho de 2009

Ordem e progresso


Para saber um pouquinho de história e para ser um pouco mais nacionalista não tem hora, mas não vamos tornar a data um motivo e sim, uma oportunidade. Parabéns para a centenária bandeira brasileira!
A primeira bandeira a ser hasteada em terras brasileiras foi a 'bandeira de ordem militar de cristo'. Foi exposta no altar em Belém, e chegou por aqui pela embarcação de Pedro Álvares Cabral.
A segunda bandeira foi a 'bandeira para india e américa' que representava os poderes político, econômico, militar e religioso.
A primeira bandeira exclusiva do Brasil colônia foi a do "principado do Brasil", foi o nosso primeira sinal de presença no campo político mundial e era a bandeira oficial quando a família real chegou ao Brasil em 1808.
Com a chegada da família real ao Brasil, D.João aclamado rei, elevou o Brasil à reino unido à Portugal e Algarves e o Rio de janeiro passou a ser a capital da corte, uma nova bandeira surgiu.
Debret, pintor francês que chegou ao Brasil em 1816 na missão Francesa foi o pintor histórico da casa imperial, o que explica a influência napoleônica na bandeira.
Em 1821, D.João VI volta para Portugal, estabelecendo a bandeira constitucional portuguesa. Eliminação da esfera armilar e a presença de cores portuguesas eram as características mais marcantes.
Em 7 de setembro de 1822, D. Pedro I ecoou pelo Ipiranga o seu famoso grito, espalhando ao chão laços de cores azul e branco. Era necessário com urgência uma nova bandeira para o país que agora era liberto de Portugal.
Foi decretado por D. Pedro I em 18 de setembro de 1822 a bandeira do reino do Brasil e o escudo das armas, que foram nossos primeiros símbolos nacionais.
A recém criada bandeira foi logo substituida pela bandeira do império. podemos atribuir créditos à D.João pois a bandeira hasteada por D.Pedro I é muito parecida com a encomenda de D. João à Debret. Outra curiosidade é que possivelmente a bandeira brasileira foi a primeira a homenagear uma mulher. Na heráldica, arte dos brazões, as damas eram tradicionalmente inscritas em um losango.
A bandeira do império foi mantida até o término da guerra do Paraguai, onde a oposição à monarquia era cada vez mais forte e criou-se o "manifesto republicano", com o lema "somos da américa e queremos ser americanos". Em menos de duas décadas, a república dos Estados Unidos do Brasil seria proclamada.
A primeira bandeira republicana brasileira era igual à bandeira dos Estados Unidos da América, substituindo pelas cores verde e amarela. Foi a solução assumida às pressas no dia da proclamação para marcar o novo regime.
A bandeira tal como conhecemos hoje teme influência direta de Raimundo Teixeira Mendes e Miguel Lemos, fundamentais na transição da república. Os dois eram influenciados pelo positivos, pensamento do francês Augusto Comte.
A nova bandeira anunciou o novo regime, mas manteve o verde e amarelo , cores das casas de Bragança e Habsburgo. As estrelas foram para dentro da esfera, registrando o momento de passagem. A constrelação do cruzeiro do sul remetendo à cruz de cristo, fazendo uma leve referência à primeira bandeira trazida por Cabral e finalmente, o nosso marco principal desde então, a faixa com o lema positivista : "Ordem e progresso"!

sábado, 4 de julho de 2009

Soneto de fidelidade

Que Vinícius não se chateie com a brincadeirinha sem graça.

Contudo, ao coração serei atento
Às vezes com tal zelo, outras nem tanto
Mas mesmo em face do maior espanto
ele comande mais meu pensamento

Quero sentir à cada vão momento
de sensações hei de espalhar meu canto
pra rir meu riso ou derramar meu pranto
Seja pesar ou só contentamento

E assim, quando mais tarde só me cure
Quem sabe a morte, findando quem vive
Quem sabe a solidão, ferindo quem ama

Eu possa dizer do coração(que tive):
Que seja fatal o eletrocardiograma
Mas que sinta infinito enquanto dure.

terça-feira, 30 de junho de 2009

Última carta de amor

Amor meu,
Deixe-me! Por favor, abandone-me. Não posso mais conviver contigo dentro de mim.
Venho adiando esta carta pois temo o momento de deixar-te, pois saiba, de todas as perdas que me causaste, a pior será essa: a sua definitiva falta.
Às vezes salva-me da solidão, fazendo-me companhia, aquecendo meu coração, dando-me pequenas alegrias e causando-me emoções. Ah, meu amor! Foste tão venturoso, ensinou-me a viver, a ser feliz, foi retribuido e vivido a esmo. Provocou-me as melhores sensações, tirou-me os temores, deu-me coragem. Amor, você me fez tão bem!
Penso em todas as coisas que já me deste, todas as minhas lembranças e vai ficando mais difícil lhe dizer adeus. Desfazer-me de ti significa desfazer-me um tanto de mim, pois tua presença alastrou-se em meus campos até então desconhecidos e inabitados até fazer-se mais imponente que qualquer outra característica ou sentimento. Meu amor, és também porção de mim.
Lembro-me com clareza de quando chegaste em minha vida, a maneira como envolveste-me, possuíste-me. Tão doce, tão intenso!
Porém agora peço somente que se vá, seja somente uma lembrança, pois agora faz morada somente em meu peito.
O tempo tirou-nos a vivacidade, parte da resistência e também a reciprocidade.
Amor, por favor não pense que faço pouco de ti, que te desprezo. Amo-te tanto que nem sei medir e lhe sou eternamente grata por tudo o que me proporcionaste . Não tenho muito do que me queixar, és tão sutil que normalmente mal o sinto, mas ao menor sinal voltas a fazer-se presente e sinto apertar meu coração de saudade e nostalgia.
Sinto muito, meu amor, sinto tanto. Mas precisas ir embora.
Sinto-me vazia e desolada tantas vezes... Sinto ciúme, receio e até inveja. As tuas consequências estão apunhalando-me.
Perto de ti qualquer emoção fica pequena e até mesmo desprezível, mesmo as paixões que julgo fortes, mesmo os gostares que agora tomam-me. Amor, arrisco dizer que és indestrutível.
Choro em nossa despedida. No fundo, no fundo, não era esse o meu desejo, mas é o melhor pra nós. Lhe tenho muito apresso, mas ainda prezo mais por mim.
Amor meu, tu não mereces ser lembrança triste. Melhor que sejas uma vivência passada com odor de coisa boa que uma força imponente, cada vez mais frustrada.
Meu amor, não quero desfazer-me de ti dessa forma, assim, em definitivo, pois conheço bem de mim e sei que sentirei a sua falta. Se for o caso, volte a minha vida, mas por agora vá embora sem pensar em retorno.
Só lhe peço que não se perca no caminho, que não desvie do destino que lhe reservo. Voe para longe, mas retorne, abra de novo os meus armários, estarei a esperar-te.

domingo, 28 de junho de 2009

Ruído

- Eu te amo.
- Melhor você ir dormir. Já tá tarde, depois vai ficar cansado, com olheiras, querendo dormir enquanto tem um monte de coisas pra fazer, não é mesmo?
-Eu...
- Ah, estou tão cansada. Acho que vou me deitar também. Ultimamente não sei o que tem me dado. Ando com tonturas, cansaços intermináveis, preguiça de fazer tudo. Sem contar a dor de cabeça que tem me matado. Eu devo ter um tumor, não é possível!
- Escute, eu...
- Acho que vou ao médico. Isso se tiver tempo, essa semana está uma loucura! Não paro, estou sempre de um lado para o outro resolvendo milhões de coisas.Céus, Diabo de cabeça pra doer!
- Olha, eu...
- Vou tomar um remédio. Já é quarto analgésico que tomo hoje. Antibiótico é coisa pouca para mim. Outro dia a Cidinha disse que estou virando hipocondríaca. Ora, vê se pode! Como eu vou fazer todas as coisas das quais sou encarregada se estou sempre morrendo de dor de cabeça.
- Ahn, é. Eu...
- Bom, vamos dormir antes que minha dor de cabeça aumente por falta de sono. E você também deve ir pra cama, levanta cedo amanhã! Queria dizer alguma coisa?
-Não, deixa pra lá.

Benefício da dúvida

É claro que a verdade é sempre o melhor, por mais dolorosa que seja, mas às vezes queremos nos proteger na esperança de um "sim", de um "não". Às vezes preferimos ficar na infinitude de um "talvez", um "quem sabe" à romper as barreiras e entrar na limitação de uma certeza.
A verdade limita muito a gente. Sabendo "com certeza" de qualquer coisa, ficamos sujeitos ao que isso nos impõe. Mas a dúvida não, ela nos deixa esperar, sonhar, planejar.
Sou das que prefere a verdade nua e crua, tal como ela é, mas ainda assim, existem situações em que eu prefiro não saber, ou melhor, não ter certeza.
A dúvida às vezes é gostosa, é menos dolorosa, gosto de me esconder nela. Qualquer angustia cabe dentro de um "talvez" e desespera com uma confirmação.
Eu sei, eu sei, eu sei. Já tive provas, mais e mais evidências. Mas é que às vezes eu prefiro não saber, em muitos momentos(como esse) é confortante estar confusa.
Poder dizer a si mesma, enquanto rola na cama "nunca se sabe".

segunda-feira, 22 de junho de 2009

A menina e o mundo ou a caixa que não era de pandora


A menina vivia no seu pequenino mundo.
Era uma garotinha bem pequena, de bochechas e imaginação farta, os olhos preenchidos de todos os questionamentos.
Tinha medo de olhar pro céu, porque achava que poderia desabar sobre ela e se achava tão pequena pra carregar o universo...
Tinha medo de escuro(e isso não mudou), mas acreditava em anjo da guarda e na luz lilás que protegia sua cama à noite.
Quando seu pai lhe perguntou o que era cor-de-rosa, definiu como "um vermelho devagar" e até hoje gosta dessa cor. Quando seu pai lhe perguntou o que era helicópitero, respondeu com ares de sabida que era "um carro com ventilador em cima", e assim era a menina e o seu mundo.
Às vezes ficava quieta, às vezes falava tanto que ninguém podia controlar.
Passava todo dia pela casa abandonada e ficava parada, procurando beleza ou então notando-a tão fácil que mais ninguém pôde ver.
Quase dez anos mais tardes passou de novo por lá, não tinha mais a casa, não tinha mais beleza. Fez pose de forte, mas voltou pra casa e chorou.
Ela achava algumas pessoas feias, mas nunca dizia. E se lhe perguntavam "Clara, ela é feia?", respondia "Tem olhos bonitos", ou algo do tipo. Acreditava que toda pessoa tinha algo bonito, mesmo que fosse o mais simples.
Tinha uma amiguinha do ballet, que achava feinha, feinha que só, mas ela tinha uma ruguinha no canto do olho quando ria... um encanto! E quando ela falava, a menininha só olhava pra tal ruguinha e já achava sua amiga bonitinha.
Hoje já acha as pessoas feias e até diz, mas continua procurando a ruguinha de graciosidade em cada pessoa.
Quando lhe perguntavam o que queria ser quando crescesse, fazia uma lista quilometrica "Cantora-atriz-bailarina-escritora-apresentadora de tv-astronalta".
A lista incluia todas as artes e outras mais. Gostava de tudo! Cantar, dançar, fazer bagunça, mas se encantava mais pelas histórias. Imaginava as palavras como bolinhas coloridas e cada uma delas tinha um gosto, que ela podia sentir só de escutá-las.
Contaram a ela, certa vez uma história, sobre a caixa de pandora. Ficou assustada, os olhos saltados das órbitas, seu primeiro contato com maldade, a falta de pureza começava a contaminar o seu mundo ingênuo. Pensou que Pandora era toda pessoa e a tal caixinha de males era o mundo.
Teve então mais medo de descobri-lo e foi ficando mais tímida e reservada. Menos exibida, menos falante e de noite cobria-se da cabeça aos pés e tinha medo mesmo quando pensava na poderosa luz lilás do anjinho da guarda.
Andava olhando pra baixo, preferia ver seus sapatos à correr o risco de ter o infinito sobre as costas, ainda mais com toda a história da caixa. Queria ser uma pandora menos curiosa, mas era tão inevitável com o mundo que ela ainda tinha pra descobrir.
Decidiu que tinha o direito de ser Pandora também, de errar, de abrir a tal caixinha e espalhar os seus males, como todo mundo.
Encheu-se de coragem para viver.
Entregou-se ao escuro por alguns minutos, permitiu-se subir nos brinquedos altos da lagoa, que tinha tanto medo, fez castelinho de areia e olhou pro céu. Assombrou-se! Como tinha passado tanto tempo sem aquela sensação? E depois daquele dia, nunca mais deixou de olha-lo.
Sentiu-se completa, preenchida de toda alegria.
Seu pai lhe perguntou naquele dia se era feliz e por que?
Apenas pode dizer que era, mas sem conseguir dar muitas explicações, afirmou confiante "Quem é feliz não tem porquê".
Sorria satisfeita pela sua coragem, por ter encarado a beleza do risco. O mundo não era a caixa de pandora, embora apresentasse elementos surpresas.
Coisas muito boas, e coisas muito ruins também, teve que admitir.
Mas depois já não sabia se preferia o seu mundinho, ou aquele mundão que era sempre uma nova aventura.
Hoje a menina Clara, embora um pouco mais crescida e de bochechas e imaginação já não tão fartas, chorou com medo do escuros e dos males que tem que enfrentar, esses perigos, dores, fragilidades que todos estamos sujeitos só por viver.
Eu disse a ela "Anime-se, menina!" "O mundo não é a caixa de pandora, já é motivo pra sorrir!"

quinta-feira, 18 de junho de 2009

Caos

Perdi-me na razão das coisas. Já não sei mais sentido e direção. Na verdade, talvez eu nunca tenha entendido isso. É normal de mim, demoro a entender as coisas.
Perdi-me no que acreditava, em minhas expectativas, dentro de mim mesma. Talvez nunca tenha em encontrado, talvez nunca vá. Possivelmente eu nem queira!
Perdi-me na razão das coisas, repito. Mas as coisas tem razão?
E eu, que razão tenho?
Questino, repenso, introspecto. Algo em mim busca explicação.
Tantas incertezas, clareza de nada.
Fujo do medo, temo temer, mas temo tanto que estou sempre nessa corda bamba do pavor.
Luz, cor, breu. Cor, breu, luz. Breu, luz, cor.
A voz já rouca cala, mas dentro de mim grita.
Que confusão! Já me disseram: todo mundo deveria se chamar confusão".
Eu me chamo, eu sou. Dentro de mim eu sou só caos.

Obs: não é pra ser bonito, muito menos fazer sentido.

segunda-feira, 15 de junho de 2009

(Re)invenção

Tenho essa mania de recomeçar.
De achar que vai ser tudo diferente, se eu quiser, que eu tenho o poder de dar um novo ponto de partida. Que é sempre hora de uma nova corrida.
Resolvo que é hora de mudar. Até fisicamente, mas principalmente dentro de mim. No fim das contas, acabo sendo a mesma. Mas esta ilusão de mudança é boa.
É novamente um momento desses.
Quero de novo uma reviravolta, quero ser outra pessoa, quero uma revolução dentro de mim.
Papo antigo, conversa clichê, no meu caso. Mas não me incomodo, é sempre hora de modificar.
Tenho sede de vida. De sensações, de emoções. Não adianta! Entra mudança, sai mudança, eu continuo assim. Isso está no muito que fica(ou pouco que sobra) de mim.
Faz parte da minha mais nova revolução aceitar esse fato e tirar partido.
Pode ser besteira essa mania, essa coisa minha. Que seja!
Mas detesto viver de mesmice, de não ter pelo menos, a sensação de estar caminhando para algo novo.
Por que não nos reiventarmos?

segunda-feira, 8 de junho de 2009

Romance intercultural


Pedro nasceu em Campo Maior, no Piauí, mas saiu de lá logo depois de terminar o colégio, com a desculpa de ser doutor na capital, mas o que ele queria mesmo era ir pro Rio de Janeiro estudar fotografia, e assim o fez. Conforme era sua vontade desde menino.
Anos depois sentiu saudade de casa e dos pais, com a sua câmera em mãos decidiu que ia fotografar sua cidade, o cenário onde tudo havia começado e onde lhe dera o primeiro impulso de correr mundo afora.
Com o título de "batedor de retrato" foi recebido pelos pais com abraços afetuosos. Queriam mesmo que ele estudasse medicina e morasse mais perto, mas pai é "bicho besta" (como dizem por aquelas bandas) e por fim, acabam orgulhosos dos filhos, sejam eles o que forem.
O festejo de Santo Antônio mal tinha começado, restava a Pedro duas semanas por lá.
Começada a procissão, Pedro perdeu-se na multidão que seguia cega e devotada a imagem de santo Antônio. Com a câmera em mãos, ficou enxergando o espetáculo pelas lentes.
Viu uma velhinha com um pano na cabeça e vestido florido, achou graça, um click. Viu a expressão de satisfação do patrono da festa que carregava a imagem de Santo Antônio com toda a responsabilidade, admirou-se, outro click.
Viu uma criança que empurrava os outros e fazia baderna atrás de um cachorro magro, mais um click. Estava começando a gostar da festa.
A lente de sua câmera passeou pela multidão que caminhava a esmo, avistou Maria. Mas à essa altura estava longe de saber que era esse o nome daquela moça tão formosa. Clicks e mais clicks, quis registrar toda a movimentação dela. Depois que viu Maria, não viu mais nada.

Maria adorava essa época. Mais que carnaval e mais que fim de ano. Nascida e criada em Campo Maior, adorava ver a cidade nessa agitação toda. Irmã de duas meninas namoradeiras - Ana e Antônia- Maria era o que podia se chamar de "cética". Não acreditava muito em paixão e nem se interessava pelos rapazes com os quais convivia. Em todo caso, não era muito cobiçada. Não por falta de beleza ou qualidades, mas possivelmente por não dar espaço para tais galanteios.
Sufoca pela multidão, saiu escapando entre as pessoas para tomar um ar. Sentou-se na calçada e ficou vendo tudo acontecer como em filme. Tinha essa mania de imaginar a sua vida cinematográfica. O céu exibia estrelas e milhares de constrelações e Maria tinha impressão de que estava mais bonito que nunca, só mesmo pra'quela ocasião que considerava tão especial.
Deixando seu objetivo de fotografar a procissão, Pedro saiu à procura da moça que tinha lhe roubado a atenção desde o primeiro instante. Avistou-a sentada na calçada, tão sozinha e pensativa, o céu e a multidão servindo de moldura. Mais click em sua câmera.
Seus olhares se cruzaram e as coisas ficaram embaçadas, só um ao outro ficavam cada vez mais nítidos. Sorrisos foram trocados.
Maria passou a imaginá-lo parte do filme que inventava e Pedro decidiu que ia fotografá-la, mas pelas retinas de seus olhos cada vez mais encantados por ela.
A conversa e o namoro de olhares na calçada durou a procissão inteira e se repetiu durante todos os dias do festejo. Os dois pareciam de mundos diferentes, mas adoravam desvendar um ao outro.
Enquanto Maria se perguntava confusa o que acontecia, Pedro se confirmava cheio de certeza.
Quando finalmente se beijaram, Maria achou que o céu fosse cair sobre os dois, tamanha foi a sua sensação de vertigem e Pedro tem certeza de que estavam acima das estrelas naquele instante.
Maria achava engraçado a maneira de Pedro de falar tudo que tinha "s" e quando voltava pra casa ficava imitando e rindo sozinha, causando estranhamento por suas irmãs, que nada sabiam do que acontecia. Pedro achava bonito o que Maria dizia e também o jeito dela de dizer as coisas. Quando ela ia embora ficava um tempo ainda prostado à porta de sua casa pensando "Maria, cheia de graça!"
Terminado o festejo, a história de Pedro e Maria estava longe de ter fim. Não se aguentaram de saudade, não conseguiram sustentar nem uma semana a ideia de viver um sem o outro.
Vão vivendo então de viagens e mais e viagens e cartas demoradas e repletas de saudade. De Rio à Piauí, os dois vão vivendo esse romance intercultural.
Sem saber ainda o final, Maria vai somando cenas e sensações à seu filme, que já é um longametragem e Pedro vai focando Maria por suas retinas ou pela lente de sua câmera, à cada foto que tira.