quarta-feira, 15 de julho de 2009

Colombina, sempre colombina.


Colombina acordou cansada. O cochilo durante a tarde não lhe resultou nenhum descanço. Ainda sonolenta procurou o celular com a mão. Quatro chamadas não atendidas. O sono deu brecha para uma leve animação e expectativa, mas ao constatar os quatro que lhe procuraram, o sono pareceu maior.
Às vezes sentia-se mal por essa sensação de quase enjoo que lhe davam os pretendentes(quase não, enjoo mesmo. E uma ânsia de vomito que a todo instante parecia se manifestar).
Quase nenhum encanto a envolve por muito tempo. Sonha, pensa, imagina, mas depois que realiza... quer esquecer.
Não atende no dia seguinte, e se encontra na rua anda depressa e faz que não vê. Que feio Colombina! mas no fundo não importa- se tanto assim.
Arruma-se, arrisca-se, mas não envolve-se. Não por muito tempo.
Faz pose, faz charme, consegue. E já não quer mais...
De longe, tudo lhe atrai. Um jogo de sorrisos, uma troca de olhares, mas ao chegar mais perto o asco lhe toma de novo. O enjoo, a vontade de ir embora, de trocar de par.
Acumula os pierrots em seus diários e em ligações não atendidas no celular.
Mas entre quereres passageiros e pequenas rejeições, Colombina notou também um olhar, que não desviou sua rota para olha-la(não por muito tempo) e então seu coração carnavalesco e frágil se vendeu para essa emoção. Aparenta exigência, mas no fundo, precisa de pouco. Só precisa sentir.
E agora é bailarina na caixinha de música dessa emoção, que lhe maltrata mas lhe mantêm viva.
Queria ela não ter visto Arlequim. Ai dela se não tivesse o visto!
Exibe-se ao máximo na marchinha que virou valsa e às vezes atrai toda a atenção do Arlequim, outras tantas dança sozinha numa espera cansativa e constante pelos olhares do rapaz.
"Tome jeito, Colombina". Lembra-se das vozes e repete-se com sono e o celular ainda em mãos.
Na verdade pouco ouve a si e (muito menos) aos outros.

Ainda dança, ainda sonha, ainda sente...
Não livra-se nunca desse carnaval.

3 comentários:

Júlia Borges disse...

Deixa o carnaval passar em seu tempo, Colombina. Ninguém disse que não é pra ser assim, e se disse... Bobeira! O carnaval tem seu tempo e deve ser respeitado. Os pierrots estão no devido papel e se ousaram pensar que poderiam ser seu Alerquim, pobre deles... Eles que arranjem suas próprias Colombinas quando seus carnavais passarem.

Beijos

Marcela disse...

Ah, Clarombina... Eu não vou nem dizer nada porque você sabe bem o meu olhar.
Eu te amo! O texto está maravilhoso como sempre e só pra variar, estamos sentindo a mesma coisa.

Beijos minha linda

Isa disse...

"Mesmo quando ele consegue o que ele quis,
Quando tem já não quer
Acha alguma coisa nova na TV
O que não pode ter
E deixa de gostar
Larga mão do que ele já tem
Passa então a amar
Tudo aquilo que não ganhou"