sexta-feira, 19 de dezembro de 2008

Sem razões.

Seria mais fácil se nos apaixonássemos com a razão.
Se escolhessemos a pessoa que morasse mais perto, concordasse do ponto de vista político, gostasse das mesmas músicas, das mesmas coisas, torcesse pelo mesmo time, gostasse de praia como você, ou da casa em Itaipava nos fins de semana. Tivesse os mesmos planos, os mesmos objetivos, quisesse os mesmos nomes para os filhos, entendesse seus problemas, sua cólica mestrual, seu mau humor de manhã, a necessidade de elogios e confetes. Enfim, a pessoa em todos os sentidos apropriada.
Mas não nos apaixonamos por gentileza, ou compatibilidade.
Seria melhor se gostássemos de alguém porque ela vive a mesma fase, o mesmo momento, tem a mesma idade ou as mesmas perspectivas. O nosso vizinho, alguém que pudessemos ver todo dia de manhã no elevador ou aquele bom partido que a sua mãe tanto sonha.
Mas não nos apaixonamos porque "daria tão certo", ou porque "seria mais fácil".
Nos apaixonamos pelo abraço, pelo olhar, pelo fervor que dá o encontro das mãos, pelo jeito que a pele cora sem querer, só por um sorriso.
Nos apaixonamos pela voz, pelo toque, pelo jeito que os corações batem quando próximos, pelo jeito que a outra pessoa consegue te encantar só olhando, andando ou contando como foi sua tarde.
Nos apaixonamos pelo que pega fogo dentro de nós,pelas borboletas que agitam na barriga, pela voz que insiste em não sair (mais que o normal).
Nos apaixonamos sem ligar para as pedras no caminho, pra incerteza, pela corda bamba que pode ser um relacionamento, e talvez principalmente por isso.
Seria muito bom ter a relação "perfeita", o namoro dos sonhos, ou a história mais fluente e correta, mas a graça está na adrenalina e a beleza, são as curvas sinuosas e imperfeitas das emoções mais intensas.
Ah, se gostássemos com a razão.
Mas não nos apaixonamor por isso...Ainda bem.

terça-feira, 2 de dezembro de 2008

6:30 marcava o relógio. Todo mundo de férias e eu indo cumprir o que me restava pra passar de ano, a famosa recuperação. Caindo de sono, de frio, de preguiça, mas ainda assim tudo estava lindo.
A rua deserta e feia, mas pra mim tudo com brilho e borboletas cintilantes. Será que só eu estava ouvindo os passarinhos cantando? Devo ter ficado doida, penso e rio do próprio pensamento.
Faço com atenção e sorridente aos exercícios e atravesso os longos tempos de aula querendo pôr logo um fim naquilo, pra voltar a viajar e deixar meu pensamento pousar onde ele realmente queria. Cada passo, como um ballet, com delicadeza, leveza, de quem ainda está na nuvens.
Tudo de repente ficou mais brilhante. Só eu percebi?
O que está acontecendo comigo, afinal? Não sei se preciso entender.
Desde sexta as coisas estavam embaçadas e agora tão coloridas e brilhantes. Essa incerteza do que está acontecendo e do que vai acontecer foi capaz de derrubar todas as certezas que eu achei que tinha. E sabe do que mais? Gostei mesmo foi de ficar nessa dúvida, e de ver tudo dez vezes mais bonito.

quarta-feira, 26 de novembro de 2008

Para Bruna


Beleza, leveza, sutileza.Foram as primeiras palavras que imaginei.Rimaram, pensei sorridente, acreditando que era um bom começo.Escrever algo bonito era o maior objetivo,algo que se equiparasse a tudo que noto.Tentei reconstituir a cena.Lembrar do sorriso, do olhar, do jeito.Brilho! Foi tudo que consegui resgatar daquela noite e de fato, o que eu mais notei dentre tantas boas características.Como brilha! Como tem luz em tudo que faz, como reflete essa luz aos olhares observadores como o meu, feito mágica.Mais que uma boa voz, uma voz sentida, que atua, que brinca e que ao fingir acredita no que canta, fazendo a gente se questionar se a menina apenas representa ou vive o que está sendo dito.Muito mais que a beleza, essa beleza superficial. Linda! Linda sim, na natureza mais primitiva e essência máxima da palavra.Como explicar o meu encanto, de fundamento que até eu desconheço? Como adjetivar, caracterizar sem ser vaga, alguém que me fascina de tombar, como?Como agradecer a importância que já adquiriu na minha vida e a graça de menina baiana que já coloriu meu preto e branco e fez toda a diferença.Como agradecer se faz sem querer. Se não ser flor, é fugir à sua própria essência.


Obrigada, Bruna.Por ser minha amiga e por ter essa voz tão linda que é um alento para a alma.

terça-feira, 25 de novembro de 2008

Mulher de verdade


Acabei de olhar uma revista onde a manchete principal dizia "Alessandra Ambrosio - a mulher mais sexy do mundo".
Embora eu ache que essas revistas servem somente para deprimir as mulheres que não conseguem ter corpos esculturais, resolvi olhar. Afinal, é bom ter um parâmetro do que está sendo valorizado.
A mulher era realmente bonita. Cabelos tingidos, corpo malhado, algumas cirurgias plásticas para tirar barriga, pôr peito, bunda e o que mais faltasse. A dieta: Algumas folhas de alface e horas de academia. A entrevista que vinha logo depois da foto muito bem pousada, maquiada e alterada no photoshop, revelou que junto com a falta de barriga, celulites e estrias, vinha também falta de cérebro. E um pequeno comentário da própria revista que dizia "Isso é que é mulher de verdade".
Não entendi. corpo falso, cabelo falso, pensamento falso, ensaiado. O que há de "de verdade" em tudo isso? Concordei que a moça era mesmo linda, até sexy também. Mas pra mim, ela é mulher "de mentira". Aquilo me enojou, fechei a revista.
Como não ser maravilhosa com horas de academia, sem se dar ao luxo de um doce, sem filhos, sem lavar roupa, sem carregar sacola de compras, sem ter que se dividir em 20 pra suprir tudo que lhe é exigido? Como não ser a mulher "mais bonita" do mundo vivendo somente em função disso, de uma vida vazia que só valoriza as marcas, o dinheiro e toda essa "beleza"?
Me arrisco a dizer que assim é fácil!
Eu quero ver continuar linda depois de uma gravidez, de quilos a mais, de manchas de sol, mesmo com algumas celulites e nem tantas horas de ginástica, com filhos pra buscar na escola, dando conta da casa, do trabalho. Eu quero ver continuar assim tão sexy quando as marcas da idade começarem a marcar o rosto liso e esticado, sem os tratamentos importados, sem maquiagem, à qualquer hora do dia.
Corpos de plástico, cérebros de plástico. Desde quando e por quê essa perfeição fabricada virou símbolo de "verdadeiro"
Continuar maravilhosa depois de um dia de trabalho, de filhos e de casa, de problemas, com rugas, quilos a mais, cansaço e suor e as imperfeições cotidianas, isso sim é ser mulher de verdade.

segunda-feira, 24 de novembro de 2008

Ostra feliz não faz pérola


Meu pai olhou nos meus olhos cheios de dúvida e me disse com a voz doce e morna "Tenha paciência, filha. Ostra feliz não faz pérola."Era pequena, não entendi. Naquele momento e até o fim do nosso passeio de domingo a frase ficou martelando dentro de mim, fiquei tentando entender o que poderia significar, depois não dei mais bola, esqueci. Mas ficou arquivada dentro de mim esperando o momento certo para fazer sentido.As palavras do meu pai tem esse poder : de ser atemporáis e inesquecíveis.

Certo dia, em passeios solitários por uma livraria, como costumava fazer com meu pai, meu olhar curioso avistou a frase. Nos paqueramos por alguns instantes e logo o livro de Ruben Alves estava dançando em minhas mãos, revelando o que meu pai quis me dizer.Eu, ostra, animal manso, presa fácil, criei a concha dura dentro da qual vivo. Não me abro, há dor. Há um grão de areia.

Carrego esse grão com amor e fardo, desejando e negando a sensibilidade com a qual fui presenteada e amaldiçoada, pois nada mais difícil e delicioso que sentir em maior porporção.

Carrego meu grão. Ora arrasto com desprezo, ora envolvo com carinho. Guardo na concha para esconder, para proteger. Empurro, reclamo, mas não me desfaço, não quero.

Abro mão do sorriso constante. Prefiro dividi-lo com lágrimas sentidas e pensamentos sofridos, ganha mais valor.

Meu pesado grão! Gosto de tê-lo aqui. Doendo, coçando, mexendo, fabricando sempre mais uma pérola.

quinta-feira, 20 de novembro de 2008

Motivo

Já me disseram que quem escreve exorcisa. Concordo. Jogo nas palavras toda a carga das minhas emoções, sejam elas boas ou ruins.
Se quem canta, espanta os males, não sei. Mas com certeza, é mais feliz.
Se tudo anda ruim, procuro cantar. 15 minutos, meia hora, ou pelo menos uma canção. Que me alegre ou que traduza o que sinto no momento.
Se tudo vai bem, se é o melhor dos momentos, quando ganha trilha sonora, alcança a eternidade.
Não ligo para a voz que desafina, que sai do tom, eu canto. E tudo ganha maior encanto ao seguir as notas musicais.
Canto os grandes compositores que admiro, as músicas que me tocam e até mesmo minhas bobas canções autorais.
Também danço e fecho os olhos. Sozinha no quarto ou na frente de todo mundo, deixo ir a vergonha e com o suor do meu corpo, sai tudo que há de indesejável.
Canto mais alto pra me proteger de tudo que há de hostil, me envolvo na bolha da minha própria voz e esqueço do que há de mal, naquele instante.
A canção que saí do coração e atravessa minha garganta até chegar aos ouvidos, carrega um tanto de mim, um tanto do que sinto e do que fala a canção.
Esse momento de mágica me faz continuar a cantar, sem mais nem por quê.
Me conhece melhor que ninguém, aquele que me ouve cantar com liberdade e sem vergonha de desafinar a canção que me revela.

"Eu canto porque o instante existe e a minha vida está completa"
Cecília Meireles.

quarta-feira, 12 de novembro de 2008



vida às vezes leva as pessoas por caminhos diferentes.O destino ou o acaso, de vez em quando, mudam a direção do que parecia escrito, certo, para sempre.As mudanças nos tiram o convívio, a intimidade, os encontros diários, a graça que achavamos de algumas coisas bobas. Em alguns casos, até a confiança.Em vidas parelelas, as pessoas se modificam, viram muitas vezes outras e passado o tempo, não se tem mais nada em comum.Provavelmente, a maioria de nós irá se separar. Logo virá a faculdade, novos mundos, novas fases, novas pessoas. Um mundo totalmente novo se prepara para vir em nossa direção.Que a gente consiga ter a força suficiente para encarar o que há de vir.Ficará com cada uma de nós, nessa longa trajetória que ainda nos resta, o que aprendemos, o que viemos a ser, o que descobrimos juntas nos melhores anos de nossa juventude. Deixando de ser criança e começando a descobrir as coisas, a ter uma visão diferente e reparando coisas que antes, nem se notava. Quantas descobertas! Quantas manhãs compartilhadas, trabalhos de grupos, festas, fofocas, choros, risadas, mãos dadas para passar o medo, olhos fechados pra fugir do perigo, ou aquele abraço forte pra imortalizar o momento ou só mesmo, pra demonstrar carinho.Daqui a uns anos, é possível que tudo seja diferente.Eu não seja mais a que vocês conheceram, e vocês também, bem diferente do que eu vi. Que fiquemos juntas para sempre nas fotos, nas lembranças.Que fiquemos juntas nas histórias que lembraremos nas tardes chuvosas, que contaremos em uma roda com novos amigos, que exemplificaremos para nossos filhos.Que lembremos de como éramos quando nos faltar a meninice que hoje, salta de nossos sorrisos, que lembremos de como costumávamos achar as coisas bonitas, quando perdermos a inocência, e mais que isso : Que lembremos umas das outras, ao longo da vida, porque uma amizade tão bem construída, forte, firme é capaz de ir como o vento, por novas aventuras, mas não se apaga dentro de cada coração.Hoje estamos juntas. Mesmo com a distância, a falta de tempo, graças ao orkut, ao telefone e aos meios de transporte e comunicação modernos, mas não se sabe o que está por vir. Apenas queria que soubessem que haja o que houver, as levarei comigo em algum lugar de mim, da minha história, por todos os momentos que compartilhamos, emoções que vivemos e a amizade que cultivamos.

Poemeto erótico

Fitei os seus olhos doces, eles queimavam de desejo, de um jeito que me fez corar as bochechas.Cheguei meu corpo mais perto do seu, suas mãos tocaram minha cintura com firmeza.
Ele conseguia ser delicado e viril.Meu rosto ficou colado ao seu pescoço, o cheiro que me entorpecia. Beijei seu rosto com carinho.Envolvi meus braços em seu pescoço, segurei-os com força, beijei-lhe a boca com desejo. Seu beijo estava ainda melhor.Minhas mãos seguravam seu rosto, enquanto suas mãos passeavam leves, soltas por mim. Nos aproximavamos à cada instante mais, e eu queimava de amor e de vontade.Tirei a camisa que lhe cobria o corpo, o corpo que fazia, naquele momento, parte do meu. Beijei cada quinhão da sua anatomia perfeita e me deixei desassisar pela batida alta e rápida do seu coração. Abriu meus botões com delicadeza e calma, como se quisesse apreciar cada parte que aos poucos se deixava à mostra do meu corpo, cada parte que era sua também, que conquistava e possuia à cada toque.
- Teu corpo claro e perfeito, teu corpo de maravilha...
Sussurrou o poemeto erótico de Manuel Bandeira em meus ouvidos
Seu corpo se pôs sobre o meu. Senti seu calor, seu perfume, nos confundimos no entrelaços de dedos e pernas,fiquei sem saber onde começava meu corpo e onde terminava o seu.
Olhou detalhadamente a junção dos nossos corpo, analisou cada pedaço de mim, de maneira que me causou uma vergonha boba e boa.
- Quero possuí-lo no leito estreito da redondilha...
Continuou a recitar
-Eu te amo - sussurrei.
-Eu te amo mais - ele disse
Segurou-me com força, como se quisesse me impedir de ir embora. Como se eu fosse embora...
Cheirou meu pescoço e meu colo, que estavam muito próximos dele.
- Teu corpo é tudo que cheira...
Rosa...flor de laranjeira
Pegava emprestado as palavras de Manuel Bandeira, e essas me deixavam zonza com o som da sua voz.
- Teu corpo, branco e macio,
É como um véu de noivado...
Deslizou suas mãos por mim, não deixando que restasse nenhuma parte sem seu toque.
- Teu corpo é pomo doirado...
Rosal queimado do estio,
desfalecido em perfume...
- Teu corpo é a brasa do lume.
Completei. E foi minha vez de segura-lo forte. Meu corpo pediu que não me soltasse, que não me deixasse, que fizesse parte de mim.
- Teu corpo é chama e flameja
Como à tarde os horizontes...
Ouvia sua voz morna , mas dos seus olhos parecia sair a poesia. Os olhos verdes, hipnotizantes, que há muito me tiravam da realidade.
- E puro como nas fontes
Beijou-me a testa com carinho
- A água clara que serpeja,
Que em cantigas se derrama.
Pôs -se completamente sobre mim,apertei com desejo e gosto suas costas
- Volúpia da água e da chama...
Sussurrei.
Me olhava de um jeito doce, de um jeito ardente, de um jeito único.
- A todo momento o vejo...
Teu corpo... A única ilha
no oceano do meu desejo.
Senti sua boca, seu coração. Senti que éramos um só corpo, senti sua presença dentro de mim.
Vi a rosa em cima da cama, vi seus olhos, depois não vi mais nada.

Quanto tempo dura um "eu te amo"?

Uma semana, um mês de distância, quantos dias?
Um pensamento, até chegar outra pessoa, ocupações?
Por quanto tempo ainda pensou ou pensará em mim, se encantará, desejará?
Já me esqueceu?
Disse que me amava, que me queria. Já se apagou? Já passou?
Foi com a chuva, com as barreiras, com a dificuldade?
Quanto tempo dura um "eu te amo"?
Eu sinto saudade...

segunda-feira, 10 de novembro de 2008

Retalho


Meu coração é um mosaico.
Despedaçado e colado, remontado, concertado de todas as vezes que já se quebrou, se espatifou alto de alguma emoção para a qual foi voar.
Sim, e no final, acaba funcionando e virando até obra de arte.
à cada crise é preciso primeiro ver o que sobrou, juntar os cacos, outros tantos decidir que é hora de jogar fora. Catar aqueles sem os quais o desenho não se completa e descartar outros tantos que podem ser substituidos até por uma questão estética.
às vezes parece meio incompleto e imperfeito mas basta um pouco e outros pedacinhos novos vão completando o desenho que cada vez fica maior.
São tantas peças diferentes, nuances, cores, que se encaixam mal ou bem, mas acabam por conviver quase em paz, os pedacinhos todos.
Quando finalmente parece que acabou, que lá está, remontado e bem colado, pronto e seguro para assim ficar, de novo se soltam partes, quebra-se e é a hora de fazer tudo de novo.
E o mais engraçado é que quanto mais remendado e imperfeito, mais mal feito e confuso ele fica, mais bonito é de se ver.

quarta-feira, 5 de novembro de 2008

A arte do encontro

Ainda não fiz muitas coisas na vida. Talvez pela falta de tempo, de idade, talvez por destino, incapacidade, falta de tato, oportunidade, ou sorte, não sei.
Não causei impacto, não tive grandes feitos. Ainda não me descobri um astro de rock ou um gênio. Não fui uma criança prodígio, não tenho talento que me destaque, sou uma aluna mediana. Provavelmente o tempo não me fará grandiosa. Terei filhos, emprego e um salário que apenas pagará minhas contas, com sorte, algumas viagens de férias, e então vou entender tudo que minha mãe diz.
Os sonhos que hoje brotam quase geneticamente pela juventude serem cobertos de realidade quando a maturidade for apagando a meninice inconsequente da minha alma.
Terei uma vida normal, serei uma pessoa normal como tantas outras, continuarei perdida na multidão do anonimato, mas algo me salva e me salvará da mediocridade.
Pouco aprendi, nem tão pouco amadureci. Não cresci, nem construi, não modifiquei à ninguém e muito menos ao mundo, mas tenho a tendência à grandes encontros.
Em uma estante confusa, normalmente, pego o livro que sem querer mudará a minha vida, se abro uma página, passo os olhos pela frase que me será o insentivo ou consolo necessário.
Se mexo em caixas velhas, se arrumo o quarto ou armário, cismo de abrir uma velha pasta e acho antigo que só agora fez sentido. Descubro no silêncio e mesmo nos lugares mais improváveis, pessoas-flores que perfumam e preenchem minha trajetória de beleza. E até mesmo quando resolvo não seguir o meu instinto e esperar, algo sempre vem em direção à minha vida banal. Tantas coisas que eu nem merecia ter, conhecer, mas que mesmo sem por que, me encontram.

"A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida"
Vinícius de Moraes

quinta-feira, 23 de outubro de 2008

Roi três unhas, separei minhas pontas duplas, aumentei o volume da música. Era o jeito de amenizar minha angústia.
Qual o real sentido da grosseria, da frieza? Um mal dia não justificava, muito menos ocupação.
Que inferno! Por que me importava tanto?
Poderia dar atenção para as milhões de luzes laranjas que piscavam sem cessar no msn, poderia acetar os elogios interesseiros dos meus galanteadores e contentar o ego, por essa noite. Por que nada mais me interessava?
Puxei o livro, li as páginas suficientes para amenizar a angústia. E logo me deu uma vontade de falar, de perguntar, de entender. O orgulho foi mais forte. Se não vier falar comigo, não falarei nunca mais, pensei com uma segurança mentirosa.
Me dissolvi nas suas primeiras palavras. Afinal, por que elas tinham que ser logo "eu te amo"? Talvez intencionalmente pra me derreter, talvez intencionamente pra se declarar. Tentei não pensar nas possíveis intenções.
Tive vontade de te abraçar e não soltar mais. De te dizer as coisas bonitas que pensei.
Afinal, eu tinha a resposta para as minhas perguntas anteriores. Me deixas tão maluca, tão vunerável e desorientada, simplismente porque eu te amo.

terça-feira, 21 de outubro de 2008

Meus pensamentos já não se voltam para ti. Não, não mais. Até me esqueço que existes até que alguém ou algo venha a me refrescar a memória. Não choro mais, nem passo meus dias imaginando o que fazes. Oras! Tenho mais o que fazer.
Quando ficas distante, posso dizer com sinceridade, que és indiferente.
Mas por obra do destino, que digo logo, é um sacana, voltas sempre à minha vida.
Seja numa reunião de amigos, em uma festa, em um show, por algum evento ou pela curiosidade de fuxicar o orkut que está na minha página. Voltas.
E quando voltas vem a sua volupia, o seu cheiro, o seu jeito que já tinha me esquecido como era. Vem toda a sua bobeira, a sua infantilidade, a sua indiferença por mim que me deixa maluca. Como podes não me notar, penso com arrogância.
Quando voltas sinto tremer as pernas, o coração bater bem rápido e a mesma vontade de anos atrás de te agarrar, de apertar-te forte a nuca e beijar os lábios fartos com desejo, de sentir a mão áspera e cheia de calos deslizando pela minha cintura e segurando firme, de um modo que não me permite sair, de um modo que me deixa zonza.
Enquanto estou no mesmo ambiente que você não consigo me desligar de tais pensamentos, não consigo imaginar outra coisa que não seja nossos corpos juntos, meu coração perto do teu, será que isso não acaba? Penso impaciente por sentir tal emoção AINDA.
Fica por minutos, horas, às vezes dias essa sensação, depois se vai. E eu me esqueço.
Vou viver outras paixões, outros desejos. Mas se dizer que me quer, eu deixo, eu largo, eu abandono qualquer plano por esse desejo insaciável.

segunda-feira, 20 de outubro de 2008

Você me abraça, e agitam-se as borboletas dentro de mim.
Saltitam serelepes, batem suas asinhas incontroláveis e me deixam sem saber como agir.
E se me sorri, as borboletas deslizam lestas, hipnotizadas, desbaratinadas pelo efeito que causa o seu sorriso no seu rosto.
Se me olha no olho, sinto bater pesadas as asas, tensas, sinto pesá-las na barriga, não consigo sustentar o olhar que me dá uma vergonha, um ar sem graça.
Se faz a voz severa e diz que é preciso conversar, sinto morrer algumas, se golpeiam, perdem a direção e ficam tontas, caindo, tombando e me doendo o estômago.
Mas se a voz volta doce, suave ,pra dizer que me ama, as incansáveis borboletas se alegram e voam com entusiasmo, sem pensar na emoção que as fará bater as asas logo mais.

quinta-feira, 2 de outubro de 2008

Vi-me novamente na frente de dois caminhos, onde a escolha de um, seria negar o outro.
Eu poderia enfraquecer-me, juntar-me às minhas lembranças e as remoer por meses a fio. Poderia ficar e deixar que a melancolia e a falta chegassem até a mim e doessem. Ou eu poderia me fortalecer. Não esquecer, mas deixar quietas as pequeninas memórias e seguir.
Não tive tempo de escolha, de voltar atrás, embora eu acreditasse que enfraqueceria, algo dentro de mim optou involuntariamente pela segunda opção. E a solução? Um recomeço.
Algo dentro de mim falou mais alto,gritou, lembrou de como eu costumava ser : forte.
Juntei os cacos do meu coração, joguei fora alguns, remendei com carinho outros tantos, e apesar dos pesares, ele se sentiu completo.
Peguei então uma estrada, sem saber onde daria e encantadora por essa dúvida,e segui andando sem pensar em voltar.
Nessa estrada,onde estou ainda,existem tantos obstáculos,coisas maravilhosas e eu tropeço,até caio,mas não olho para trás,não cabe nesse caminho retroceder.
Seguir,caminhar,continuar nessa estrada que me leva em direção ao novo,à um novo fantástico que cada vez mais, quero desvendar.

segunda-feira, 22 de setembro de 2008

Sonetinho à toa

Meu sentimento nasce sem razão
vem sem motivo, sem explicação
É vagabundo,nobre,traissoeiro
sincero,intenso,eterno e passageiro

A minha vida é feita de emoção
No meu caminho manda o coração
a minha estrada é sempre perigosa
As minhas linhas, curvas sinuosas

Nem sempre digo tudo que eu sinto
Mas sinto sempre aquilo que eu digo
Quis escrever ainda que sem motivo

Quis escrever ainda que fosse curto
embora fosse pouco,mesmo sendo oco
um sonetinho tolo e verdadeiro.

Velho demais da conta[2]

A dor não acabou,
a ferida não sarou
mas a lágrima não mais caiu.
O poço não secou,
o coração não congelou
mas o corpo ainda não se erguiu.
As canções calaram, as lembranças estancaram
Mas a chama aqui dentro ainda não se apagou.
Os dentes que rangem
as unhas que rasgam
mas que ainda não arrancaram
a saudade cravada aqui.
A alma entristece
o corpo adoece
mas eu consigo sorrir
A dor que ainda lateja
o sangue incoagolável,ferida inestancável
que um dia há de sarar
Saudade insaciável,amor inabalável
Sofrimento inestimável
Que o tempo há de apagar

Pra sempre (velho demais da conta)

Quero tocar seus lábios até a última folha cair
Quero estar em teus braços até o último luar
Quero ouvir tua voz até o último cantar dos pássaros
Quero que seja com você, o último dos abraços.
Quero tua mão tocar até o nascer do último sol
Estar do teu lado também no último pôr-do-sol
E ser tua até o brilhar da última estrela.
Com você eu posso voar,
eu já não me importo com o mundo,
eu sou mais feliz à cada segundo.
Porque do seu lado nada importa,é perfeito
Não o que contestar, o que explicar nesse amor sem defeito
Porque do teu lado não tenho dúvidas,medo,segredos,nem pensamentos
só uma certeza: Quero te amar até o fim dos tempos

quarta-feira, 17 de setembro de 2008

(antigo e sem título)

Do cheiro à textura, da capa ao conteúdo, adoro livros.
Talvez isso seja herança familiar, uma questão genética
mais ciência que particularidade da minha personalidade.
Meu pai acumula mais de três mil livros, tendo todos etiquetados, catalogados,organizados por estilo, ordem alfabética e devidamente lidos.
Minha mãe afirma que além da própria experiência, a única coisa que modifica de fato as pessoas são os livros.
Aprendi que a melhor maneira de eternizar os sentimentos,é transformando-os em palavras. E desde sempre, o fiz.
Lembro da primeira poesia que aprendi na escola, " sandalhinha cor- de-rosa", minha fixação por Casimiro de Abreu poetizando a aurora de sua vida, o primeiro concurso da escola, as palestras dos escritores, minhas tantas perguntas.
Minha alegria nas aulas de redação, procurando dentro de mim um pouco do tema, tentando traduzir meus pensamentos.
Meus diários, quantos diários.. Quantas aflições,quantos sentimentos,quantas sensações boas e ruins que eu só sosseguei quando viraram palavras.
Como grudei no meu primeiro livro de poesias do vinícius e como eu me apaixonei por Mário Quintana, como eu quis e quero ser tão grande assim.
Como "corda bamba" mudou minha vida e como dei um jeito de tornar as pessoas que cruzam o meu caminho personagens para que nunca sejam apagadas.
Como tenho prazer em passar os olhos sob as palavras e me deixar emocionar por elas, como eu fico feliz quando posso ajudar,alegrar alguém com minhas rimas,textos e poesias.
Dei ao meu pai, quando tinha 8 anos,um presente de dia dos pais um pouco diferente. Tentei traduzir o que meu coração sentia por ele. Amor,admiração e até minhas críticas e saudade, poucos meses depois eu lançava “as maluquices do papai”
As pessoas tinham muitas perguntas a fazer pra menina que aos 8 anos escreveu “um livro”. “Por que você escreveu?” “Por que pensou em fazer um livro?”
Ficava sem graça mas o que eu podia responder além de “porque gosto”.
Perdi a conta de quantas histórias tenho na cabeça,algumas começadas em antigos cadernos e personagens que eu criei e/ou me apaixonei.
Tenho tanto a ainda pra dizer, ou melhor,escrever e espero que consiga!

Monólogo (mega antigo)

Eu te amei à cada dia, à cada ar que entrou em meus pulmões,à cada passo que eu dei.
à cada manhã e a cada pôr-do-sol,à cada lua e estrela que eu vi nascer no ´céu.
à cada flor que veio na primavera , e à cada folha que o outono levou.
Do fio de cabelo ao dedo do pé.
Eu amei,à cada lembrança tua,à cada palavra tua, à cada abraço teu.
Eu amei,à cada beijo teu,à cada gesto teu,à cada ausencia tua.
Quando meus olhos fecharam e quando abriram novamente.
Eu te amei,Da forma mais linda,plena,terna,desarmadaDa forma mais pura,ardente,desesperada
De todas as formas que se pode amar alguém.
Eu perdoei,Cada falha,cada erro,cada defeito.
Eu admirei,Seu jeito de ser,de pensar,seus trejeitos.
Eu quis ser tua todos os dias, e fui.
Numa entrega completa.
eu amei, com todo o meu coração.
Eu amei, com poesia e canção.
Eu amei. E ainda amo.
Mas vivi e ainda vivo...e sobreviverei.

(Muito antigo)

Durante muito tempo eu pensei que a coragem fosse ausência de medo, que a distancia pudesse de fato separar duas pessoas, que o maior amor é aquele platônico, que nada concerta um erro, que eu fosse sempre ser submissa aos meus temores e defeitos.Que nada me daria mais pânico que uma prova de matemática, que meus problemas eram os maiores do mundo, que uma dor jamais passaria. Acreditei até pouco tempo que a melhor maneira de resolver problemas seria fugindo deles, que a felicidade seria utópica, que o tempo só piorava as coisas e que tinha gente pra morrer depois da esperança.Mas eu mudei, mas eu cresci e me arrisco a dizer que amadureci.Aprendi que o contrário de coragem, é covardia e não medo.. E que covarde não é aquele que não consegue, mas aquele que não tenta. Entendi que a distancia dificulta siim, mas nunca será impecilho pra amizade verdadeira e que pro amor, não há distancia. compreendi finalmente a beleza e o valor do amor recíproco.Que não se volta no tempo, mas que nada é definitivo senão a morte.Hoje eu sei que não vale à pena tantas críticas e que até pra mudar é preciso se aceitar, sei que prova de matemática será o menor dos meus problemas e que a dor por mais intensa vai passar, sei que os problemas não devem ser maiores nem mais imponentes que eu e que é preciso enfrentá-los com determinação, sei que o tempo há de deslocar o incurável dos centro das atenções, sei que a esperança é uma sementinha que existe dentro da gente e que ela nunca vai morrer, basta que seja cultivada, sei que a felidade existe, é simples e maravilhosa.Sei que mudei e acho que foi pra melhor, sei de algumas coisas e sei também que ainda tenho muito pra aprender.

Muito bem amada

Sou o que podemos chamar de "bem amada".
E digo isso, porque talvez,seja a única certeza que me resta.
Eu fui amada e desejada numa intensidade tamanha e isso faz de mim uma das pessoas mais cicatrizáveis que você pode conhecer.
Pude ver e sentir pra crer que o amor é tudo,é o elo mais forte,mais profundo e mais gostoso de sentir. Tive o prazer de sentir a paixão entrando fulminantemente dentro de mim e o gosto de descobrir os não-limites do querer e do gostar.
Ter por vezes as bochechas coradas,o corpo dormente e os músculos do rosto. Aprendi a compartilhar, a aceitar,a melhorar. Aprendi que a física está completamente errada quando diz que dois corpos não podem ocupar o mesmo lugar no espaço.
Eu vivi coisas que só quem ama fervorosamente vai saber,
Eu sou "bem amada" porque me senti a mais linda das mulheres,a mais especial criatura do mundo e a razão da vida de alguém.
Sou "bem amada" porque tive a sorte de um amor que só me plantou o bem, que só me fez melhor, que só me fez feliz.
Sou "bem amada" porque tive a sorte de ver esse amor 'maior do mundo' não esmurecer, mas se transformar em algo que ultrapassa os limites da razão, o que chamamos de eternidade.
E por ser tão "bem amada" como sou, isso é tudo que posso desejar: amor!

quarta-feira, 10 de setembro de 2008

Eu tenho a mim

Quando de noite eu acordo, com medo, com frio,sem sono, me abraço e canto pra mim aquela velha canção.Eu me embalo nos sonhos mais bonitos e recordações que nem o tempo, nem o mofo conseguirá degredar.Me aperto devagar nas pequeninas memórias de uma Clara que nunca teve medo de nada, que enfrentou tudo com determinação e cantarolo a canção que me dá força...Aos poucos descanço, nos meus próprios braços, sem sentir mais a solidão que devora, que corrõe.E volto ao sono, sem temer o corte de novas feridas, sem temer o tempo, sem temer o pesadelo, por ter a canção, por ter a mim.

Mania de princesa


Era uma vez, e era outra vez e mais tantas vezes...O meu conto de fadas não tem só um final feliz, é como um ciclo.Minha mãe apelidou de "síndrome de Cinderela", o meu jeito de viver com magia e eu perco sapatinhos, me apaixono por feras,converso com animais e bules e posso ter tranças de mel, pra encontrar a pessoa amada. Ando em tapetes e abóboras e acredito em um mundo além do meu castelo.Por viver essa 'vida encantada', tudo tem um peso diferente pra mim. As dores, alegrias,amores,temores ganham mágica e só mesmo com muita fadas madrinhas pra segurar esse fardo mágico.Ganho um ar sublime com algumas mexidas de varinha, mas é claro, que passada a meia noite, viro gata borralheira outra vez.Meus cavalos são ratos,minha carruagem, não passa de uma abóbora, nada pra mim é o que parece, um pouco de mágica e tudo fica mais bonito.E vou assim, dentro de livros, entre perdas de sapatos, pela estrada dos tijolos amarelos,fugindo de bruxas, dentro do maior encantamento possível, buscar outra história, outro final feliz pro meu conto de fadas.

sexta-feira, 29 de agosto de 2008

E que tudo mais, vá pro inferno!

Não sei.Acho que é hora de deixar tudo pra lá.
Chegou a hora de tomar banho de chuva, de brincar de pique-esconde,de ler tudo que houver de melhor, de falar com quem eu quiser,de fazer o que der vontade, de perder a vergonha e me permitir longos beijos na rua.
Chegou a hora de dançar sem medo,de 'perder a linha',de pagar pra ver, de viver...De ver o que acontece.
Hora de me abandonar nas circunstâncias,de me jogar sem ver e descobrir se foi bom, só depois...
Inconsequecia,leviandade,liberdade,todo mundo tem direito e agora é minha vez.
Vou fazer o que eu quiser,do jeito que entender e que sentir, e o resto...Fica por conta de vocês.

Semtítulo.

Engraçado definir, afinal,felicidade é uma coisa diferente para cada um e para cada momento. O que há dois meses atrás te faria a pessoa mais feliz do mundo, hoje já nem é uma vontade sua. E isso deve acontecer com todo mundo, mas em especial comigo. Essa tendência de mudar à cada instante que eu tenho me faz uma pessoa extremamente imprevisível pra mim mesma.Meus comportamentos podem ser facilmente mapeados até o momento em que eu resolvo que é hora de mudar e ser outra pessoa ou desinterrar de mim alguma natureza que estava adormecida.Acho que foi esse último caso que aconteceu comigo hoje. Libertei-me hoje de uma das minhas características mais chatinhas.A de querer um planejamento, querer saber como as coisas vão ser, sem nenhuma surpresa. Tudo seguindo as minhas espectativas e planejamentos... Tudo exatamente do jeito que eu pensei. Ah, mas que saco. Ainda bem que a vida não me obedece.Hoje...Saí dos meus afazeres sem nenhum objetivo.Pensei em ir à casa de umas amigas, logo depois desisti. Pensei em passear, dar uma volta, tomar um sorvete... e fui.Fazendo tudo conforme me deu vontade.Sem telefonemas de satisfação, ou hora exata pra voltar, ou sem nenhuma preocupação se estava cumprindo o que deveria fazer ou que deveria voltar pra casa para terminar algo que tivesse começado...Simplismente não pensei em nada. Apenas em seguir o fluxo da minha vontade naquele momento.E fui, no fim de tarde sem planos, muito feliz.

domingo, 24 de agosto de 2008

Sem validade.

Os romances são eternos pra mim.
Durem eles anos ou segundos, não importa. Se meu coração palpita mais forte ou mais fraco, ou apenas diferente... alcança o infinito dentro da minha trajetória.
Tenho essa tendência à imortalidade. E essa é minha maior dor e delícia.
eu tenho uma falta e um gosto sem fim de tudo que já foi vivido e deve ser por isso, que apesar de pouca vivência, sou tão intensa.
Sou tão 'densa' porque carrego comigo o peso de todas as emoções.E se faz bem ou mal, não sei...faz parte de mim.
Eu tenho o tempo da eternidade, embora queira carregar a validade de 24 horas, só pra variar...mas não, eu fico. Eu registro e deixo registrado por onde eu passo, em cada coração.
Cada momento banal, cada risada boba, cada motivo vão, se eu der de mim, se for na minha máxima essência eu, atravessa os campos da razão e vira imortal.
Se me faço de fulfaz, de passageira, acredite, é só fachada. eu sou mais forte que eu em todas as tentaivas de ser curta. Eu falho quando fujo de ser eterna.

quinta-feira, 14 de agosto de 2008

A minha angústia

A inquietação da alma, é quase física.
Bato o pé, cruzo e descruzo os braços, lateja de dor a cabeça.
Devia fazer como o resto do mundo, ignorar. Mas como ?
Pergunto a cada um que encontro. Na rua,em casa,cada um dentro de sua muralha, dentro de sua vida.
- Você sente a minha angústia?
E fico sem resposta.
A fome,a guerra,a pobreza,a violência,a perda,a dor,o medo,a injustiça, a degradação da natureza. Dinheiro,dinheiro,dinheiro. E eu não quero ver. Mas como?
E se pergunto, respondem que tudo vai bem.
Então...
- Ninguém sente a minha angústia?
O desemprego,o analfabetismo,a corrupção,a ignorância,o trabalho escravo,o atraso,a falta de humanidade,o fim da água potável,a impunidade.
Mas a vida segue seu curso, e todo mundo no fundo,finge que não vê.
- E você? Sente a minha angústia?
A inverção de valores,a exploração,a miséria,o subdesenvolvimento,o preconceito, a desigualdade.
Dinheiro,dinheiro,dinheiro.
E eu preciso, mas como, mas o que fazer? Em que crer, em que me apoiar,em que confiar pra não perder a esperança no ser humano?
Os jornais,as notícias,as verdades que eu(e parece que só eu) vejo. É preciso agir, é preciso mudar,é preciso mover. Será que enlouqueci?

Por favor, me diz que você também sente a mesma angústia.

sábado, 2 de agosto de 2008

Sucumbo às minhas vontades.
Não sigo regras,sigo apenas a minha intuição.
Se a vida me joga pra um lado, eu vou. Não discuto. E eu sofro, mas sou feliz como ninguém.
Ser convencional seria mais fácil,mas não teria tanta graça.
Não ser viver na pasmaceira de emoções e muito menos no equilíbrio.
Eu amo muito,quero demais ou não suporto.
Acho bobeira não viver com intensidade.
Eu quebro a cara,pago caro pra ver,mas vou atrás dos meus desejos.Melhor falar "Eu quis" do que "Eu tive medo".
Vou ao encontro do que me encanta, e sei que sou inconseqüente.
Alguns também vão me chamar de louca, e eu concordo.
Mas ninguém(nem mesmo eu), pode dizer que sou covarde.

terça-feira, 29 de julho de 2008

Fazer feliz

Depois de procurar,procurar,procurar dentro de mim um motivo pra ficar bem, pra ficar feliz,ou pelo menos, pra escrever, eu vi que está na hora de sair do meu umbigo. Nem tudo, ou melhor, quase nada vou achar dentro de mim.
Passei a tarde deixando a tristeza de invadir, mesmo sem saber direito o motivo, deixei ela ficar, se instalar dentro de mim.
Então chorei, desesperei e me preparei pra contar tudo o que me afligia(se é que havia motivo) pra próxima pessoa solidária que me aparecesse.
Apareceram muitas, cheias de outras confusões,precisando mais de mim que eu delas e me mostrando tantos lados,tantas dimensões e tantas coisas mais bonitas e mais importantes do que as minhas aflições. Me vi dando soluções sensatas pras questões alheias e vendo brotar sorrisos ou palavras alegres do meu esforço pra os ver felizes.
Achei a sensação que aquilo tava me dando,tão gostosa,tão bonita e tão boa de sentir que reconheci que essa mistura de coisas que mexiam tanto com meu corpo e coração só podia ser idéia,só podia ser inspiração.
Brotou no meu rosto um sorriso ingênuo e sincero que ainda não saiu.
Talvez, a essência da minha inspiração não seja ser, mas fazer feliz.

Minha inspiração em estado de sítio.

Ando invenando histórias.
Ando botando a culpa na preguiça,na falta de tempo,mas o fato é que sumiu a minha inspiração.
Onde estará esse meu fio de adrenalina, que me provoca o maior dos prazeres(as palavras)?
Talvez tenha ficado em alguma borboleta que deixei de ver voar, em algum sorriso que ignorei,em alguma palavra que não disse,ou de alguma emoção que fugi.
Talvez tenha ficado no momento em que não peguei o papel,em que esperei,em que deixei pra lá.
Onde ela está? Onde ela está?
fico buscando no fim de tarde bonito,na música,nos perfumes,nas saudades. Mas é em vão...
Tudo me encanta e passa.
Não faço objeção à nenhuma,abro mão de ser seletiva, mas eu preciso de uma emoção.
Alguma coisa que me tire do sério,do sentido,pelo menos por um instante. O momento de escrever um conto,uma crônica, uma rima. Qualquer coisa.
Como vou continuar a minha sina assim? Como vou conseguir ser feliz?
Talvez só não esteja sabendo procurar...
Se eu não conseguir te achar,por favor me encontre,inspiração.

terça-feira, 15 de julho de 2008

Casa de Rui Barbosa

Ignoro todos os barulhos,os carrinhos de bebê,nesse cantinho com gosto de saudade e nosalgia,com cheito de lembrança e um ar de poesia em todas as coisas que o compõe.
Passarinhos cantando e exibindo suas asas em vôos lestos e longos. Aqui me sinto como essa andorinha,como esse sabiá.As minha asas são as estas palavras,que me elevam e pousam no campo mais profundo das minhas emoções.
Tudo que consegue parar minha preocupação e minha ansiedade, que já é crônica e me deixar hipnotizada,sem pressa de sentir qualquer coisa que seja, é o que chamo de beleza,esse é meu padrão.
Esse lugar repleto de calma e tão completo de tudo,me dá a beleza necessária para dispir-me de qualquer mau pensamento,pra viver esse instante de liberdade como um último momento.

" A palavra é o instrumento irresistível da conquista da liberdade."
Ruy Barbosa

sexta-feira, 4 de julho de 2008

confissão

Ainda bato meu salto de 7 centímetros pela sala ouvindo chamar o telefone.
Se a hora é propícia,ou se é conveniente,prefiro não pensar.Apenas sinto meu instinto que já começa a ser mais forte do que eu.
A casa silenciosa faz ecoar ainda mais alto o que fala dentro de mim e que transborda a cada segundo que o telefone chama e que você não atende.
Melhor deixar pra lá,tentar amanhã. Quem sabe dormir,ler,ou sair "pra esparecer"...Pra que?
No fundo eu sei que o perfume,o vestido e o laço no cabelo são só pra você,porque mesmo distante eu me preparo,eu me arrumo pra te ver.
Vou falar um monte de besteiras sentimentalóides,que você vai julgar clichê. Então...pra que?
Pra ouvir a sua voz me dizendo que logo volta,que logo ficará tudo bem,que mesmo longe está comigo e que não tem olhos pra ninguém.
Pra dizer que preocupação é besteira e que a saudade vai passar depressa.
Pra dizer que me ama,ou só me chamar de flor.
Mas o telefone ainda chama e eu ainda bato meu salto de 7 centímetros pela sala escura...

quarta-feira, 18 de junho de 2008

Textura

Os fios,as idéias
De diferentes formatos
Eu junto,transformo,entrelaço
Pra formar o texto

Teço o tecido,atravesso os fios
as linhas confusas da minha emoção
Traço assim o eixo,cheio de nuanças
das palavras têxtis do meu coração

quinta-feira, 12 de junho de 2008

12 de junho


Quando vai chegando essa época do ano,todo mundo acaba ficando mais sensível. Até eu que considero todas essas datas invenções do capitalismo pras que pessoas consumirem acabo ficando mais comovida.
Sabe como é...Esse negócio de dia dos namorados mexe com alguma coisa dentro da gente que não tem muita explicação.
É engraçado observar as pessoas perto dessa data. Brotam sorrisos repentinos,suspiros,olhares sonhadores.Começam a surgir programações,idéias e pedidos,afinal,nada mais propício.
Comemos mais chocolate,lemos mais poesias e fica mais fácil se emocionar.Dá mais vontade de ficar juntinho,de se declarar,de gostar de alguém.
Há quem negue e diga que é besteira,mas se prepara e espera um presente. E até ensaia pra dizer algo à alguém,mesmo que esse alguém nem exista...
Começamos a olhar cartões e observar floriculturas, a procurar alguém que faça o coração bater mais rápido,as coisas começam a fazer outro sentido,porque mesmo em segredo,todo mundo quer amar.

quinta-feira, 5 de junho de 2008

No fim,dá certo.

Depois de choradas as lágrimas,lamentados as tristezas,passadas as mágoas,fica tudo bem.
voltam a surgir os sorrisos,pois afinal, tudo se resolveu.
O que era mau, no fundo,não era tãaao mau assim, e as soluções começam a surgir.
Nunca se está completamente sozinho, nunca chegamos ao fim da linha sem que fique tudo certo.
As coisas se resolvem,ficam do seu jeito torto,certas e a gente descobre que era melhor mesmo que tivesse sido assim.
Percebemos que há jeito de sobreviver às tempestades e que somos mais fortes que as circunstâncias. No fim, depois que a crise acaba,que o medo passa, que chega ao fim...dá certo.
Atravessou a porta como um vulto. Não viu,nem ouviu mais nada.
Desistiu do banho,de fazer dever, de comer. Ignorou todas as necessidades, fossem do corpo,da mente,da alma.
Tentou esquecer tudo que havia pertubado o dia todo,mas era inevitável.
Queria dormir,ouvir duzentas vezes a mesma música e ter aquela pessoa, mas de que jeito?
Nem tinha mais tanta certeza de que seu sentimento era totalmente recíproco.
Chorou em soluços a falta de quem nunca teve, que quem perdeu e das soluções.
Preguiça,sono,insegurança e medo.
Saudade de quem não tinha, falta das pessoas que precisava,solidão.

quinta-feira, 29 de maio de 2008

Do jeito que eu sou

Hoje acordei feliz embora com espinhas e olheiras.
Não me importei de não ter aqueles centímetros a mais ou grande raciocínio lógico. Ignorei que o cabelo não ficava no lugar, que eu queria ter dois quilos há menos e não tive vergonha das minhas manias.
Não que tenha me achado melhor,simplismente me aceitei assim.
Deixei pra lá as palavras que não quiseram sair,os fios de cabelo que fugiram do penteado,os erros,as novas estrias que reparei,o medo que senti do ridiculo,do risco e percebi que não queria ser de outra maneira.
Sim, me senti audaciosa e corajosa de não querer mudar. Percebi que se não fosse desse jeito,mudaria também meus amigos,meus sonhos,meus objetivos e gosto tanto deles que entendi que não havia motivo pra não gostar de quem os tinha conquistado.Percebi que não havia razão pra não gostar de mim.
Analisei com cuidado as pessoas que quis ser,continuei admirando-os mas entendi que não queria ser daquele jeito,não mesmo.
Com todos os defeitos e imperfeições, entendi hoje que não preciso nem quero ser de outra maneira. Entendi que quero ter
tudo que há de bom e ruim e principalmente, que há de diferente em mim.Não quero outras característias, nem quero ser maior,melhor ou mais inteligente.
Quero ser apenas do jeito que fui até agora, quero ser assim, do jeito que eu sou.

sexta-feira, 23 de maio de 2008

21/04/08

Há dias que sento,começo e apago.
A inspiração vai embora da mesma forma que veio,sorrateiramente e quando vejo estou perdida dentro do que sinto e do que ia dizer.
Tento montar o 'perfeitinho',o exato,o lógico o que é óbviamente bonito, mas desisto e lembro que o torto e o irracional do sentimento é que formam a beleza,sem querer.
Estou me sentindo estranha e isso me incomoda, qualquer coisa que sinto forte correr pelas veias das emoções viram palavras e agora elas estão entravadas por um motivo que desconheço.
Mas sinto,sinto,sinto tão forte. Sinto na pele,escorregando pelo corpo,dentro do coração, da cabeça, está em mim, tanto em mim e só em mim que não se transforma no verbo.
Isso me irrita, mas creio que tem coisas que ficam só no íntimo da gente,que nem palavra,nem momento,nem carinho refletem, tem tantas coisas que só nós mesmos sabemos e guardamos em segredo esses pensamentos, esses sentimentos.
Desisto! Deixo pra lá essa vontade de transformar tudo em palavra, em poesia e aceito com custo...
Tem certas coisas que eu não sei dizer!

Não

Palavrinha pequenina que impede uma ação.
Indesejada porque é de natureza negativa e revela um desejo,um fato que não vai mais acontecer.
Ah, concessão maldida que me joga de novo no risco(quase certo) do não.

Sabe, às vezes eu não consigo compreender você.
Esse seu jeito de querer sempre as duas coisas opostas,de radicalismo,de indecisão, essa sua maneira de ser tão paradoxal.
Não que às vezes eu não me orgulhe de algumas atitudes e sonhos seus, mas você podia ser assim.. só um pouquinho menos passional.
Podia ser um tanto menos sensível, talvez até um pouquinho racional. Podia não agir por impulso, ter menos crises,menos ataques e conseguir mudar quando decide que é a hora de ser outra pessoa.
É impressionante! Não importa quanto tempo eu passe com você, eu nunca te conheço, nunca sei quais são seus verdadeiros desejos, pois sempre que te julgo como previsível,você foge tanto aos meus planejamentos. Quero dizer, você muda à cada instante seus maiores sonhos,as opiniões,ama tanto e tantas coisas e tem as emoções tão confusas e intensas.
Pra falar de você, me contradigo,perco as palavras,o chão e o sentido.
Como é difícil te entender, como é difícil SER você,Clara!
Busco sorrisos ,rimas e motivos mesmo nas coisas mais banais. Tenho a estranha mania de precisar estar rodeada de livros e paixões e coleciono postais,sonhos e laços de fita.
Sigo o destino,as emoções e os sinais do acaso e vou traçando desse jeito inconstante e sinuoso o meu caminho, a minha vida.
Tenho medo de escuro,de fantasmas,de agulhas, de elevador,do amor,do risco. Mas arrisco,tento e desbravo um a um dos meus temores quando necessário.
Possuo o tempo da eternidade e a validade de 24 horas, concentração inigualável na leitura de um romance e total desatenção em uma aula de álgebra. Vivo de orquestra e bossa nova, mas 'desço até o chão', sou flexível às minhas vontades e às situações.
Sucumbo aos meus desejos e fraquejo,como todo bom herói.
Vivo de emoção e de palavras, sou acima de tudo, passional.
Choro, despero e rio até cair pois,resumindo,sou inconstante e paradoxal.

terça-feira, 15 de abril de 2008

o labirinto

Estou andando em uma estrada escura, cheia de perigos e tristeza, conforme caminho adentrando o labirinto de trevas, a estrada vai ficando iluminada. Esse sonho se repete há muitos anos e desde que o tive pela primeira vez, ainda muito menininha tive a impressão de que o mundo era uma estrada escura e que cabia a mim espalhar por ele rastros de luz. A pretensão é uma característica muito forte em mim, mas quanto a isso me justifico na genética, é herança familiar.

Desde que visto Che Guevara e corro até o jornal todas as manhãs para ler o panorama político fui taxada de radical, “vermelhista esquerdofrênica”, “comuna” e derivados. Mas independente da direção do meu pensamento político, sou um ser humano em formação cheio de idéias e questionamentos. Não dou tanta importância a nomenclaturas, classificações, pois rotular torna-se equivocado pra quem tem um objetivo maior.

Antes de aprender a ler já via as palavras como bolinhas coloridas e deliciosas, que queria tanto dominar e possuir e “revolução” embora sem saber direito seu significado sempre foi uma das mais desejadas e intrigantes.Inventei os princípios socialistas na primeira série, sem saber do que se tratava e ainda lembro do espanto da professora perguntando “quem te disse isso?”Só anos mais tarde fui entender do que se tratava.

Eu concordo que deveria ser mais calma nas discussões, respeito as diferenças e dou muito valor a elas. Às vezes acho que deveria ser mais calada, só um pouquinho mais apática, pelo menos de vez em quando.Entretanto quando tento resistir lembro da estrada e algo maior fala,grita dentro de mim e diz “escreve,fala,expõe” e é impossível fechar os olhos diante do que não concordo, calar o voz do coração.Não defender o que acredito faz a vida perder o sentido pra mim.

Agora os apelidos têm começado a me incomodar, pois tem vindo de maneira pejorativa. Como uma pessoa terapeutizada, resolvi fazer o tão conhecido e doloroso exercício do espelho, enxergar a mim mesma. Mas olho e não vejo a radical que todos enxergam, não vejo a “rebelde sem causa”, ao invés dela encontro uma menina cheia de sonhos e de vontades, que se indigna com a injustiça, com o preconceito, com a desigualdade, com a ignorância, com a covardia, que luta por direitos iguais e acima de tudo, mais humanidade.

Será radicalismo boicotar a mão-de-obra escrava, a exploração do trabalho infantil, ser nacionalista e acreditar que posso com o meu posicionamento mudar o mundo? Talvez. Mas radical ou não é a estrada que me chama, é o sonho que repete e se eu conseguir mudar ao menos uma pessoa, eu já iluminei o labirinto.

sexta-feira, 28 de março de 2008

Sexto sentido

São eles que me fazem companhia nas noites mais frias, nos verões mais quentes, todos os dias, quase sempre eles estão aqui.
às vezes demoram, as vezes só passam, as vezes me tocam, às vezes só falam,Às vezes sussurram, às vezes gritam. Às vezes sei o que eles querem,quase nunca consigo lhes dar.
Alguns desistem, somem, outros persistem, voltam mais tarde, outros revoltam, bagunçam as coisas, se machucam, me desesperam.
Sinto seus toques indolores,sua aparência invisível e fecho os olhos. Mas não os vejo com esses, sim com a alma e essa não posso proteger de tal presença.
Se eles vem por bem, por mal, por vir.. Não sei. Desconheço suas vontades,tenho medo, não sei se é verdade. Confundo vida e morte, real e fantasia e me pergunto se é insanidade. Será?
Me belisco, tento ver de novo.Não estou inventando, nem mentindo,antes fosse.
Queria ter certeza de que é só a cortina se movendo por causa do vento ou que as vozes são sonhos que tenho acordada,mas não consigo crer em nada.
Assumem as formas pra me apavorar,pra me confortar e estão aqui bem perto de mim quando me sinto mais sozinha. Se alimentam da minha vontade, disposição,alegria e eu tomo as dores deles, sem querer.
Não sei quem são, de onde surgem, o que querem. Mas mesmo quando não se manifestam sei que estão presentes e que andam comigo... sempre!

segunda-feira, 3 de março de 2008

A vencedora

Sou medrosa por natureza.
Fui criada cheia de cuidados e reparos. Nunca tive um arranhão,um machucado,uma perna quebrada mas também cultivei muitos medos e uma grande insegurança.
Alguns desses meus temores foram vencidos ao longo do tempo. Com terapia,com vivência,com amardurecimento e com muitos baques da vida tembém.
Mas da infância resistiram os medos de altura,escuro,do desconhecido,de coisas pontudas,de agulha, de vacina,de falar besteira e mais um montão de outros medos infantis.
Lembro do pânico do exame de sangue. Da sala de espera, do tamanho da siringa. Mas ao fim, uma sensação confortante de que eu havia encarado o maior dos desafios e o adesivo colado no vestido escrito "eu sou corajosa" fazia eu me sentir realmente assim.
Mas de uma forma geral sou sempre obrigada a enfrentar os medos por causas maiores. Pego aviões pra ver meu pai, tomo vacinas pra evitar doenças,conheço pessoas e lugares novos e sim, eu boto aparelho pra corrigir os dentes.
O ambiente do consultório já é um tanto amedrontador. Todo branquinho,cheio de aperelhos,luzes que eunão fazia idéia da finalidade e aquela posição da cadeira de dentista que me deixou imobilizada também não é nada legal.
Depois de algumas horas de sofrimento,estava pronto. Estava no seu dente ferrinhos que tornam incômodo sorrir,falar,fechar a boca,fazer expressões faciais muito fortes e que além de tudo não são nada charmosos. Depois de manha,choro e medo do espelho eu voltei a sentir o adesivo aparecer na minha roupa,uma sensação incrível de que mais uma vez eu havia resistido por obstáculo enorme. É claro que as minhas irmãs vão rir quando eu chegar em casa e vão me dar inúmeros apelidos, mas eu tive a coragem que elas não tiveram de arriscar,de enfrentar e por isso eu não me importo de sorrir, pois os ferrinhos colados no meu sorriso são a prova da minha coragem.

sábado, 1 de março de 2008

A minha disney



Agora parece desarrumado e sujo,abandonado e só.
Parece um monte de lixo entulhado,o buraco negro das coisas que somem na casa e do que já não tem utilidade, mas adormecem aí as minhas brincadeiras.
Esse lugar,que pra você não diz nada,foi minha floresta do tarzan, a casa da boneca,a casa da bruxa,a selva das ervas venenosas,o castelo da princesa e tudo mais que a nossa imaginação mandasse.
A sede do clubinho, nossa sala de reuniões,nosso salão de festas,nossos brinquedos,nosso parque de diversões.
Foi nossa cozinha pra experimentos,nosso laboratório, o lugar onde começamos e abandonamos os sonhos de criança.
Esse lugar,agora ermo e abandonado,guarda nossos desejos,nossas lembranças e os segredos das férias. Guarda com segurança a figura das crianças que fomos e nossos desejos mais ingênuos.
E esse lugar tão empoeirado, onde se joga tudo que não tem mais valor, guarda a Clara que fui e que sou e ainda me emociona

quinta-feira, 28 de fevereiro de 2008

olá,muito prazer.

Eu sempre existi.
Estou adormecida em cada um.
Quando apareço eu venho pra quebrar os padrões estabelecidos. Transformo radicalmente uma estrutura política,econônica e social. Reformo os conceitos artísticos ou científicos.
Sou uma forma de expressão, e às vezes,a única maneira de mudar as coisas.
Eu sou a voz dos oprimidos,das minorias,do povo,da burguesia,da elite. Às vezes sou associada à violência e guerra,mas o que eu quero é mudar a sociedade.
Literária,tecnológica,dos cravos,industrial,francesa,americana,russa,cubana,verde,farroupilha. Assumo muitas personalidades,tenho diversas nacionalidades e nunca deixarei de existir.
Estou em todos os lugares,todas as pessoas.
Meu nome é revolução.
Se fosse pra te ver,acordaria rindo,dançaria com o alarme do despertador,acordaria mais cedo e me preocuparia em me pentear. Lembraria do brinco,do perfume e todas as coisas que só agora percebi que esqueci.
O dia seria mais bonito,eu não me incomodaria com o sol,nem com o calor,nem com a hora,nem mesmo com a quantidade de livros a carregar. Não reclamaria do dever de casa e esperaria com ansiedade pelo recreio. O meu humor seria bom,distribuiria "bom-dia", se eu acordasse pra te ver.
Mas eu acordo pra indiferença,pra solidão,pro mau-gosto,pra antipatia,pra tudo que eu queria esquecer.
Então o calor se torna insuportável,eu esqueço das coisas,eu desespero,eu choro,eu quero ir embora, eu to com sono..
E eu nem vou te ver.

terça-feira, 26 de fevereiro de 2008

Essa tristeza que me assola sem motivo
leva consigo toda a minha inspiração
Eu sinto falta do calor e do abrigo
torna-se eterno esse silêncio e a solidão

Essa amargura que perfura minhas entranhas
faz derramar a tempestade dos meus olhos
E se acumulam os meus mimos,minhas manhas
Preste atenção em mim, é isso que te imploro!

quinta-feira, 21 de fevereiro de 2008

Eu?


Transparente,inconstante e impenetrável.
Eu mudo com frequência o raciocínio,a opinião,as idéias,os sonhos,os medos,as vontades,a razão,os desejos.
Eu choro de medo,de rir,de angústia. Eu falo besteira, eu fico sem graça, eu desconcerto,eu me perco.
Eu me encontro nas músicas,nas cenas, nos livros, nas pessoas.
Eu reconheço os amigos,as paixões, os amores.
Eu idealizo,eu realizo, eu exponho, eu guardo. O que sou, o que sinto,o que acho.
Uma hiperbole,um paradoxo. Dúvida,clareza.
Milhões de sensações,de confusões,de certezas.
Eu vejo a beleza,a poesia por onde eu passo, eu semeio o que sinto seja tristeza,alegria,entusiasmo.
Não tenho domínio, não tenho controle, tudo vem do coração.
No meu caminho, na minha vida o que manda é a emoção.

segunda-feira, 18 de fevereiro de 2008

Penso, logo existo.

Meu pai costuma dizer que eu tenho uma vida interna muito forte. Desde pequenininha,apesar de muito sociável,as vezes me isolava das outras crianças pra brincar sozinha, desenhar,ou só ficar quietinha pensando. Talvez um dos motivos da minha auto estima baixa seja devido a tanto contato comigo mesma.Alguém que se impõe um espelho o tempo todo é completamente satisfeito, não é mesmo?
Bom, o fato é que dentro de mim há um universo impenetrável de sentimentos que eu nunca vou conseguir traduzir,uma quantidade tão grande de pensamentos ocultos e conturbados que se atropelam na hora de falar. Apesar de contar com os amigos e a psicóloga para desabafo constante,dentro desse pequeno ser sempre coube diversas idéias,dúvidas,certezas e sensações que ninguém nunca soube,nem imaginou que existisse.
Meu raciocínio lógico e matemático devo admitir que é restrito mas no entanto, minha mente está sempre repleta de histórias reias ou inventadas por mim,uma maquininha de pensamentos complexos e inexplorada.
Já me disseram que eu devia me abrir mais,compartilhar com as pessoas que me rodeiam esse meu mundo. A maioria me acha maluca,profunda ou rasa demais. Em qual desses adjetivos cabem a mim? Não sei.
É difícil saber o que a gente é realmente. Tudo que sei é que eu penso, e é por pensar que eu existo.

sexta-feira, 15 de fevereiro de 2008

O sentido da vida

Algumas pessoas abandonaram o pensamento na metade, mas creio que todo mundo já se perguntou o sentido da vida.
Nos momentos de felicidade e glória essas perguntas normalmente são esquecidas mas normalmente vem a tona na hora do sofrimento.
De onde viemos e para onde vamos?
Algumas pessoas acreditam em explicações religiosas,outras não pensam sobre o assunto. Mas quem saberia com certeza dar essa resposta?
Nem a a ciência, nem a filosofia, nem mesmo a religião conseguiu chegar a uma conclusão e a provar para o mundo.
Mas pelo menos pra mim, a mais intrigante das perguntas é "por que vivemos?"
Por imposição ou vontade divina? Não sei, não sei.. Mas algo me diz que não vivemos apenas esperando a morte.Alguma certeza maior que está dentro de mim me diz que cada pessoa nesse mundo nasce por um motivo, com uma missão.
Não consigo acreditar que pessoas como Einsten,Darwin,Newton,Olga Benário,cleópatra,Leonardo da Vinci,Joana D´arc,Jesus Cristo,Anita Garibaldi,Che Guevara tenham vindo ao mundo apenas por um descuido dos pais.
Algumas pessoas tem papeis grandiosos,coisas que envolvem todo o mundo diretamente,mas é por acreditar na igualdade entre as pessoas eu penso que todos nós somos especiais e podemos contribuir para modificar o mundo,mesmo com as menores atitudes.
Não acredito em acaso ou conhecidencia e se existimos todos,algum motivo há.
Pensar nessas coisas me dá um grande nó na cabeça. A vida é um mistério que talvez perca o sentido se desvendado. às vezes eu prefiro não saber e continuar acreditando que todos nós somos essenciais e insubstituíveis e continuar buscando uma missão e um sentido a mais para a vida.

quinta-feira, 14 de fevereiro de 2008

Hoje ela acordou diferente


Hoje ela acordou diferente.
Saiu de casa com sono, com fome. Entrou no táxi sem questionar o porque de não ir a pé.
Embora tivesse apreendido todo o conteúdo das aulas estava mais distraída que o normal. Apesar de "o grande mentecapto" ser uma grande distração, não era exatamente a que gostaria de ter.
Ela queria muito ouvir aquela voz e dizer aquelas coisas que tinha pensado.
Mas quando o telefone tocou, ela não conseguiu demonstrar a felicidade pelo acontecido e tudo aquilo que ia dizer tornou-se grande pra caber na palavra, só cabia no abraço.
E o que fazer?
o sorriso frágil murchou. A fome passou, mas o sono cada vez maior. Ela sabe que não pode deixar que a tristeza tome conta dela. Mas de que jeito impedi-la de chegar?
ela precisa hoje de atenção. Ela precisa de alguém que dê importância ao que ela sente e fala. Está carente e isso é difícil de assumir.
Quer se achar grande, importante e insubstituível. Sente o desejo irresistível de ser irresistivelmente desejada.
Provavelmente suas necessidades psicológicas a perturbaram pro resto do dia, suas tristezas anoiteceram com ela.
Sem solução, apenas um pedido pra que amanhã ela não acorde assim.

terça-feira, 12 de fevereiro de 2008

Por favor,me beija a boca

Me abraça de surpresa,sussurra qualquer coisa no meu ouvido que me deixe sem graça e me beija delicadamente. Chega bem perto,deixa eu sentir o seu perfume e pensar o quanto eu gosto de você.Ou me segura daquele jeito voraz que me tira qualquer pensamento e não deixa respirar. Me olha com aquele ar apaixonado e me pede um beijo.
Me beija pra me acalmar, pra me enlouquecer,pra saciar minha vontade, só pra me beijar.
Me olha com desejo e desliza as mãos sobre o meu rosto,corpo. Me beija como um primeiro, um útlimo beijo. Faz aquela cena de cinema que faz meu coração pulsar mais rápido e levantar o pé.
Me aquece em seus braços, segura a minha mão, me chama de "minha flor" e diz que me ama. Ou então não diz nada, mas me beija com paixão.

quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Casa da madrinha

Lembro da ansiedade.
De ver durante a estrada o desenho das nuvens, imaginar histórias e perguntar à cada placa.
- Agora já está chegando, né?
Passar maravilhada pelas casinhas onde as mulheres faziam as unhas na porta,para aproveitar o vendo de fim-de-tarde. Perceber que a maioria da população tinha bicicleta como principal meio de locomoção e então,finalmente chegar à casa da madrinha.
Era como mergulhar no desconhecido. O país das maravilhas só pra mim e eu ficava estonteada com tanta novidade.Era um mundo novo à minha disposição.
A casa toda branca, com um jardim repleto de pés de acerola, pedrinhas e flores cor-de-rosa bonitas de botar no cabelo.
A casa da madrinha era minha fábrica de diversão. Os dois primos jogavam futebol e me levavam pra tomar sorvete, preenchiam as salas e quartos com sua presença barulhenta.
Da minha imaginação brotavam perguntas, histórias sobre a prima casada e a vida da madrinha.
Tantos mistérios e segredos! Presentes escondidos, brincadeiras,tantas coisas pra eu fantasiar e desvendar. Dizer pra dinda o que eu fiz durante o ano,contar meus méritos e o que fiz de bom pra ver sua expressão de orgulho.
Muitas coisas mudaram desde as minhas primeiras visitas, o tempo passa, causando diversas transformações à vida de todos e a dinda, não seria diferente dos demais.
Agora os primos, como a prima, casaram também. A casa da madrinha se tornou vazia. Sem o futebol, sem o sorvete e sem mais as minhas tantas perguntas.
Os segredos e mistérios foram quase todos desvendados, mas a sensação de chegar na casa da madrinha, será sempre a mesma.

sexta-feira, 18 de janeiro de 2008

O muito que ficou

Sofro de crise interna constante, uma necessidade me mudar minhas atitudes,de me revolucionar.. Talvez freud explique, mas até a minha psicóloga ri quando anuncio mais uma dessas mudanças.
De tudo que vivo, absorvo e deleto muita coisa, e muitos sentimentos e caracteríscas passaram por mim.
Mas nesses 14 anos , desde que apresentei meus primeiros rastros de personalidade algo em mim se mantem.
Algo que está empregnado nesse um metro e meio de gente, que se manifesta no que eu escrevo, nos meus amigos, nas coisas que eu leio, nas minhas predileções.
Algo que fica, que resiste às minhas crises ..
E é esse muito que fica em mim, esse muito que depois de tudo ficou que eu vou mostrar nas minhas manifestações literárias por aqui.
Então peço licença pra abrir meus pensamentos e o meu coração.

S.O.S solidão

Em uma pequenina cidade, chamada piripiri, no interior do Piauí, onde quase toda a população faz parte da minha família, eu me sinto só.
é difícil admitir esse sentimento tendo perto de mim tios, minha avó, meus primos...
Mas eu me sinto flutuando em uma ilha deserta.
Com uma sensação de angústia que seria um paraíso para um masoquista. A companhia que tenho parece de outro mundo, ninguém pode ouvir o que meu coração tem a dizer, ninguém entenderia.
Estou sufocada dentro de pensamentos e sentimentos meus e uma saudade que dói dentro de mim, uma falta que é psicológica,emocional e física.
A falta da voz pra me acalmar de madrugada, quando a insônia me visita. A falta da presença, do abraço, da pele, do cheiro.. A falta de um pedaço de mim.
Eu sei que colo não resolve os problemas e deixa as crianças mimadas, mas agora.. é tudo que eu preciso.
Seria paradoxal dizer que quanto mais gente tenho perto, mais me isolo num mundo tão somente meu.. Onde ninguém tem acesso.

Caramba! esse sentimento que me perturba há dias, faz parecer que passaram anos.. cem anos de solidão !