sexta-feira, 27 de novembro de 2009

Cor de sonho


O azul mais uma vez coloriu um dia cinza.
Nunca tinha reparado quantas variações essa cor pode ter
"Um sentimento monocromático? uma limitação" , Que nada!
Minha aquarela azulada contém um degradê infinito.
Nesses nuances de claro, escuro, marinho, anil e petróleo
e outros tantos que eu nem sei (e nem preciso) nomear,
Me sinto colorida como nunca.
Azul de céu, de mar, de sorriso, de coração.
Desde criança, azul pra mim é cor de sonho
Toda a aquarela pra viver e essa cor em especial, pros devaneios.
Ele surgiu, cobriu ligeiro e delicado todo o cinza, com seus muitos tons.
Mas e agora que é tudo azul?
Ah, amor, agora é sempre tudo sonho...

segunda-feira, 23 de novembro de 2009

Correspondência

Lembra quando eu deitava no seu colo e ficava reproduzindo os seus batimentos cardíacos? Eu sorria e dizia que não sabia decifrar o que ele falava, mas parecia que à todo instante, queria conversar.
Sempre te olhei diferente do resto das pessoas, você sabe. Nunca deixei falarem mal, nunca permiti uma observação descuidada, nunca acreditei nas tantas balelas que ouvi.
Havia alguma coisa de confusa naquele coração, confusão que eu nunca consegui entender, mas abracei de qualquer forma.
Às vezes eu me perguntava se não era uma aventura grande demais pra mim, se eu realmente queria aquele turbilhão. Porque no fundo, eu sempre soube que era um daqueles alpinistas suicidas, dispostos a escalar o monte everest. Eu quis!
Eu queimo, sabe ?  Sou auto inflamável. Você foi o combustível certo para a minha total combustão.
Minha amnésia sentimental me apagava as saudades, as frustrações, as inúmeras horas desbeijadas, o frio sentido longe do seu abraço.
Boba, burra, inconsequente, seja lá o que fosse a minha vontade
ela nunca precisou dessas classificações.
Você sorria e eu tinha certeza de que eu queria mesmo era aquela sensação de deslumbramento diante do que a gente não entende.
Sabe aquela coisa de criança quando olha para o céu e tenta procurar o fim, ou o porque de tão bonito? A ignorância, o fascínio diante do mistério. Uma coisa única para se sentir.
Pretensiosamente, sempre me achei diferente dos demais pra você, e sempre achei que você fosse diferente dos demais comigo, como se tivesse coisas que a gente só pudesse ser olhando nos olhos um do outro.
Quanta arrogância a minha, achar que tenho assim tanta importância.
Nunca soube compreender o que você dizia com os olhos. Mas como acompanhei os seus silêncios!
Seu coração, sua saudade, suas vontades...Tudo que me chamasse, eu ia! Não me arrependo dos incendios provocados.
Eu nunca soube como proceder.
Se era enfrentar o minotauro com as minhas espadas e escudos, se era derrubar o gigante com a sutileza de golias, aquele tal pulo do gato eu nunca soube dar. Aceitei... Até a lua, com a sua beleza toda, guarda um dragão. Não é o que dizem?
No ranking das conquistas, nunca fui primeiro lugar. O pódio, o prêmio, a competição nunca me fez bem.
Larguei de mão esse negócio de querer vitória. Que vitória, afinal?
Deixei correr frouxo, é o que alguns dizem. Fui nobre e correta, já disseram também. O que eu penso? Não sei. O que importa? Já fiz...
E você o que pensa? Ah, tão difícil saber!
Quis e quero estar do seu lado nas conquistas, nas dores, nas perdas, nas alegrias, nos sonhos, nos desejos, até nos desvios, até nos furacões. E fiz o que pude, ocupando o espaço que me cabia, que eu achei que me cabia. Talvez eu pudesse mais, talvez se eu tivesse invadido menos.
Detesto talvez, detesto as mil possibilidades que tudo tem. Não escolher nenhuma delas é o que escreve essas palavras.
E se eu tivesse largado tudo que estava fazendo e ido atrás de você, faria alguma diferença?
Te ver, te ter, te amar... Por quanto tempo?
Eu falar o que eu penso, deixar pra lá o que eu sinto, tem alguma relevância?
Perdoar os seus erros, aceitar suas desculpas, vai mudar alguma coisa?
Eu estava aqui o tempo todo, só você não viu.
Você me esfria, você me esquenta. Sua dose de oxigênio é às vezes vital, levanta fogo, outras vezes, provoca combustões violentas, e tantas outras, sua indiferença me manda jatos estúpidos de água, capaz de apagar tudo que estava inflamando.
Você declara tanto lamento, tanto arrependimento. Como se alguma coisa nessa vida fosse definitiva!
E o que te falta pra ficar feliz? (Eu?)
Que pilhéria! Eu estou aqui.
Falta o que sempre faltou, suas respostas.
Eu te amo no escuro.  Não me choque com lâmpadas de muitos voltz, minha fotofobia não seria capaz de absorver. Me guie à meia luz, de lamparina, à luz de vela ou de abajour.
Que muito claro e muito escuro, eu não consigo entender.

quinta-feira, 19 de novembro de 2009

Mergulho

Tinha olhos claros. "Que belos olhos!"
Verdes ou azuis? A dúvida me perturbou.
Lembrava claramente do seu cheiro, do seu sorriso. Do formato dos seus olhos e do seu olhar. Mas e a cor?
Verdes! ... ou azuis?
Um pescador desses que contam histórias, me disse que entrar no mar é ver as cores desaparecerem.
A primeira cor a sumir é o amarelo, mais fundo, o vermelho. Até o verde se juntar com o azul e desbaratinar até mesmo as sereias mais formosas.
Não sei que cor tinham seus olhos naquela noite, mas agora têm essa cor de mar quando se mergulha fundo. Bem fundo...

domingo, 15 de novembro de 2009

Monocromático



Inspiração de "500 dias com ela"

Acredito na palavra escoteira
 que, com cuidado
 me impediu de sambar na cadeira
Que me guiou gentilmente para casa
e me disse que meus olhos são bonitos, também,
 mesmo sem o colorido dos seus.
Acordei frustrada sem a lembrança do sonho
Sonho acordada, então.
Toda prosa, não.
Poesia, arte maior, veio me visitar.
Uma firmeza estranha, à despeito do álcool
Uma tontura boa, à efeito do beijo
Quanta besteira exposta em linha ritmada,
que olhos bonitos refletidos nos meus!
Me despeço da obrigatoriedade das rimas
não lembro mais como se conta métrica
Aliás, tanto faz, coração.
No turbilhão colorido das minhas sensações
esse sonho acordado e monocromático...Azul.
Fotografia de cinema, estilo, estética.
O pra sempre contém os 500 dias otimizados naquela sessão?
Palavra escoteira, eu acredito.
Não solta ainda da minha mão.

quarta-feira, 11 de novembro de 2009

Cadernos, chicletes e cordões.




Peça: Cadernos, Chicletes e cordões.
Dia 18/11, quarta feira que vem, no teatro Solar de botafogo (General Polidoro, 180) às 20 h.
VENDA ANTECIPADA.
R$ 10, 00.

Você nãaaaao pode perder.

terça-feira, 10 de novembro de 2009

Avante como gente grande!

Letras
A jovem Clara Moreno, filha do humorista João Claudio Moreno com a cantora piauiense Patrícia Mellodi, vem se revelando um talento na arte de literatura. Com apenas 15 anos, ela que já lançou um livro sobre seu pai, mantém atualizado o blog Avante com as Letrinhas, que traz textos maravilhosos.

Coluna Do Péricles Mendel (jornalista piauiense)

Vejam o site!
http://www.cidadeverde.com/periclesmendel.php

Ter pais conhecidos faz a gente inevitavelmente aparecer, mas aparecer como filha. Aparecer como pessoa é sempre muito bom. Não nego o pedigree, mas eu e o avante não estamos nos aguentando. haha
(Assim ficaremos metidos! Rs! )

domingo, 8 de novembro de 2009

Sem querer, querendo.

O meu querer mora no caos de onde emergem essas palavras, impulsionando este vulcão a erupir. Meu líquido sintático é quente, minha lava sentida. Esmagando meu ego leonino, minha organização interna de virginiana, que eu nem tenho tanto.
É livre e completo, me desobriga a entender. Te quero porque te quero, porque não me empenho a não querer.
Não tem amarras, não tem rodeios, não tem limite nem pretensão. Não quer ser maior, não quer ser melhor, nem se esforça pra ser. Apenas é e aceita sua existência desarmônica.
Rejeita as possibilidades de algemas ou de fugir da sua naturalidade. Não se impõe um não, não se julga(não por muito tempo) Te quero porque te quero, em desrespeito ao direito que me é negado ter. Mas é sem vergonha esse querer libidinoso. Mora na alma mas é muito menos abstrato. É real, carnal, quase palpável.
Nessas erupções vulcânicas, meu caldo caloroso se espalha entre os meus poros, entre a razão e a emoção. Sem falar no corpo, enxarcado por esse magma sentimental.
A razão ejeta, se nega. A emoção pondera, faz concessão. Mas o corpo é primitivo, se entrega. Até meio burro talvez, te quer de qualquer jeito.
A espontaneidade abre chance pro erro, me permito. O coração é a sede da coragem, e às vezes tenho a impressão de ter dois ou três corações espalhados pelo corpo. Em silêncio, posso ouví-los palpitar.
A liberdade é uma ferramenta destemida e abrangente. Fico submetida aos vícios e virtudes do dualismo da minha alma (que vista de determinados ângulos, tem muito mais do que três dimensões), como quem recebe uma brisa fria com o peito descoberto, e gosta.
O choque térmico dessa sensação me desbaratina. Há a bandeira branca, hasteada em função de paz; Há o carnaval, cheio de cores e canções, mas há também o meu deserto ensolarado, a água congelada dos meus pólos e transito entre eles em questão de segundos. A velocidade do querer supera em muito a da luz.
Hedonista, o meu prazer só tem umbigo(embora fale por todo o resto). Desconhece moral, acha ética bobagem, o certo e o errado nunca soube distinguir, duvida até da existência. Querer ateu. Agnóstico, alivio.
Tenho todas as razões menos uma para não querer. Cálculo das probabilidades, uma pilhéria confirmada!
Contrario o que se espera, desrespeito os limites, ultrapasso ilegalmente as barreiras do desejo. Não sei dizer e digo, não sei amar e amo.
Não sei querer, não sei sentir, não cumpri o protocolo da entrega, mas me sinto sua, me entrego nua e te quero mesmo.

quinta-feira, 5 de novembro de 2009

Menina Nina e o espelho


Menina Nina é uma personagem presente no meu dia-a-dia. Que me acorda de manhã gritando, cantando ou chorando, que bagunça minhas coisas, que recusa meus beijos, mas que me derrete só falando meu nome.
Bate um pouco em cima do meu joelho, tem cabelinhos cacheados que balançam em rabos e maria-chiquinhas. O sorriso que ela mesma intitulou como "perfeito" e os olhos, que quando riem, me fazem rir de imediato.
Entre uma brincadeira e outra, notou o espelho do meu quarto. Já tinha visto, mas nunca encarado daquela maneira.
"É a Nina!" Dizia, encantada.
Bagunçou o cabelo e olhou pro espelho, pegou na barriga e de novo conferiu. A Imagem acompanhava os movimentos dela.
"É a Nina! É a Nina!" Repetia com mais força e com longas gargalhadas.
A brincadeira então começou.
Se escondia, andava para o lado e depois voltava, em saltos. O espelho retratava seus passos em tempo real. Os olhos brilhando, quanto fascínio.
Testou o sorriso, careta, língua para fora, mandou beijo. Ajeitou a roupa, levantou a blusa, dançou, sentou, ficou em pé de novo. Cada ação acompanhada de inúmeras gargalhadas e mais olhares surpresos.
Depois de algum tempo em observação, o sorriso foi dando lugar a uma expressão de descontentamento e contrariedade. Aquela mesma que faz quando é obrigada a se comportar no banco do carro, ou não mexer nas gavetas da sala.
Com pouco,  foram as lágrimas, que escorreram grossas dos olhos da minha meNINA. Sem gritos, sem estardalhaço, apenas um choro sentido. Com soluços e pausas pontuais.
Em seguida, se levantou com a testa franzida. A sobrancelha grossa pressionada, com ares de chateação das brabas. Com o dedinho balançando, pronunciou algumas reclamações ininteligíveis ao espelho, ainda com voz de choro e ares de magoada.
Empurrou, tentou derrubar e por fim, se assustou com a proposta de se olhar mais alguns instantes, saiu correndo e se escondeu em baixo da cama. Ainda soluçando alto.
Nessa tarde quente, minha doce menina, tão frágil e pequenina, de dentes ainda nascendo e de pisadas ainda não tão firmes, descobriu o tamanho do abismo de olhar pra si mesmo e se perder da reflexão do seu próprio reflexo.

segunda-feira, 2 de novembro de 2009

De silêncios e desvios

Nem sempre quem cala concorda.
Calo por medo, por perplexidade, por chateação, por arrependimento, por culpa, por refletir, por não saber, por não querer falar...
O meu silêncio quer dizer segredo, quer dizer conquista, quer dizer cilada.
Quando eu me aquieto quer dizer beleza, quer dizer contraste, quer dizer mudança, mas quase nunca um sim.

Pra concordar, eu sorrio, me pronuncio, satisfeita. E quando eu calo... Há quase sempre uma adversidade.