terça-feira, 29 de setembro de 2009

Pingando.


Há dias de pura distração e melancolia.
A chuva, o frio, a prova de matemática...
Contemplei a paissagem urbana e as pessoas ao redor.
Expectadora, ausente, apenas observando...
Eu estava fugindo do confronto, de abrir a torneirinha das minhas emoções.
Sufocado,ganhando força e pressão, o choro saiu...
E depois do berreiro começado, me restam para o fim do dia( e por tempo indeterminado) os pinguinhos dolorosos da sensação que eu ainda não parei de sentir.
Reclusa, irritada, envergonhada... Todos os olhares me refletiam aquela mesma noite.
Não adiantou fugir de todo mundo, eu olhei pra mim.
E agora fecho os olhos para o que há por dentro e os pinguinhos ainda cismando em cair.

Não que eu precisa explicar, mas dessa vez... A personagem se chama Clara e usa laço de fita no cabelo.

quinta-feira, 24 de setembro de 2009

Sob (e sobre) um leve desespero



O clima úmido faz bem ao meu cabelo. ele fica mais sedoso.
Balançando as minhas pernas e sorrindo sob um leve desespero, tentava me concentrar nessa banalidade.
Não consegui deitar. Dormir? Que piada dormir!
De um lado para o outro do quarto, parada é impossível ficar.
Mais que as dores no corpo, o formigamento, a irritação da alma. Que inferno! Joguei tudo no chão.
Quantos anos me restariam de vida? 30? 50? 2? meio minuto?
Qualquer instante a mais seria insuportável.
Inalando o ar da atmosfera de pânico e desespero, senti a agonia pesar nos meus pulmões.
Ah, meu cabelo! O sol o deixa ressecado, mas agora que esfriou... Tão brilhoso!
Desvio de pensamento, a nova técnica da da psicologia. Um grito contido fez eco dentro de mim e eu quis gargalhar. Tudo é tão ridículo!
"Só por hoje, só por hoje". Não é esse o lema? O 'hoje' acabou de começar, é madrugada. Imediatista penso "Só por agora".
Tudo é tão babaca! Nada dizima essa sensação.
O que mais eu preciso me perder? Até onde eu ainda preciso ir?
Se eu deveria chorar não sei, eu só consigo rir.
Há uma saída de emergência? Um remédio, um objeto perfurante? Quantos andares tem isso aqui?
4:45 da manhã.
A umidade ajuda mesmo o meu cabelo!

Não que eu precisa explicar, mas a personagem dessa história não se chama Clara.

quinta-feira, 17 de setembro de 2009

simultaneidade.

Que seria do sim, sem talvez o não?
Que beleza na luz, sem a escuridão?
Que magia um amor sem contradição?

Coragem, Clara.

quarta-feira, 16 de setembro de 2009

Quero chorar uma semana inteira, gargalhar até perder a voz
Quero gritar pra dar dor de garganta, me debulhar, me desfazer em nós
Quero girar até ficar bem tonta, fugir do mundo de olhos fechados
Escancarar, expor, contar,me desfazer de vez de amarras e cadeados
Quero morrer de ódio, pincelar com cuidado a raiva nas minhas expressões
Preciso expor, esparramar, eu não comporto mais tantas paixões!!

quinta-feira, 10 de setembro de 2009

sexo frágil? Nem pensar!


Eu evito de bancar a feminista. Acho que homens e mulheres, com as suas diferenças, acabam se equilibrando e nenhum é melhor que o outro, apenas distintos. Acho até que se completam, enfim, ambos são necessários e tem seus defeitos e qualidades.
Vejam bem, eu não estou tentando privilegiar um gênero ou outro, mas convenhamos: de rótulos para mulheres, nós estamos cheias( e nessa hora tomo a liberdade de falar por todas).
Se há problemas no trânsito "Só pode ser mulher", em cargos políticos a participação é quase nula, menores salários, menores oportunidades de emprego. Culpem a história, se quiserem. Ok,ok, as mulheres estão transformando esse cenário com o tempo e claro, mostrando a que vieram, mas eu já estou cansada de ouvir essas mesmas balelas à nosso respeito.
Mulheres do mundo, uni vos contra tanta babaquice!
As mulheres ganham mais poder, mais atitude, muita coisa mudou, mas não muda esse título irritante ( e mentiroso) de "sexo frágil".
Tudo bem, somos mais sensíveis, mais delicadas e até mais choronas, mas desde quando ser passional é sinal de fragilidade?
Tanta pose é muito fácil quando não se engravida, não se tem cólica, nem menstruação todo mês. Sem sutian, sem tpm, sem as cobranças que só se fazem às mulheres. Porque afinal, é a mulher que toma conta da família, que assume as responsabilidades da casa e dos filhos, que tem que segurar a onda emocional do cara e claro, estar sempre linda, pra fazer bonito diante esse padrão de perfeição que se criou.
Enquanto no oriente as mulheres são obrigadas a se vestir dos pés a cabeça, a regra no ocidente é se despir. E não há quem(com cérebro) possa com uma mulher melancia e as frutas e cia. E além disso tudo, tem que provar que é capaz sempre duas vezes mais, aturar cantada de pedreiro e ser muito mais censurada.
um homem de 40 "está pronto, charmoso" e a mulher..."acabada".
Fui uma menina sempre bem enturmada, nunca deixei de ter amigos homens. Aliás, os tenho em grande conta. Até mais que as minhas amigas mulheres e conversando com um grupo de amigos, percebi uma onda de indignação. Uma série de críticas aos nossos "maus tratos". E que de tanto levar foras, estavam ficando traumatizados. Justificaram, inclusive, todos os seus erros como traição e as atitudes machistas, nos tais traumas que supostamente, nós causamos.
É como se a história estivesse se repintindo... Aquela coisa da mulher que é bruxa só porque seduz. Só que sem a fogueira, pelo menos literalmente. Temos que fazer o que não queremos, ficar com quem não sentimos vontade, só pras eles não ficarem cheios de traumas.
Haja paciência!
Imagina se a gente fosse ficar traumatizada por cada não que recebemos? Por cada comentário preconceituoso e machista? Por cada rótulo como "piranha" pra uma mulher que só ter os mesmos direitos que os homens?
Não é nenhum ode, nem pra deixar as mulheres em um pedestal, porque sabemos ser muito ferinas e maliciosas, finalizando nos pequenos detalhes, matando no canto da unha(vermelha) e chutando com a ponta do scarpin.
Tem um texto da Marta Mederos que eu adoro, em que ela diz que toda mulher é meio doida e meio santa. E como não ser?
Sabemos ser más, sabemos ser boas, sabemos ser doidas e sabemos, inclusive, ser santas. No fim das contas, sabemos ser um pouco de tudo e só assim pra equilibrar tudo que nos é exigido.
Enfatizo, nós precisamos de vocês, meninos. Eu não sou do tipo que perde tempo queimando sutian e negando a necessidade dos homens.
É apenas uma forma de mostrar o lado de cá, uma pequena observação e reivindicação diante de muita coisa que eu ando aturando calada.

Se vocês querem fazer pose de machões, tudo bem. Mas sexo frágil... É mais do que eu posso aguentar.