segunda-feira, 24 de agosto de 2009

Admiraflor secreto


Acordei com a campanhia "quem será?", pensei mal humorada.

Abri a porta com sono e sem paciência, o entregador tão mal humorado quanto eu, ou mais, por trabalhar em um domingo me erguei um buquê de girassois e com voz rouca falou "É pra Clara"

Abri um sorriso "Pra mim!", suspirei encantada.

Agradeci, fechei a porta e fiquei contemplando meus girassois por um tempo, ainda embasbacada, fascinada, sem conseguir expressar nenhuma palavra, nenhum pensamento ou sequer, estender meu olhar ao cartão.

Mas a curiosidade foi se espalhando por mim. Primeiro, como uma ruguinha de inquietação, depois como uma cosquinha que subiu até as minhas mãos, me fazendo abrir o papel.

Rapidamente, procurei uma assinatura, nada.

Resolvi ler o que estava escrito.

Digitado em computador, não me deu a honra de ver sua letra, de observar seus traços.

Uma poesia, uma canção sobre a história de amor quase impossível entre um girassol e um dente de leão. Não sei quanto ao resto, mas meus olhos sorriram.

Quanta delicadeza! As minhas flores favoritas, o endereço da minha casa, um poema! Meu admirador sabe mesmo me provocar a melhor das sensações.

Ainda deitada no sofá, com o rosto perdido entre as minhas flores, fiquei sonhando com o meu admirador tão secreto e tão revelado...

Ah, admiração com flor é um prato cheio para o meu encanto.

Com carinho e delicadeza, botei meus raios de felicidade petalados na água e diante do sol, bem em frente a minha cama, para iluminarem meus dias.

O resto do dia e até agora, estou flutuando em uma nuvem de dúvidas sustentada por uma certeza, em um paradoxo amarelo e perfumado.

De uma coisa, meu admiraflor secreto e declarado pode ter certeza, me conquistou por completo, pelo menos ao tempo, de meu girassol ainda brilhar.

sábado, 22 de agosto de 2009

"sweet sixteen"


Já senti saudade precoce de pessoas, de momentos, de lugares, mas de idade... É novidade pra mim. Normalmente quero que o tempo corra muito rápido, quero apressar os anos pra ficar mais velha. Mas o alvo era sempre um, um limite, uma expectativa. A vontade era sempre o 15.

A idade mais desejada, mais festejada e mais querida. Mais gostosa de ter e de falar. A mais legal de viver.

Uma síndrome de peter pan me tomou. Nostalgia, fotos da festa, da valsa. Fiquei repetindo horas "dezesseis" e achando de uma sonoridade esquisita, ruim. Achei brega, achei sem graça...Queria ser uma eterna debutante.

Coloquei a valsa pra tocar e olhei pro anel na minha mão direita. O sonho realizado, o objetivo concretizado, era hora de ir além.

O título de eleitora, a censura cada vez menor, mais próximo da maioridade. Hora de definir um novo limite. Debutante eu poderei ser quando olhar para o anel na minha mão, rever o dvd da festa e ouvir a valsa. Aceitei a data, aceitei o fato. Crescer...

Não se tem 15 anos duas vezes, mas também não é sempre que se faz 16.

Que me venham os famosos 'muitos anos de vida'. Saudade dos 13,dos 14 e dos 15(e assim, consequentemente), mas seja vem vindo "'16" e todos os outros anos que a vida me reservar!


Parabéns, Clara!

sexta-feira, 21 de agosto de 2009

Bandeira branca, amor.


Remexendo minhas sensações e os meus pensamentos, noto então o caos que se instaura. O fascínio da contradição. Ninguém mais tem tanta paz, ninguém mais tem tanta confusão. Não há quem me cause, atualmente, mais batalhas internas. Já pensei que era isso que me encantava, já tive certeza que eu me atraia pelas curvas sinuosas das minhas e das suas confusões. Erro meu. Pensando em você hoje, cheguei a conclusão de que o que tanto me encanta e paralisa é a paz que cabe dentro de um abraço, de um sorriso, de um "alô" no telefone, calmaria capaz de freiar a inquietação.
Quase convencida de que era a guerra desse sentimento, que tanto me mantinha presa, me dei conta de que minha imobilidade e minha fascinação era mantida por uma sensação de tranquilidade e leveza que só aquele colo sabe transmitir.
As ideias que se atravessam, se chocam, embate, dúvidas na revolução carnavalesca que se cria dentro de mim(intensa, mas cheia de lirismo) se freiam. A confusão de buzinas, frevos, cores, palavras, multidão arrastada, fantasias, novidade, poeira, fumaça e tiros em disparada se cala quando eu te vejo. Ofuscando o que eu pensava, o que eu queria, o que eu pensava que queria e o que, em definitivo, em queria pensar, se hasteia em mastro lustroso pacífica emoção.
É pluma, pacato, cristalino.
Bandeira branca, amor.

obs: Esse texto era um desenho, que se montou inteirinho na minha cabeça, mas que minhas mãos não souberam desenhar. Eis aqui em forma de palavra o que eu senti e visualizei.

segunda-feira, 10 de agosto de 2009

Os muitos tons de uma aquarela


Passeando entre as pedras da calçada e devaneios distantes, fiquei vendo o céu passear por todas as tonalidades em um degradê cheio de nuances, em ordem respectiva das cores mais vivas aos tons pastéis.
Logo em seguida, descordenar de vez e bagunçar as cores, como se fosse tinta. Até tudo se juntar em uma mistura homogênea e concreta. De um azul quase preto.
Depois ,aos poucos, como se tivessem sido planejadas, arquitetadas por um pintor perfeccionista e astuto, as estrelas foram aparecendo. Uma a uma até o que antes eram leves pinceladas, se tornarem um grande mosaico cheio de imagens no qual eu me perdi e me encontrei.
Disposta e em pé, depois sentada. No final, entregue ao espetáculo que me encantava, deitada, me despedi da tarde, do dia e das minhas inquietações habituais. Vendo os barquinhos, as pessoas, o céu... e de certa forma eu, refletida em toda aquela paisagem.
Sai ainda em transe, sendo parte da moldura e ajudando a compor a pintura, também. Todas as cores da aquarela daquele tarde cobrindo meu corpo, a tinta fresca pintando através dos meus olhos, meu sorriso e colorindo também o dia de quem passou por mim e pôde ver a tonalidade da minha alegria.

terça-feira, 4 de agosto de 2009

Cresça, Clara!


Enxugue as lágrimas do rosto e vá adiante.
Tire o pijama e pare de se lamentar na cama entre os cobertores.
Sua parede, se pudesse lhe diria "Saia daí, levante essa estima"
Pare de se encantar por qualquer meia duzia de palavras e se forçar pra diminuir as suas mágoas e dores. Decepção, raiva, rancor. Que seja, que sinta! Respeite suas vontades e tenha força. No fundo, você não precisa de ninguém.
Postura. Erga os ombros e ande pra frente. Devagar se chega, com paciência. Mas parada, não há perseverança que te leve a lugar nenhum.
Pare de se justificar atrás da sensibilidade, do coração frágil e do jeito 'menina demais', de se esconder e tapear o que na verdade é "covardia".
Não se subestime, que papo mais antigo. Você que se gaba de querer novidade, não vira uma página de sua vida.
Que medo é esse? O que acha que perde se valorizando?
Se for pra ser, será. E se não for... Que se vá e que se vá depressa.
Tudo se perde, só não se perca. Tudo passa, só não se passe pra trás. Seja fiel a você mesma, se ame.
Ora, nessa confusão toda só vai lhe sobrar você! Se goste! Vai ter que se aturar pelo resto da vida. E se ficar difícil a convivência... Transforme, modifique.
Os anos passam. Vão se as paixões, as vivências e essa Clara continua a mesma?
Sem medo e sem receio, siga em frente. Por que tanto se subestimar?
Depois vai reclamar da falta de valor que os outros te dão, das interpretações erradas que as pessoas fazem, da imagem que você não gostaria de ter pro mundo.
Parece clichê e conversa fiada, mas Clara... Se você não se olhar diferente, de onde partirá essa visão?
Agora faça o favor de amadurecer. Duvido que esteja gostando de sentir esse nó no meio do peito. Tão conhecido, né?
As coisas vão adiante, mas o seu sentimento é sempre o mesmo diante das situações... De aperto, medo, e como se estivesse de mãos atadas.
Solte essas mãos, solte esse coração, essa cabeça...
Seja livre! Livre de você mesma.
Das suas pressões, das suas opniões, das algemas que só existem na sua cabecinha limitada. Se liberte de você, garota!
Levante, ande, mude, transforme, encare, carregue... Cresça Clara, cresça.

segunda-feira, 3 de agosto de 2009

Não perturbe, paz!


Vida, não deixe que a minha rotina se torne essa monotonia.
Não permita que meu caminho seja de linhas retas e cheio de razão.
Não tire as pedras da minha passagem, não torne fácil a minha caminhada, porque eu reclamo, mas gosto mesmo é dessa confusão.
Entre tropeços e arremessos, gosto mais da dúvida, das novidades e me arrisco a dizer, da dificuldade.
Detesto essa coisinha ensaiada que os dias se tornaram. Até mesmo as invenções me causa essa sensação chata de 'deja vu'.
Eu vivo sempre querendo o novo, recomeços e novas trajetórias. Mas que seja presente, ou até passado, eu só quero agitações. Boas, ruins... Eu só não gosto do indiferente, do irrelevante. Sou feita de extremos e é esse "mais ou menos" que eu não quero.
"Tudo bem? " "tudo indo..." Que seja indo bem, ou indo mal, mas o silêncio reticente me incomoda.
Esse negócio de equilíbrio nunca foi muito comigo. Embora eu devesse me manter estável. Mas sou inconstante por natureza e me manter em uma situação linear não faz muito o meu tipo.
A paz ao meu redor, mas dentro de mim eu sou só caos... Vida pacata, mansa, pacífica não me satisfaz.
Eu sou uma pessoa urgente, eu preciso de novidade. Por isso não me venha contar as mesmas histórias e manter essa mesmice, por isso me tire da reta e não venha mais me atrapalhar. Não perturbe, paz!