sábado, 30 de maio de 2009

Cinematográfico


Cansei da realidade.

Tédio total essa vidinha parada e comum que somos obrigados a viver. Simplesmente não suporto mais essa normalidade, essa mediocridade, essa rotina ensaiada, sempre as mesmas coisas.
Não quero mais cinemas com pipoca fria, encontros em cafés com papos ensaiados, não quero mais os flertes iguais e contínuos via internet. Eu quero uma aventura cinematográfica!
Eu quero uma trama ainda não pensada, uma personagem que eu vou criar, cenas que deixem aquele frio na barriga e que vez ou outra, façam a lágrima querer descer.
Eu quero a incerteza de um roteiro bem bolado, uma fotografia bonita, por favor.
Diálogos inteligentes, filosóficos e casuais, uma mistura simpática de tudo que os filmes têm de melhor.
Eu quero beijos com trilha sonora, olhares marcantes, frases não ditas, mas imaginadas por quem assiste enquanto, em casa, come brigadeiro.
Nada do que eu já vi, ou já vivi. Eu desejo uma mistura de tudo que já imaginei e do que com certeza vai me surpreender.
Quero uma paixão que vá além da compreensão, das expectativas. Uma vivência que me rasgue a roupa, o juízo e o coração, se for preciso. Eu quero luz, câmeras e muita ação.
Quero das cenas mais clichês à inexperadas, e todo o tipo de reação. Quero surpresas e aquele primeiro beijo já esperado, mas que causa o mesmo efeito de surpresa.
Quero as conhecidências, os lugares, os amores que só aparecem nessas telas.
Espero uma história bonita, inusitada, encantadora, que me tire do sério e me torne protagonista dessa trama envolvente.
Essa vida de novela das oito é muito chata, eu quero mesmo um filme. De cinema americado, francês, italiano, coreano, brasilero. Eu quero uma grande confusão, uma mistura, o filme que por agora é só um trailler na minha cabeça.
Não esquecendo do(talvez) mais importante. Quero um final que seja avassalador. Que seja no ponto, medido. Bonito o suficiente pra deixar sorrisos e lágrimas no rosto e não tão clichê pra alguém dizer que já o esperava. Quero um fim que dê frio na barriga até mesmo quando os créditos começarem a rolar.
Cansei da minha vida real, estou farta das mesmas coisas, de saber o que esperar, de enxergar tudo sem lirismo, sem poesia e sem emoção.
Desligo-me do mundo agora, da rotina que cansei de ensaiar.
Vou fixar-me nas telas, do que já foi feito, pra sonhar com a verdade que invento, da vida que desejo, do romance cinematográfico que eu quero viver.

quinta-feira, 28 de maio de 2009

Da solidão e os meus outros demônios

A solidão, como todos os sentimentos, possui diversas faces. E para mim, não necessariamente precisa ter conotação negativa.Existe a solidão vazio, que machuca, que nos deixa pela metade, perdidos. Existe a solidão individualidade, saudável, necessária e existe, inclusive, a solidão opcional.Essas três 'modalidades' são as mais comuns pra mim, por isso as citei. Dentro das três possibilidades cabem vantagens e desvantagens, dores, sabores.
A solidão é excelente para pôr os pensamentos em ordem, para realizar antigos planos, para arrumar o quarto, as gavetas, a cabeça.
É um excelente exercício de liberdade, desde que a sua solidão isole de você também seus medos e julgamentos. A solidão é necessária, inclusive para usufruir de uma companhia posterior, seja ela qual for.A solidão pode ser uma excelente aliada, naquelas tardes em que você quer sumir do mundo, e que qualquer outra presença será incômoda. Afinal, existem momentos que só podem ser vividos à dois. Você e a solidão.
Muitos desses momentos me tomam, me invadem, fico horas, dias, meses nessa existência reclusa do resto do mundo. E nessas horas saboreio com gosto, lambuzo-me dessa sensação e exclamo com água na boca "Ah, doce solidão".
Em outros momentos, em controversia, canso-me da sensação de estar sozinha. Sentada em cadeiras escondidas, no fim de festa, na cadeira do cinema derramando lágrimas (mais por mim que pelo filme), deitada no sofá da sala, checando esperançosa o celular na busca de uma ligação, um convite, uma mensagem de texto que me mostre, revele, prove que eu não estou tão sozinha assim.
Ah, nessas horas o asco me toma! O gosto amargo, o fel, as lágrimas que derramam espontaneamente e grossas, o salto que bate com força no piso encerado da sala de estar. Reclamo, imploro, com raiva e fragilidade "Sai daqui, solidão!"Mas entre meus momentos de amor e ódio, mel e fel, tristeza e contentamento, vou vivendo só(sem precisar significar infeliz, enfatizo), acabo por fim convivendo com a minha solidão e tudo o mais que ela me oferece.
Acredito que pra mim(e todo mundo) a solidão é apenas um estado de inércia, esperando uma força que a tire do estado inicial. Sendo assim, me torno eu uma massa estática, tendendo a permanecer em repouso até que algo me tire dessa posição( e algo vem sempre a me tirar).
Porém, um aviso. Não faça zona nas minhas bagunças organizadas emocionais!
Não há nada pior no mundo, do que gente que não oferece( de fato)companhia e atrapalha a minha solidão

quarta-feira, 20 de maio de 2009

Síntese sentimental

Às vezes a gente pensa que nada será capaz de freiar o nervosismo do dia chato, da dor de cabeça infernal ou que só um fato extraordinário, que você nem consegue imaginar a fará esquecer o tumulto de pensamentos que se passam (sempre) na sua cabeça.
Comprovo-me então mais uma vez que a calma, assim como a felicidade está sublime nas coisas mais simples, mas preenchidas de toda a importância.
Deito ao seu lado e de repente até mesmo a enxaqueca vai ficando mais leve, sentindo sua respiração na minha nuca e seu corpo junto ao meu num pensamento de 'não soltar mais'. O cheiro se confundindo e o beijo que senti (ainda) mais gostoso.
Aquilo que depois me causará mais uma batalha de uma das minhas atuais maiores revoluções internas , no instante do abraço me acolhe, me sossega, paraliza (me acalma).
Exercendo meu poder síntese de sensações, seria talvez definido como : contradição.Sendo você minha loucura e meu porto, entre as tardes chatas e vazias, de enxaquecas físicais ou psicológicas.

terça-feira, 19 de maio de 2009

Admiráveis vagabundos

- O que sua mãe faz?
- Ela é cantora.
- Ah, que legal. Mas em que ela trabalha?

- Em que seu pai trabalha?
- Ele é ator.
- Sim, mas e trabalho, trabalho mesmo?

Já estou cansada! Quem disse a essas pessoas, a esse mundo que ser artista não é profissão? Quem contou a eles que cantar ou atuar é um trabalho menor ou menos digno?
Já estou farta de ouvir à todo canto "Artista é tudo vagabundo", "músico quer vida fácil", "todos os atores são drogados". "Seus pais estão de férias? Mas isso é coisa pra quem trabalha muito".
Passei a vida inteira vendo meus pais darem muito, muitíssimo duro. Sem hora, sem dia, sem direito à feriado, final de semana e dias santos pra ter que ouvir tanta besteira.
Meus pais são vagabundos que trabalham desde que tem a minha idade, em qualquer lugar, a qualquer hora, que vêm me dando suporte, me criando dentro da maior estabilidade que conseguem, se mantendo presentes mesmo com a vida incerta, se aprofundando, lutando, pra viver do que foram dotados de talentos.
Meus pais são um desses vagabundos que acreditam na beleza da arte, da vocação, que não desistem mesmo com a mediocridade, com as dificuldades, com a falta de mercado. São desses preguiçosos que continuam fazendo poesia em um mundo onde a maioria das pessoas esqueceu o que é beleza e melodia.
Espero eu, ser um desses 'de vida fácil' para que os meus filhos tenham tanto orgulho de mim quanto eu tenho dos meus pais.

- Mas vocês vivem de que?
que eu tenha paciência para responder à todos que perguntam:

- DE ARTE!

Querido diário:

Por que traçar escolhas é tão difícil? Por que é tão complicado dizer não a alguém?
Porque diz-se não a si mesmo, na verdade. Respondo a mim mesma.
Há poucos dias me vi pensando à respeito disso, e agora com a tese melhor formulada em minha cabeça confusa e limitada, descrevo-a nessas linhas.
As pessoas nos oferecem oportunidades, caminhos, opções e quando dissemos não a elas, não é a elas que dizemos, mas a nós mesmos, negando a nós, a nossos corações, nossas vidas um romance, uma história, uma possibilidade que não vai mais acontecer. E é por isso que é tão difícil. Como arriscar, dizer um não, assim, no escuro, para nós mesmos?
Mas normalmente um não, é um sim, para outra perspectiva que não necessariamente é pior ou melhor, apenas diferente da que recusamos. E nunca saberemos como poderia ser, porque negamos. Céus, como isso está confuso!
Mas querido diário, o que eu queria lhe dizer é que dessa forma eu compreendo melhor o "não", seus porquês e a importância que devemos lhe atribuir dependendo das situações.
Não devo me sentir mal ou menosprezada porque esse "não", não é pra mim!
Agora sorrio como boba da minha teoria que me deixa mais leve e ao mesmo tempo mais atenta às minhas próprias escolhas.
Suspiro aliviada, me tirando o peso da negativa. Afinal, essa escolha não foi minha, essa dor não é pra mim. Não quero mais ouvir desculpas alheias, nem meu ego ruminando essa negação.
Ofereci apenas uma possibilidade, que eu não neguei, ainda sou um caminho viável, pra quem me percorrer, optar, quem negou não fui eu, quem perdeu o que eu podia oferecer não fui eu.
"Ah!Saí ilesa" Suspiro agora fundo e feliz.
Quem perdeu, não perdeu tudo. Ganhou também outras coisas. Assim são nossas escolhas, a vida é feita delas e não cabe a mim fazer julgamento ou juízo de valor.
O que me interessa nesse momento, querido diário, e que descrevo em suas linhas, é que esse "não", não me pesa mais. Eu não perdi nada, essa dor de escolha não me recaí mais, eu continuo no 'sim', não fui eu que disse "não" pra mim.

domingo, 17 de maio de 2009

Menina Nina e o irreversível


Nina é uma menina levada. Gosta de mexer em tudo, correr, fazer bagunça.
Adora brincar com as bonecas da mamãe, que ficam na sala.
Sem que ninguém visse, enquanto todos da casa estavam atarefados demais em suas próprias atividades, a pequenina segurou sua boneca preferida, e no ímpeto da brincadeira, arrancou o braço da boneca. Sorriu achando graça do feito.
Depois cansou da boneca desse jeito, quis encaixar de novo seu braço. Segurou, tentou, mudou de posição, não conseguia. Repetia sem parar a todos da casa 'botar', 'botar', 'botar'.
Os olhares negativos, as tentativas falhas. Nina chorou manhosa, fazendo bico, com a boneca em seu colo, e o braço arrancado em sua mão. Um choro sentido, sofrido. Ela só queria brincar...
Tão frágil e pequenina, a menina Nina hoje sentiu a dor de quem comprava que a inconsequência pode ser irreversível.

sexta-feira, 15 de maio de 2009

Carnaval


O carnaval já está chegando e eu já sei
pois conto os dias desde o início do mês
Eu passo o ano inteiro nessa espera agoniante
pra viver somente os dias desse cortejo brincante

A minha vida é toda feita de verdade
sobrevivendo entre os dias apressados da cidade
Eu nunca hesito, para tudo eu me doou
Mas essa noite eu quero esquecer de quem eu sou

Eu vou viver os meus melhores dias de folia
esquecendo que essa festa é como vendaval
Sabendo que provei da maior alegria
E que essa falta só se cura com outro carnaval

Meu grande sonho era viver de fantasia
para que nunca me faltasse essa alegria
Mas o meu peito não resiste, todo se incendeia
E é feito de cinzas quando chega a quarta feira

quinta-feira, 14 de maio de 2009



Deixa que eu seja o instrumento da palavra
Deixa que eu empreste a minha carga de emoção
Deixa a minha alma ser o fogo dessa brasa
Que percorre o corpo e que forma a canção

Deixa eu ser a força que arrasta a pena
que compõe o poema nas folhas de papel
Deixa eu ser a mão que imortaliza a cena
Que movimenta a vida entre terra e céu

Eu quero a confusão: constante amor e asca
Deixa eu colher o doce e o fel da vocação
Tornar meu corpo apenas uma casca
E o meu ser somente um coração

terça-feira, 12 de maio de 2009

Mistura de versos e de sensações.

Se penso, controlo
Se olho, desvio
Se quero, me enrolo
Se toco, arrepio.

Concentro e suspiro
Logo perco o fio
Me vejo querendo
Me entrego e sorrio,
Doce desejo irresistível!

Queria ser tatuagem no teu corpo
pra ficar gravada, cicatrizada e exposta
permanentemente.

"Quero ser a cicatriz risonha e corrosiva marcada à frio, à ferro e fogo, em carne viva"

domingo, 10 de maio de 2009

Sobre os (meus) sonhos


Sonho enquanto há tempo pra sonhar
pois nos meus sonhos há tanta beleza!
Construo meus desejos na atmosfera imaginária
E edifico à toda força os meus castelos de areia
Sonho sem ter muita pretensão
E moro mais nos sonhos que na vida 'real'
Pois nessa há sempre tantos desenganos
E nos meus sonhos é do jeito que eu quiser
Navego os mares fantasiosos com os meus barquinhos de papel
Descobrindo novas terras, ancorando em novas praias a minha pobre embarcação
Vou nos sonhos, escapando da verdade, poetizando a realidade, diluindo a minha dor.
Pois a saída está da poesia, em transformar em melodia os ruídos solitários de cada coração.
Vou sonhando sem temer imaginar, perdendo tempo de chorar, ganhando tempo de viver toda a magia dos meus devaneios.

terça-feira, 5 de maio de 2009

Para Miguel(ou qualquer outro codnome)

Sempre acreditei em anjo da guarda. Talvez por ingenuidade, mas esta foi uma crença da qual nunca duvidei. Não só porque meu anjo já se manifestou de diversas formas, mas também porque sempre me senti protegida.
Quando era menor e meu medo de escuro era maior que o de hoje, escondia-me embaixo do cobertor e não deixava nenhum pedacinho de mim à mercê da escuridão e pedia pro meu anjinho pra envolver a minha cúpula da sua proteção. Escondida pelo lençol e de olhos fechados, eu conseguia ver uma luz lilás que contornava meu corpo e me acalmava, me fazendo adormecer plena e tranquila.
O moço que eu via no colégio não me assustou nem da primeira vez. Tinha rosto de jovem, muito bonito, mas os olhos antigos, de quem já viu muita coisa. Confusa, quando eu perguntei quem ele era, disse-me que era o meu protetor Miguel. Depois não apareceu mais, não desse jeito, mas segurou minha mão na travessia de todos os momentos.
Quando uma força muito grande me toma, tenho certeza que não estou sozinha, de que 'Miguel' se faz presente, é essa minha proteção. Meu anjo me ensinou que eu tenho capacidade de amar e que é preciso aproveitar todas as oportunidades de amor, me ensinou que estou mais infinita mesmo diante das enormes montanhas ou imponentes tempestades.
Venho me tornando uma criança crescida, sempre sob o teu olhar atensioso, pois desse não hesito desconfiar nem por um instante. A tua luz lilás ainda cobre a minha cama e o olhar de vivências tatuou-se nos meus olhos e à todo instante o vejo, zelando por mim.
Protege-me anjinho. Seja você um sábio arcanjo ou um brincalhão querubim.

domingo, 3 de maio de 2009

Game over


Tratava-se de um jogo, então? Só agora eu entendi, era uma corrida.
Me pergunto agora se eu teria ganhado se tivesse me adiantado, se era uma questão de "chegar primeiro" ou se eu não era mesmo páreo para os meus adversarios. Dentre essas perguntas, uma mesma resposta: Sou péssima jogadora. Não sei brincar dessa coisa de poupar o coração, fingir, atuar. Não ligar muito, não ligar pouco, não estar afim demais, não estar afim de menos, no final, sigo minha intuição(que sempre falha). Digo o que quero dizer, faço o que quero fazer e acabo sentindo exatamente o que eu não queria sentir.
Falta-me a coordenação motora, falta-me o raciocínio lógico, falta-me o espírito competitivo. No fundo, talvez seja essa a maior razão: Não sei fazer esses jogos de conquista.
Quebro as regras, não sei blefar, não sei escolher o momento certo e principalmente, caio sempre na corrida errada.
E eu me deixando levar pelos acontecimentos, pelas sensações... No fundo, caio de novo no mesmo jogo e só me dou conta quando à frente dos meus olhos já pisca bem grande e imponente "GAME OVER".


Escrito há um tempinho e retirado diretamente do meu diário. A tarde entre as caixas e recordações, me levou a esses escritos, lembranças recentes.

Caixas e recordações

Tenho uma mania curiosa de arquivar as coisas. Tanto as memórias, imagens, dias, sensações, quanto cartas, recadinhos em guardanapos, e outras coisas que tem memória afetiva forte, porque devido a sensibilidade que me cobre a alma, me tocar e me emocionar é muito fácil. Então vou guardando em caixas, em pastas, em gavetas as pequenas lembranças paupáveis e as que não são físicas vão ocupando as milhares de gavetas da minha memória e coração, cuja amplitude fazem caber datas, cheiros e olhares.
Minha desorganização tanto interna quanto na arrumação do quarto, fazem essas recordações caírem em minhas mãos, de repente, em uma tarde à toa, de um domingo como esse.
Quando os bilhetes são mais importantes e de lembranças mais próximas, as quais ainda não posso remexer sem que me doa o cantinho do peito, ponho dentro de livros que a natureza distraída me faz esquecer e só cruzar com eles muito tempo depois. Encontro que me causa muitas risadas e suspiros saudosos e nostálgicos.
Esqueço muito fácil das coisas, conto aos meus amigos dez vezes a mesma história e quando percebo que me olham um tanto entediados pergunto "Já contei essa?" , cabeças balançando sem graça são minha resposta, mas contrariando a essa característica, lembro-me de datas, de frases, de acontecimentos que pasmam a mim mesma, às vezes. Talvez minha memória seja seletiva e só guarde o que , de fato, importa.
Nas caixas fotos, cartões de aniversário e meus diários, que escrevo fielmente desde os sete anos. A pouco tempo me desfiz de três diários, preenchidos com dois anos muito valiosos da minha vida. Por covardia, claro. Por medo de conviver com as vivências frescas, queimando na gaveta ao lado da minha cama, enquanto eu tentava dormir. Não poderia descrever o quanto me arrependo! Mas agora ando aprendendo a conviver com as memórias, por mais que me doam um pouquinho por esse prazer inenarrável de se encontrar consigo mesma há um ano, um mês, uns dias atrás. Reviver as emoções, rir ironicamente por saber o fim da história e passar o resto do dia nessa sensação de saudade saudável e gostosa e arquivar mais essa emoção nas caixas de diários e do coração.

sábado, 2 de maio de 2009

O que te sobra além das coisas casuais?


Paro, vez ou outra, para pensar no que de fato importa. Além desta capa de superficialidade e de coisas inúteis a qual atribuimos a maior importância. O que realmente me faria falta?
Penso na rapidez com que as coisas acontecem, a forma como a vida se transforma e leva para longe aquilo que parecia tão próximo e torna tão distante aquela perspectiva que dançava em nossas mãos. Quantas crises, quantas revoluções, quantas construções e avalanches internas! Quando olho para dois anos atrás, já vejo tudo diferente. Só a uma coisa que não se transforma, só há um valor que a cada vez mais se fortalece, só há uma certeza que não foi modificada.
Penso nos momentos bons. Aliás, penso além. O que faz de um momento bom? Nessas horas comprovo-me que a felicidade é feita de pequenas coisas e que às vezes, basta uma lembrança, um sorriso, um telefonema, a presença de uma pessoa para a circunstância ser perfeita.
Às vezes, não se cabe mais dizer algumas coisas, ficam implícitas, ficam arquivadas e óbvias em dez anos de convivência, de companheirismo, de amizade.
Não sei quanto ao resto do mundo, mas além dessa capa de gordura, de coisas dispensáveis da rotina, da vida, há algo muito especial na minha vida.
Nenhuma dor minha é só minha, porque é dividida, diluida e toda conquista, alegria, conquista e sonhos, ganha mais peso por ser dobrado, potencializada, porque eu não estou sozinha.
Em todas as conquistas, vivências, momentos, fases, dramas, descobertas eu tive um abraço, uma mão que segurou a minha, uma base, uma força maior que me impulsionou até agora.
Escapam-me as palavras. Pois algumas coisas são pequenas demais pro verbo e só cabem naquele olhar. Por mais clichê que seja tudo que eu vou dizer aqui, eu comprovo a cada dia coisas que aprendi bem pequenininha, e as primeiras vontades, sonhos se fortalecem e se tornam cada vez mais planos concretos e certos.
Nossa tatuagem, nosso apartamento, nossas viagens. Madrinha de casamento, dos meus filhos!
Em um mundo de coisas finitas, ter uma prova de eternidade é um lenitivo pra alma.
Aprendi, nesses dez anos, desde as coisas mais banais até a desoberta e o significado de diversos sentimentos, compartilhando as dores e as dúvidas da minha alma. As maiores questões existencias e o gosto do primeiro beijo, encolhidas no cobertos, em cochichos no quarto.
As meias, as pantufas, as coreografias, os cafés da manhã, ddr, café the o.c e outras besteiras e internas só nossas, que tem a maior graça não por elas, mas por serem vividas na melhor companhia do mundo. Só nós sabemos a força que tem nossa união.
Poderia te agradecer por tudo que você faz, mas combinamos há uns anos atrás que não há dívida entre nós.
Eu te amo, melhor amiga. Meu significado de eternidade, meu maior apego, minha maior razão. Além das coisas triviais e dispensáveis, além da casualidade inútil, me sobra você e tudo que ainda temos para viver e descobrir (juntas).