sexta-feira, 27 de março de 2009

Eu quero

Satisfez meu querer por hora, mas não passa uma hora e já quero muito mais.
Mimada e cheia de quereres e apegos, ignoro sutilmente as recomendações pessoais e dos amigos.
Um tanto inconsequente já era esperado que eu fosse, não me venham fazer estardalhaço desta vez. Poupem-me um pouco de preocupações, tirem-me um pouco da redoma de vidro cercada de olhares atensiosos, porque foi comprovado que a boneca já teve sua porcelana por vezes recolada e ainda assim, não sente o medo de quebrar-se novamente.
Não hei de me poupar de algo que por um talvez, possa acontecer, não vou ficar me protegendo de meras e frágeis possibilidades.
Mas que besteira esse medo de querer e de viver. Não arriscar nada, concorco. Arriscar tudo.
Ainda é cedo pra qualquer definição e se as circunstâncias me desagradarem, e se eu me provar que de fato não era, desfaço.
Mas ainda é cedo e agora eu quero.

quarta-feira, 18 de março de 2009

Mar morto


Navego, navego e ancoro no mesmo lugar.
Engano meu acreditar que o que eu quero é a conquista de novos territórios, pensar que novas terras me fariam mais encantada e que eu percorria a mar aberto, sem deixar vestígios.
Ah, terrível engano crer que eu navegava sem olhar pra trás e que outras terras haviam de me prender.
Como me equivoquei em crer que acabaria com a chuva ou as tempestades. Haja o tempo que houver e traga ele o que vier, nenhuma força seria mais imponente.
Foi puro engano meu pensar que havia seguido para terras distantes, pois minha âncora fincou-se certeira no seu porto e nem mesmo navios negreiros ou outras correntezas me levariam para longe de você.
Meu navio se perde por entre os mares de solidão e mesmo quando esquece o caminho, é pra ti que retornas, meu porto, que me dá segurança e naufraga meus navios, a ilha que me prende, a terra que me fascina mais que qualquer outra que eu possa conquistar e conhecer. Ah, doce e dolorosa sina...
Eu te amo sim, e mesmo que tente sufocar ou esquecer, meu sentimento ainda tem a velha força que movia montanhas e mudava a direção das marés, que toma as proporções infinitas e é como um mar dentro de mim.

Ao mesmo tempo que fujo e tento navegar para longe sei que só em suas terras minha embarcação estará completa.

terça-feira, 17 de março de 2009

Cacofonia

Não acaba. Apenas põe-se uma vírgula e por vício de linguagem, ou de personagem, volta a aparecer no meu enredo.
Na estrofe seguinte, no mais tardar, no próximo capítulo, quando a mocinha aqui, desavisada nem espera que lhe volte esse desejo. Mas acontece um encontro casual, ou um sonho que me faz mandar de subito uma mensagem e querer apertar o conhecido botão verde do celular.
Mesmo quando dirijo meus pensamentos à outros pretendes, que me parecem bons, vez ou outra quando desvio o olhar, são seus olhos que enxego.
Penso que vai engatar, ou que de fato é o fim, mas não é momento de nenhum dos dois.
O destino reservava algo concreto ou somente esse encontro contínuo e esse sentimento sem nome que não se apaga e às vezes se fazia imponente e mais presente que qualquer outro?
Não sei...
Mas ontem à noite, enquanto revirava na cama, me peguei pensando no quanto éramos reticentes, sempre em suspensão.
Como um parêntese em aberto, uma poesia de métrica quebrada por falta de um verso para completar.
Suspirei fundo em baixo do cobertor, tudo à minha volta parecia me culpar pelos pensamentos repetitivos de tantas madrugadas, repeti como se me justificasse à mim, ao acaso:
"Não sou eu quem repite essa história, essa história que adora uma repetição".

segunda-feira, 9 de março de 2009

Doce deletério


No caminho alguma coisa a perturbava. Pensamentos todo o tempo lhe invadindo de uma angústia, de um extresse que já lhe era habitual pela rotina.
Caminhava ofegante, só queria chegar e cumprir suas obrigações, pois ultimamente era só isso que fazia, por isso estava tão irritava, precisava da emoção.
Prestes a chegar foi surpreendida pela buzina, a placa conhecida, gelou em silêncio. Era ele.
Abaixou o vidro e lhe ofereceu um sorriso e carona, que ela aceitou por desejou ou por fraqueza.
O fato é que não sabemos o que devemos, somente o que queremos fazer. E assim ela fazia, conforme as suas vontades que eram súbitas e quase incontroláveis.
Ele fumava. Tirou o cigarro de sua boca e deu um trago meio desajeitado. Não estava habituada a fumar, mas toda hora era uma descoberta, fossem elas boas ou ruins. Como gostava do risco...
Ele reprovou a atitude com os olhos, mas não disse nada. Havia aprendido a não trata-la como criança e era disso que ela mais gostava, desse jeito diferente que aquele homem tinha de olhar pra ela.
Sim, era um homem. Que tinha uma barba que rossava na bochecha, morava em um apartamento pequeno em Copacabana e dirigia o carro todo dia de manhã pra ir trabalhar. E ela era uma menina inconsequente que gostava de brincar de ser mulher ao lado dele.
Ele virou o rosto para ela, mas não precisou dizer nada.
- Me leve pra longe.
Ele obedeceu. Ela estranhamente não tinha medo de onde ia, de uma forma estranha confiava nele e confiava em si.
Abriu o porta luvas e procurou o cd que lhe conviesse, tocava beach boys. Era inadequado pro momento. Inseriu o cd do Sex Pistols e aumentou e aumentou o som.
Balançava a cabeça e soprava a fumaça do cigarro enquanto se permitia pensamentos que o incluiam. E ele a olhava. De um jeito que ela gostava muito, tanto que fingia que não reparava, pra ele continuar.
Estacionou o carro, uma rua totalmente vazia. Que lugar era aquele? Se perguntou rapidamente. Ele estático no banco ao seu lado, como se esparesse sua reação.
Agiu impulsiva.
Jogou-se em seus braços e o beijou com intensidade,sentindo a barba, as mãos que percorriam seu corpo, livres. Não se incomodava com o gosto de café de sua boca, até gostava.
Tirou a blusa que lhe cobria o corpo, sem vergonha ou medo do que ia acontecer. De novo aquele olhar que ela gostava e um arrepio que percorria por todo o seu corpo.
Era errado. E talvez por isso ela gostasse mais. Toda a vida foi assim, mudando só a forma, mas o objeto de desejo era sempre o fruto proibido.
- Você me usa
Ele disse.
Sentiu tanto poder. Ela, a menina inconsequente comandava, abusava usava dele, um homem. Mas nesse momento nada disso importava, eram iguais. Unidos por um sentimento de desejo e tesão que tomava conta dos dois. Eram corpos em combustão, e ela achava aquele pequenino pecado tão bom...
Antes que ele tornasse a falar, aumentou ainda mais o som do carro e o beijou mais uma vez.

Alguém pra ela


Alguns por diversos motivos sentem curiosidade, vontade. Se sentem atraídos pelo ferormônio que exala vez ou outra, pela conversa em simpática que às vezes envolve, pela produção excessiva para determinado evento, ou porque acham triste demais ver a menina sozinha no canto da mesa.

Encontram aconchego nos braços carentes, no coração faminto, na paciência, na atenção às respectivas necessidades, no beijo que satisfaz.

E gostam, repetem. Agradável companhia, agradável afago. Mas não, "não é a pessoa".

Nunca há nada de fato errado, somente "não é".

E a menina continua sorrindo vagamente, dançando solta. E no fim da festa senta-se cansada, com os pés doendo e aquela solidão começando a se manifestar. No final das contas, volta pra casa com a melancolia e bolhas no pé. O pensamento querendo pousar em alguém...Em quem?

Deita-se na cama perplexa, pensativa. Beijar enlouquecidamente bocas e bocas e sem apego nunca foi uma ideia que a agradasse, mas ultimamente era uma prática tão comum. Pra enganar a solidão, pra se ocupar, pra tentar mudar a essência romântica?

Não sabia. Mas continuava tão vazia ou mais.

Mensagens, telefonemas, as luzes laranjas piscando mandando calanteios, convidando pra saídas. Nada que lhe parecesse sincero ou convidativo. às vezes ia, aos encontros que lhe pareciam mais interessantes, mas duravam umas duas saídas ou três. E depois a mesma sensação de duas retas paralelas. De fato, não era a pessoa outra vez.

Existiria essa pessoa? Essas pessoas? Viria pra ela? Quando?

Que atrativos precisava ter, teria algo que lhe fizesse notável?

Acompanhava os romances alheios e suspirava na expectativa de um que fosse seu, que lhe completasse. Mas não vinha nunca...

Aparentemente não havia nada errado com ela, e diz aquela velha lenda de que sempre há alguém pra alguém.

Tentava crer.

Se era de fato assim, se era pra vir alguém. Por que ninguém demorava em sua janela?

sábado, 7 de março de 2009

Para minha me(NINA)


Tão pequenina.
Faz tanta bagunça!
Marcando presença, espalhando brinquedos
Gritando, correndo, chamando
Careta, pirueta, cambalhota
É preciso estar atento todo o tempo
Pode cair, pode chorar, pode quebrar
Tanto trabalho ela nos dá!
Mexe nas coisas, puxa o cabelo
calça o sapato, quebra o porta retrato
E bate nas portas e custa a dormir.
Faz dengo, faz mimo, faz manha
Faz pose, faz bico, faz drama
Pede desenho, papel e carinho
Imita o auau, miau, passarinho
Dá tchau pro carro e pede colo
Monta a casinha e prefere a caixa ao presente
E dá beijinho, bate palminhas, nos ama, preenche.
Enche a casa de cuidados, de barulho, de amor
De brinquedos, de recomendações.
"Cuidado com ela! Lá vai o neném"
E cansa, esgota, mas corre, percorre em cantos desconhecidos dentro de nós.
Chegou há pouco tempo, menos de dois anos, mas nos apegamos, cuidamos
Nos vimos amando, fazendo parte de nós, essa coisa pequenina.

Nossa flor, nosso bebê, nossa menina nina. .


quarta-feira, 4 de março de 2009

Muito bem, obrigada.

Se me perguntam como vou, vou bem, vou muito bem, aliás.
Apesar de tantos incômodos já conhecidos, do que eu já espero do meu dia-a-dia limitado e restrito, as coisas estão caminhando direitinho.
Não, nada em especial. Nenhuma notícia que tenha transformado a minha vida, nenhum acontecimento fantástico, sem novidade alguma até. Não está maravilhoso, mas está tudo bem.
Por que não valorizar o que se tem? A rotina pode ser divertida, sempre há o que se aproveitar dos amigos da escola, da família em casa, reconhecer de novo a beleza nas coisas que se vê todos os dias.
Ando vivendo cada dia como o último, como o primeiro de minha vida, descobrindo, aproveitando, passando por cada momento como inédito e único e esquecendo que amanhã farei o mesmo trajeto. Abraço meus amigos com carinho de quem esquece que amanhã verá de novo, vou atrás das minhas vontades sem pensar que há tempo mais tarde pra realiza-las. E por isso apesar de normal, a vida tem sido tão gostosa.
Eu ando tão feliz, estão tão bem.

terça-feira, 3 de março de 2009

De nome e cara nova

Se mudam as estações, os presidentes, as tendências da moda, o valor do dólar. Se o mundo está se modernizando, sempre nesse processo de mudanças, por que o meu refúgio de manifestações literárias haveria de ficar fora dessa? Nada disso...
Minha sorte no orkut hoje disse "A mudança é a lei da vida", pouco tempo depois de ler isso Luíza me liga pedindo minha senha do blog pra mudar, achei que era um sinal. E não que agora ele está muito mais bonito.
Continua sendo o mesmo aconchegante baú de letrinhas, mas está muito mais bem trajado.
Obrigada, Lulu pelo bom gosto e paciência.
E espero, leitores fiéis e queridos, que tenham gostado das mudanças.