segunda-feira, 9 de março de 2009

Doce deletério


No caminho alguma coisa a perturbava. Pensamentos todo o tempo lhe invadindo de uma angústia, de um extresse que já lhe era habitual pela rotina.
Caminhava ofegante, só queria chegar e cumprir suas obrigações, pois ultimamente era só isso que fazia, por isso estava tão irritava, precisava da emoção.
Prestes a chegar foi surpreendida pela buzina, a placa conhecida, gelou em silêncio. Era ele.
Abaixou o vidro e lhe ofereceu um sorriso e carona, que ela aceitou por desejou ou por fraqueza.
O fato é que não sabemos o que devemos, somente o que queremos fazer. E assim ela fazia, conforme as suas vontades que eram súbitas e quase incontroláveis.
Ele fumava. Tirou o cigarro de sua boca e deu um trago meio desajeitado. Não estava habituada a fumar, mas toda hora era uma descoberta, fossem elas boas ou ruins. Como gostava do risco...
Ele reprovou a atitude com os olhos, mas não disse nada. Havia aprendido a não trata-la como criança e era disso que ela mais gostava, desse jeito diferente que aquele homem tinha de olhar pra ela.
Sim, era um homem. Que tinha uma barba que rossava na bochecha, morava em um apartamento pequeno em Copacabana e dirigia o carro todo dia de manhã pra ir trabalhar. E ela era uma menina inconsequente que gostava de brincar de ser mulher ao lado dele.
Ele virou o rosto para ela, mas não precisou dizer nada.
- Me leve pra longe.
Ele obedeceu. Ela estranhamente não tinha medo de onde ia, de uma forma estranha confiava nele e confiava em si.
Abriu o porta luvas e procurou o cd que lhe conviesse, tocava beach boys. Era inadequado pro momento. Inseriu o cd do Sex Pistols e aumentou e aumentou o som.
Balançava a cabeça e soprava a fumaça do cigarro enquanto se permitia pensamentos que o incluiam. E ele a olhava. De um jeito que ela gostava muito, tanto que fingia que não reparava, pra ele continuar.
Estacionou o carro, uma rua totalmente vazia. Que lugar era aquele? Se perguntou rapidamente. Ele estático no banco ao seu lado, como se esparesse sua reação.
Agiu impulsiva.
Jogou-se em seus braços e o beijou com intensidade,sentindo a barba, as mãos que percorriam seu corpo, livres. Não se incomodava com o gosto de café de sua boca, até gostava.
Tirou a blusa que lhe cobria o corpo, sem vergonha ou medo do que ia acontecer. De novo aquele olhar que ela gostava e um arrepio que percorria por todo o seu corpo.
Era errado. E talvez por isso ela gostasse mais. Toda a vida foi assim, mudando só a forma, mas o objeto de desejo era sempre o fruto proibido.
- Você me usa
Ele disse.
Sentiu tanto poder. Ela, a menina inconsequente comandava, abusava usava dele, um homem. Mas nesse momento nada disso importava, eram iguais. Unidos por um sentimento de desejo e tesão que tomava conta dos dois. Eram corpos em combustão, e ela achava aquele pequenino pecado tão bom...
Antes que ele tornasse a falar, aumentou ainda mais o som do carro e o beijou mais uma vez.

2 comentários:

disse...

Gostei muito, Clarinha.
Você hein, cada vez melhor.
Beijos, pequena.

Julia disse...

De um jeito que ela gostava muito, tanto que fingia que não reparava, pra ele continuar.