domingo, 8 de novembro de 2009

Sem querer, querendo.

O meu querer mora no caos de onde emergem essas palavras, impulsionando este vulcão a erupir. Meu líquido sintático é quente, minha lava sentida. Esmagando meu ego leonino, minha organização interna de virginiana, que eu nem tenho tanto.
É livre e completo, me desobriga a entender. Te quero porque te quero, porque não me empenho a não querer.
Não tem amarras, não tem rodeios, não tem limite nem pretensão. Não quer ser maior, não quer ser melhor, nem se esforça pra ser. Apenas é e aceita sua existência desarmônica.
Rejeita as possibilidades de algemas ou de fugir da sua naturalidade. Não se impõe um não, não se julga(não por muito tempo) Te quero porque te quero, em desrespeito ao direito que me é negado ter. Mas é sem vergonha esse querer libidinoso. Mora na alma mas é muito menos abstrato. É real, carnal, quase palpável.
Nessas erupções vulcânicas, meu caldo caloroso se espalha entre os meus poros, entre a razão e a emoção. Sem falar no corpo, enxarcado por esse magma sentimental.
A razão ejeta, se nega. A emoção pondera, faz concessão. Mas o corpo é primitivo, se entrega. Até meio burro talvez, te quer de qualquer jeito.
A espontaneidade abre chance pro erro, me permito. O coração é a sede da coragem, e às vezes tenho a impressão de ter dois ou três corações espalhados pelo corpo. Em silêncio, posso ouví-los palpitar.
A liberdade é uma ferramenta destemida e abrangente. Fico submetida aos vícios e virtudes do dualismo da minha alma (que vista de determinados ângulos, tem muito mais do que três dimensões), como quem recebe uma brisa fria com o peito descoberto, e gosta.
O choque térmico dessa sensação me desbaratina. Há a bandeira branca, hasteada em função de paz; Há o carnaval, cheio de cores e canções, mas há também o meu deserto ensolarado, a água congelada dos meus pólos e transito entre eles em questão de segundos. A velocidade do querer supera em muito a da luz.
Hedonista, o meu prazer só tem umbigo(embora fale por todo o resto). Desconhece moral, acha ética bobagem, o certo e o errado nunca soube distinguir, duvida até da existência. Querer ateu. Agnóstico, alivio.
Tenho todas as razões menos uma para não querer. Cálculo das probabilidades, uma pilhéria confirmada!
Contrario o que se espera, desrespeito os limites, ultrapasso ilegalmente as barreiras do desejo. Não sei dizer e digo, não sei amar e amo.
Não sei querer, não sei sentir, não cumpri o protocolo da entrega, mas me sinto sua, me entrego nua e te quero mesmo.

2 comentários:

disse...

Nossa, pequena...Muito bom e com sentimentos tranbordando nas palavras.
Te amo, fazia tempo que não aparecia aqui!
beijos!

Alice disse...

Só digo que cada dia você cresce e escreve melhor, pequena. Quanto orgulho eu sinto em ser teu caminho na terra da garoa.