quarta-feira, 23 de janeiro de 2008

Casa da madrinha

Lembro da ansiedade.
De ver durante a estrada o desenho das nuvens, imaginar histórias e perguntar à cada placa.
- Agora já está chegando, né?
Passar maravilhada pelas casinhas onde as mulheres faziam as unhas na porta,para aproveitar o vendo de fim-de-tarde. Perceber que a maioria da população tinha bicicleta como principal meio de locomoção e então,finalmente chegar à casa da madrinha.
Era como mergulhar no desconhecido. O país das maravilhas só pra mim e eu ficava estonteada com tanta novidade.Era um mundo novo à minha disposição.
A casa toda branca, com um jardim repleto de pés de acerola, pedrinhas e flores cor-de-rosa bonitas de botar no cabelo.
A casa da madrinha era minha fábrica de diversão. Os dois primos jogavam futebol e me levavam pra tomar sorvete, preenchiam as salas e quartos com sua presença barulhenta.
Da minha imaginação brotavam perguntas, histórias sobre a prima casada e a vida da madrinha.
Tantos mistérios e segredos! Presentes escondidos, brincadeiras,tantas coisas pra eu fantasiar e desvendar. Dizer pra dinda o que eu fiz durante o ano,contar meus méritos e o que fiz de bom pra ver sua expressão de orgulho.
Muitas coisas mudaram desde as minhas primeiras visitas, o tempo passa, causando diversas transformações à vida de todos e a dinda, não seria diferente dos demais.
Agora os primos, como a prima, casaram também. A casa da madrinha se tornou vazia. Sem o futebol, sem o sorvete e sem mais as minhas tantas perguntas.
Os segredos e mistérios foram quase todos desvendados, mas a sensação de chegar na casa da madrinha, será sempre a mesma.

Nenhum comentário: