quarta-feira, 5 de novembro de 2008

A arte do encontro

Ainda não fiz muitas coisas na vida. Talvez pela falta de tempo, de idade, talvez por destino, incapacidade, falta de tato, oportunidade, ou sorte, não sei.
Não causei impacto, não tive grandes feitos. Ainda não me descobri um astro de rock ou um gênio. Não fui uma criança prodígio, não tenho talento que me destaque, sou uma aluna mediana. Provavelmente o tempo não me fará grandiosa. Terei filhos, emprego e um salário que apenas pagará minhas contas, com sorte, algumas viagens de férias, e então vou entender tudo que minha mãe diz.
Os sonhos que hoje brotam quase geneticamente pela juventude serem cobertos de realidade quando a maturidade for apagando a meninice inconsequente da minha alma.
Terei uma vida normal, serei uma pessoa normal como tantas outras, continuarei perdida na multidão do anonimato, mas algo me salva e me salvará da mediocridade.
Pouco aprendi, nem tão pouco amadureci. Não cresci, nem construi, não modifiquei à ninguém e muito menos ao mundo, mas tenho a tendência à grandes encontros.
Em uma estante confusa, normalmente, pego o livro que sem querer mudará a minha vida, se abro uma página, passo os olhos pela frase que me será o insentivo ou consolo necessário.
Se mexo em caixas velhas, se arrumo o quarto ou armário, cismo de abrir uma velha pasta e acho antigo que só agora fez sentido. Descubro no silêncio e mesmo nos lugares mais improváveis, pessoas-flores que perfumam e preenchem minha trajetória de beleza. E até mesmo quando resolvo não seguir o meu instinto e esperar, algo sempre vem em direção à minha vida banal. Tantas coisas que eu nem merecia ter, conhecer, mas que mesmo sem por que, me encontram.

"A vida é a arte do encontro, embora haja tanto desencontro pela vida"
Vinícius de Moraes

2 comentários:

Júlia Borges disse...
Este comentário foi removido pelo autor.
Júlia Borges disse...

Não sei se fui eu que a encontrei, ou se a mim encontrou você, o que sei é que vai além de gratidão o que sinto por nosso encontro. Descobri, sim, uma pessoa extraordinária (no sentido mais arcáico da palavra)que modifica, engrandece a minha vida pacata. E que pensa não se destacar, mas é o pico mais alto de qualquer multidão (e por favor, sem piadinhas agora) - e o mais bonito, diga-se de passagem.
Gostei do título, "A arte do encontro", porque algo assim, só pode ser tão elevado como a arte - que no meu conceito, seria divina (por falta de palavras).
Clara Linda, como escreve bonito (eu sei que soa medíocre, mas encare como um elogio feito com meu mais lindo canto) e como me encanta e alegra. Obrigada.

Beijão