
A menina vivia no seu pequenino mundo.
Era uma garotinha bem pequena, de bochechas e imaginação farta, os olhos preenchidos de todos os questionamentos.
Tinha medo de olhar pro céu, porque achava que poderia desabar sobre ela e se achava tão pequena pra carregar o universo...
Tinha medo de escuro(e isso não mudou), mas acreditava em anjo da guarda e na luz lilás que protegia sua cama à noite.
Quando seu pai lhe perguntou o que era cor-de-rosa, definiu como "um vermelho devagar" e até hoje gosta dessa cor. Quando seu pai lhe perguntou o que era helicópitero, respondeu com ares de sabida que era "um carro com ventilador em cima", e assim era a menina e o seu mundo.
Às vezes ficava quieta, às vezes falava tanto que ninguém podia controlar.
Passava todo dia pela casa abandonada e ficava parada, procurando beleza ou então notando-a tão fácil que mais ninguém pôde ver.
Quase dez anos mais tardes passou de novo por lá, não tinha mais a casa, não tinha mais beleza. Fez pose de forte, mas voltou pra casa e chorou.
Ela achava algumas pessoas feias, mas nunca dizia. E se lhe perguntavam "Clara, ela é feia?", respondia "Tem olhos bonitos", ou algo do tipo. Acreditava que toda pessoa tinha algo bonito, mesmo que fosse o mais simples.
Tinha uma amiguinha do ballet, que achava feinha, feinha que só, mas ela tinha uma ruguinha no canto do olho quando ria... um encanto! E quando ela falava, a menininha só olhava pra tal ruguinha e já achava sua amiga bonitinha.
Hoje já acha as pessoas feias e até diz, mas continua procurando a ruguinha de graciosidade em cada pessoa.
Quando lhe perguntavam o que queria ser quando crescesse, fazia uma lista quilometrica "Cantora-atriz-bailarina-escritora-apresentadora de tv-astronalta".
A lista incluia todas as artes e outras mais. Gostava de tudo! Cantar, dançar, fazer bagunça, mas se encantava mais pelas histórias. Imaginava as palavras como bolinhas coloridas e cada uma delas tinha um gosto, que ela podia sentir só de escutá-las.
Contaram a ela, certa vez uma história, sobre a caixa de pandora. Ficou assustada, os olhos saltados das órbitas, seu primeiro contato com maldade, a falta de pureza começava a contaminar o seu mundo ingênuo. Pensou que Pandora era toda pessoa e a tal caixinha de males era o mundo.
Teve então mais medo de descobri-lo e foi ficando mais tímida e reservada. Menos exibida, menos falante e de noite cobria-se da cabeça aos pés e tinha medo mesmo quando pensava na poderosa luz lilás do anjinho da guarda.
Andava olhando pra baixo, preferia ver seus sapatos à correr o risco de ter o infinito sobre as costas, ainda mais com toda a história da caixa. Queria ser uma pandora menos curiosa, mas era tão inevitável com o mundo que ela ainda tinha pra descobrir.
Decidiu que tinha o direito de ser Pandora também, de errar, de abrir a tal caixinha e espalhar os seus males, como todo mundo.
Encheu-se de coragem para viver.
Entregou-se ao escuro por alguns minutos, permitiu-se subir nos brinquedos altos da lagoa, que tinha tanto medo, fez castelinho de areia e olhou pro céu. Assombrou-se! Como tinha passado tanto tempo sem aquela sensação? E depois daquele dia, nunca mais deixou de olha-lo.
Sentiu-se completa, preenchida de toda alegria.
Seu pai lhe perguntou naquele dia se era feliz e por que?
Apenas pode dizer que era, mas sem conseguir dar muitas explicações, afirmou confiante "Quem é feliz não tem porquê".
Sorria satisfeita pela sua coragem, por ter encarado a beleza do risco. O mundo não era a caixa de pandora, embora apresentasse elementos surpresas.
Coisas muito boas, e coisas muito ruins também, teve que admitir.
Mas depois já não sabia se preferia o seu mundinho, ou aquele mundão que era sempre uma nova aventura.
Hoje a menina Clara, embora um pouco mais crescida e de bochechas e imaginação já não tão fartas, chorou com medo do escuros e dos males que tem que enfrentar, esses perigos, dores, fragilidades que todos estamos sujeitos só por viver.
Eu disse a ela "Anime-se, menina!" "O mundo não é a caixa de pandora, já é motivo pra sorrir!"
Era uma garotinha bem pequena, de bochechas e imaginação farta, os olhos preenchidos de todos os questionamentos.
Tinha medo de olhar pro céu, porque achava que poderia desabar sobre ela e se achava tão pequena pra carregar o universo...
Tinha medo de escuro(e isso não mudou), mas acreditava em anjo da guarda e na luz lilás que protegia sua cama à noite.
Quando seu pai lhe perguntou o que era cor-de-rosa, definiu como "um vermelho devagar" e até hoje gosta dessa cor. Quando seu pai lhe perguntou o que era helicópitero, respondeu com ares de sabida que era "um carro com ventilador em cima", e assim era a menina e o seu mundo.
Às vezes ficava quieta, às vezes falava tanto que ninguém podia controlar.
Passava todo dia pela casa abandonada e ficava parada, procurando beleza ou então notando-a tão fácil que mais ninguém pôde ver.
Quase dez anos mais tardes passou de novo por lá, não tinha mais a casa, não tinha mais beleza. Fez pose de forte, mas voltou pra casa e chorou.
Ela achava algumas pessoas feias, mas nunca dizia. E se lhe perguntavam "Clara, ela é feia?", respondia "Tem olhos bonitos", ou algo do tipo. Acreditava que toda pessoa tinha algo bonito, mesmo que fosse o mais simples.
Tinha uma amiguinha do ballet, que achava feinha, feinha que só, mas ela tinha uma ruguinha no canto do olho quando ria... um encanto! E quando ela falava, a menininha só olhava pra tal ruguinha e já achava sua amiga bonitinha.
Hoje já acha as pessoas feias e até diz, mas continua procurando a ruguinha de graciosidade em cada pessoa.
Quando lhe perguntavam o que queria ser quando crescesse, fazia uma lista quilometrica "Cantora-atriz-bailarina-escritora-apresentadora de tv-astronalta".
A lista incluia todas as artes e outras mais. Gostava de tudo! Cantar, dançar, fazer bagunça, mas se encantava mais pelas histórias. Imaginava as palavras como bolinhas coloridas e cada uma delas tinha um gosto, que ela podia sentir só de escutá-las.
Contaram a ela, certa vez uma história, sobre a caixa de pandora. Ficou assustada, os olhos saltados das órbitas, seu primeiro contato com maldade, a falta de pureza começava a contaminar o seu mundo ingênuo. Pensou que Pandora era toda pessoa e a tal caixinha de males era o mundo.
Teve então mais medo de descobri-lo e foi ficando mais tímida e reservada. Menos exibida, menos falante e de noite cobria-se da cabeça aos pés e tinha medo mesmo quando pensava na poderosa luz lilás do anjinho da guarda.
Andava olhando pra baixo, preferia ver seus sapatos à correr o risco de ter o infinito sobre as costas, ainda mais com toda a história da caixa. Queria ser uma pandora menos curiosa, mas era tão inevitável com o mundo que ela ainda tinha pra descobrir.
Decidiu que tinha o direito de ser Pandora também, de errar, de abrir a tal caixinha e espalhar os seus males, como todo mundo.
Encheu-se de coragem para viver.
Entregou-se ao escuro por alguns minutos, permitiu-se subir nos brinquedos altos da lagoa, que tinha tanto medo, fez castelinho de areia e olhou pro céu. Assombrou-se! Como tinha passado tanto tempo sem aquela sensação? E depois daquele dia, nunca mais deixou de olha-lo.
Sentiu-se completa, preenchida de toda alegria.
Seu pai lhe perguntou naquele dia se era feliz e por que?
Apenas pode dizer que era, mas sem conseguir dar muitas explicações, afirmou confiante "Quem é feliz não tem porquê".
Sorria satisfeita pela sua coragem, por ter encarado a beleza do risco. O mundo não era a caixa de pandora, embora apresentasse elementos surpresas.
Coisas muito boas, e coisas muito ruins também, teve que admitir.
Mas depois já não sabia se preferia o seu mundinho, ou aquele mundão que era sempre uma nova aventura.
Hoje a menina Clara, embora um pouco mais crescida e de bochechas e imaginação já não tão fartas, chorou com medo do escuros e dos males que tem que enfrentar, esses perigos, dores, fragilidades que todos estamos sujeitos só por viver.
Eu disse a ela "Anime-se, menina!" "O mundo não é a caixa de pandora, já é motivo pra sorrir!"
4 comentários:
"Quem é feliz não tem porquê"
Você é linda!!!!
Bom saber... por isso que diz que meu cabelo é bonito... buáaaaaaaaaa
buá...eu n queria ser tão feia assim! fazer q?
bj
Que companhia de viagens tem bons preços pr'umas férias na sua mente? Ando precisando visitar lugares assim, diferentes, distantes de mim e cheios de coisas maravilhosas com beleza a cada ruguinha =)
Abra a caixa...eu recomendo ;)
Postar um comentário