segunda-feira, 1 de junho de 2009

Visita do vento

Correndo solta a madrugada
dormia o sono pesado dos inocentes
Dos que esquecem da verdade, dos que mentem
Dos que adormecem os medos e pensamentos
Correndo livre a madrugada atróz
Sonhava muda com o vazio aberto
Como quem nada tem em mente
Como quem nada pensa ou sente
O vento que surrupiava pelo céu fazendo encrenca
Que dançava, bailarino lesto em um espetáculo solo e aberto pra ninguém ver
Veio me acordar egoísta e cruel gritando alto aquilo que eu dormia pra esquecer
Veio me contar o que eu não quero mais saber
Batendo com violência na janela pra me mostrar o que eu finjo não que não exergo
Aquilo que eu nego, minto e peco, mesmo sem querer.
Em seu monólogo barulhento e confuso me acusava sem cansar
me ofendia sem parar, me julgava sem cessar e sem pedir desculpa
Disse o que tinha pra dizer, invadiu a harmonia frágil da minha redoma
Destruiu a serenidade que compunha meu quarto naquele instante escuro da madrugada vazia e se foi...
Voar ligeiro por outras janelas, escancarar verdades à outros ouvidos, interromper a solidão silenciosa de quem prefere, por uma noite, fenecer à ferir.
Deixou-me sem mais a calma, sem mais a inocência e o calor da madrugada que me envolvia.
Largou-me no abandono, com as verdades dançando em minha mente, queimando na garganta, remoendo-se no corpo culpado e agora frio.
Sem conseguir mais dormir, ainda me perguntando se a visita do vento havia sido um pesadelo medonho, fechei os olhos me enganando, com a certeza de que em algumas horas o dia manifestaria sua vontade de nascer, e que mais vinte e quatro horas vazias e difíceis como aquele momento de questionamento, viria me assolar.
Eu ando sempre com sono, eu ando sempre com muito sono, desse sono inocente que o vento não me deixa mais sonhar.

3 comentários:

Alice disse...

Vou parecer repetitiva mas não posso deixar de colocar (de novo) um trecho de uma música do Camelo. Hahaha tudo bem eu confesso que as músicas dele embalam minha vida. Mas vou me esforçar pra colocar outros compositores nos próximos comentários.

"Posso ouvir o vento passar
Assistir a onda bater
Mas o estrago que faz
A vida é curta pra ver "

Sabe, eu fico pensando as vezes nesses tais 'ventos' que tiram nosso sono e nossa solidão quieta, quase imperceptível e depois de alguns dias da tempestade passada, eu agradeço que ela veio. Porque ela vem pra chacoalhar, pra mexer, pra mudar e pra incomodar. E isso é bom. Quanto mais incomodados ficamos, mais nos mexemos para reverter essa situação. Não sei exatamente a que se refere dizendo sobre esse vento, mas aceite ele porque os ventos sempre trazem um ar novo. Não vou me estender mais porque estou em uma semana que até fazer xixi é difícil.Mesmo assim fiz questão de deixar meu parecer aqui. E é claro que pode me chamar de Lice. Você me diz coisas tão bonitas sempre. Espero poder contar com isso sempre.

Beijos com carinho
Lice

Isa disse...

Clarinha, faz muito tempo que eu leio seu blog, mas nunca comentava porque achava meio nada a ver mas .. depois dessa não deu, isso tá muito muito lindo e eu imprimi, tem problema?

Isa :)

Alice disse...

Ué, acabei de ler o poema tão lindo sobre o amor e ia comentar mas ele sumiu!!!
Hehehehe
beijos querida!