sexta-feira, 13 de fevereiro de 2009

Rotina


Era fácil. Fazer o mesmo caminho mecanicamente. Esperar o sinal fechar, atravessar, passar rápido pelos lugares que eu acho feio, demorar nos lugares onde poderia encontrar meus amigos. Tomar cuidado naquela rua perigosa, subir a ladeira chata pensando que seria bom pra engrossar as pernas, chegar rápido em casa pra conseguir almoçar na mesa com a família, depois vencer o vício de internet e ir resolver minhas questões de física. Sem pensar, sem dor. Fazer tudo automaticamente, como um robô, como vinha fazendo todo o tempo todo até agora. Todas as tardes, todos as noites, todos os dias. E eu achando que vivia...

Entre pensamentos agitados nas cobranças da escola, em casa, entre preocupações triviais como se o tempo vai permitir a minha praia no fim de semana, se esse sábado vai dar bloco, se eu subo pra Santa de bonde ou de carro, mante as minhas gavetas arrumadas, ver se a minha irmã está dormindo ou continua fazendo bagunça no seu quarto, assistir os filmes que ainda faltam na minha lista e todos os livros que eu ainda quero ler esse mês. Entre os meus afazeres normais, obrigatórios e manipulados por uma rotina, por um dia-a-dia todo igual, de repente isso se quebra e eu descubro o que corre em minhas veias. Sangue quente, pulsante, eu sinto.

É fácil. É metódico. Acordo à mesma hora, faço as mesmas coisas, o mesmo horário,o mesmo café amargo, o anel de debutante, o relógio uma hora atrasado, o mesmo perfume, o mesmo jeito de ajeitar o cabelo, de manhã as mesmas pessoas, os mesmos assuntos, as mesmas metas, as mesmas programações, as mesmas músicas, as mesmas frases, as mesmas reações, meu discurso muito bem ensaiado de todos os dias.

Era muito fácil, impossível de errar. A mesma trajetória, era só seguir. Mas eu atendo e você diz "pretinha" e aí eu me desoriento...

2 comentários:

Taíza Maria disse...

Tem um frevo de bloco (aqueles bem lentinhos, os chamados líricos) que eu adoro e que diz....
"Vê, o meu Recife se esfeitou demais!!
Olha, até o rio parou de correr... Só pra ver meu bloco de recordações,
Com um flabelo feito de ilusões, me levando de volta pra você..."

Júlia Borges disse...

"pretinha, eu faço tudo pelo seu amor..."
hehehe

Vou procurar dizer uma frase nova a cada dia que te encontro... vou começar por "Clara Linda, você está tão linda" ;) opa, melhor inovar, né?

beijinhos