terça-feira, 21 de abril de 2009

Sobre a Colombina, por ela mesma.


Será que alguém percebe a essência da menina?

Que samba, que pula, que freva, que brinca, que fantasia, que esconde, que mascara...

Será que alguém pode ver o que ela guarda atrás do sorriso e entender o que faz?

Pois não é que ela esteja sempre alegre, mas vive o carnaval e toda aquela obrigação de ser feliz e esquecer o que aflinge.

Tão cheia de defeitos e imperfeições, mas a essência romântica, a maneira de encarar com poesia o que acontece...

Talvez seja isso que encantou o Pierrot e com certeza foi isso que a fez notar o Arlequim, no meio do baile de carnaval, no meio de toda a confusão de serpentina.

Foi a sua essência bailarina, de se atrever às piruetas, mesmo sabendo de todo o seu desequilíbrio que a fez notar entre todos os olhares, aquele que lhe pareceu mais atraente. Pois tem mesmo essa mania!

Essa constante busca pelos sentimentos. Se lança, se atira, sem apego ao coração, sem medo, sem receio. Parece frágil, mas é tão destemida nesses assuntos sentimentais, que nem se importa com as barreiras e sabe que haverá sempre um outro carnaval.

Mas todo ano a mesma coisa, mas toda festa a mesma dor. O esforço pra sorrir na avenida, pra seguir o bloco, pra espalhar encantamento.

Tantas interpretações, tantas opniões. Alguém entende a Colombina? Alguém repara o que ela sente? Alguém enxerga o que ela vê?

Pois ninguém conta até o fim da história, sabe-se apenas que largou o Pierrot. Mas a menina que encantou na noite de carnaval, que lançou seu coração à todos os presentes no baile, que sorriu sincera por mais uma aventura, que dançou solta, que trocou de par, ficou sozinha na quarta-feira...

Sentada na calçada, ainda com o brilho que restou da festa, as expressões confusas marcadas no rosto, o coração em chamas, mas o corpo encolhendo-se de frio, tenta ainda consolar-se "Foi só um desencontro, Colombina. Acontece sempre, à todo mundo. Pense em tantos outros que gostam de você e você também não corresponde."

Assim simplica a situação, para de chorar e pode esperar contente o próximo carnaval, quando esquece o passou e vai brincar esperançosa de lançar mais uma vez seu coração...

Às vezes faz cara emburrada, briga, tenta se modificar, mas no fundo gosta de ser mesmo assim...

Ela mantêm essa contradição: Enquanto faz o Pierrot chorar, chora também atrás do Arlequim.

Um comentário:

Júlia Borges disse...

Ô, Colombina, digo, Clara Linda! Você não sabe seu fim ainda... Com todos os carnavais, essas várias estações, o que vem por aí não são só mais as mesmas brincadeiras carnavalescas. São novas sensações com diferentes cores e sabores, mesmo que a data seja próxima, são sempre anos distintos, carnavais e brincadeiras inéditas, amores novos ainda que se repitam. Seus Pierrots e Alerquins estão mais é contentes por poderem chorar de amor e sorrir também (por sua causa).
Ô, Colombina, digo, Clara Linda!
Eita, seja viva assim no inferno, viu!


Meu encanto continua...