
Acordei com a campanhia "quem será?", pensei mal humorada.
Abri a porta com sono e sem paciência, o entregador tão mal humorado quanto eu, ou mais, por trabalhar em um domingo me erguei um buquê de girassois e com voz rouca falou "É pra Clara"
Abri um sorriso "Pra mim!", suspirei encantada.
Agradeci, fechei a porta e fiquei contemplando meus girassois por um tempo, ainda embasbacada, fascinada, sem conseguir expressar nenhuma palavra, nenhum pensamento ou sequer, estender meu olhar ao cartão.
Mas a curiosidade foi se espalhando por mim. Primeiro, como uma ruguinha de inquietação, depois como uma cosquinha que subiu até as minhas mãos, me fazendo abrir o papel.
Rapidamente, procurei uma assinatura, nada.
Resolvi ler o que estava escrito.
Digitado em computador, não me deu a honra de ver sua letra, de observar seus traços.
Uma poesia, uma canção sobre a história de amor quase impossível entre um girassol e um dente de leão. Não sei quanto ao resto, mas meus olhos sorriram.
Quanta delicadeza! As minhas flores favoritas, o endereço da minha casa, um poema! Meu admirador sabe mesmo me provocar a melhor das sensações.
Ainda deitada no sofá, com o rosto perdido entre as minhas flores, fiquei sonhando com o meu admirador tão secreto e tão revelado...
Ah, admiração com flor é um prato cheio para o meu encanto.
Com carinho e delicadeza, botei meus raios de felicidade petalados na água e diante do sol, bem em frente a minha cama, para iluminarem meus dias.
O resto do dia e até agora, estou flutuando em uma nuvem de dúvidas sustentada por uma certeza, em um paradoxo amarelo e perfumado.
De uma coisa, meu admiraflor secreto e declarado pode ter certeza, me conquistou por completo, pelo menos ao tempo, de meu girassol ainda brilhar.